Por Cristina Padiglione | Saiba mais
Cristina Padiglione, ou Padi, é paga para ver TV desde 1990, da Folha da Tarde ao Estadão, passando por Jornal da Tarde e Folha de S.Paulo

‘2º Sol’ bate recorde semanal, mas fica abaixo das antecessoras no saldo total

Karola (Deborah Secco) na cena em que é desmasacarada em público, em show de Beto Falcão / Reprodução

Na última semana de setembro, “Segundo Sol” atingiu sua melhor média semanal de audiência no Painel Nacional de TV (PNT), que soma as 15 regiões metropolitanas de maior consumo do país. Foram 35 pontos no saldo de segunda a sábado (cada ponto equivale a 248.647 mil domicílios em todo o país) e 54% de participação da Globo no universo de aparelhos ligados.

Houve recorde também em Goiânia (26 pontos, com 43% de participação entre os ligados) e Fortaleza (32 pontos, com 53% do share). Outras praças repetiram o recorde – são os casos da Grande São Paulo (35 pontos), Belo Horizonte (31), Porto Alegre (36), Curitiba (33), Brasília (37), Manaus (32), Recife (35) e Salvador (32).

O patamar é bastante satisfatório, mas convém notar que o autor João Emanuel Carneiro recorreu a alguns recursos mais fáceis, digamos, para ganhar a adesão da plateia, sem contudo repetir o êxito quantitativo de seus antecessores. A essa altura, com 123 capítulos (edição atingida na última terça-feira, 2/10), a trama de Beto Falcão (Emílio Dantas) registra 32,7 pontos de média e 46,5% de share, fatia de televisores sintonizados na Globo dentro do universo de aparelhos ligados no horário. Com 123 capítulos, “O Outro Lado do Paraíso” já somava 37,1 pontos e 52,2% de share.

Esses dados são da Grande São Paulo, maior região de consumidores do país, igualmente líder em número de televisores, onde cada ponto porcentual corresponde atualmente a 71.855 domicílios.

“O Outro Lado do Paraíso” 172 capítulos e média total de 38 pontos de audiência. Sua antecessora, “A Força do Querer”, de Glória Perez, terminou também com 172 capítulos e 36 pontos de audiência na média total (do primeiro ao último episódio).

“Segundo Sol” terminará no dia 9 de novembro, com 155 capítulos.

Das tramas de João Emanuel para o horário, “Segundo Sol” é certamente a mais fraca. Embora o argumento seja ótimo, a produção foi se desenhando de modo bem menos elaborado que o desenvolvimento de “A Favorita”, “Avenida Brasil” e “A Regra do Jogo”, um enredo de altíssimo nível que enfrentou a força de Moisés na Record (metade do folhetim ainda concorreu com “Os Dez Mandamentos”) e a passividade de um público que já demonstrou apreço por receber ideias mastigadas, sem ter de pensar quem é bom ou quem é mau. A dualidade de caráter das pessoas, grande sacada de “A Regra do Jogo”, até ameaçou aparecer na história atual, quando Rosa (Letícia Colín) se rendeu ao lado mau da força, mas seus conflitos praticamente se neutralizaram de um dia para o outro, bem distante do mal que acometeu Romero Rômulo (Alexandre Nero) no script anterior de João Emanuel, até o último capítulo.

É preciso ainda citar a mexicanização que dominou a trama atual, com a já anunciada “ressurreição” de Remy (Vladimir Brichta), submetido a um longo velório com o rosto exposto, sem que ninguém suspeitasse de sua respiração no caixão. Haja fantasia – e esta não é, em tese, uma novela fantasiosa ou na linha do realismo mágico.

Mesmo abaixo de “O Outro Lado do Paraíso”, folhetim que se notabilizou pelo discurso reto, raso e desprovido de  elementos capazes de instigar a reflexão do público, “Segundo Sol” ficará bem acima de “A Regra do Jogo”, que se encerrou com 167 capítulos e 28 pontos de audiência na média final. Mas, como já dissemos, o contexto, à época, era bem outro, em razão da força aberta pela Record por meio do Mar Vermelho.

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Cristina Padiglione

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