Para Carrasco, comparação de sua novela com ‘Vale Tudo’ vem de ‘gente desinformada’
Foi na festa de lançamento de “A Dona do Pedaço”, próxima novela das nove da Globo, que Walcyr Carrasco falou pela primeira vez sobre as comparações entre a sua nova história e “Vale Tudo” (1988/89), de Gilberto Braga, Aguinaldo Silva e Leonor Bassères.
Cercado por um grupo de jornalistas e questionado por uma repórter sobre a “correlação” entre as duas tramas, Carrasco prontamente respondeu: “Quem faz essa correlação é alguém muito mal informado, porque a relação difícil e conflituosa entre mãe e filha é um clássico da dramaturgia, não só de uma novela, mas de vários livros, de filmes e tudo, então, eu acho que é alguém que não tem muita informação, porque nem viu a novela e já começa a inventar.”
Alguém insiste: “Mas eles (Ágatha Moreira e Reynaldo Gianecchini) não são um casal de golpistas?”
Carrasco responde: “Não, não, assista a novela e você vai saber. Você vai ver que não é exatamente isso. O personagem do Gianecchini tem várias interpretações, várias camadas , ele não um vilão clássico”, encerra Carrasco.
A menção ao casal remete a um paralelo entre Fátima Acioli (Glória Pires) e César (Carlos Alberto Ricelli) em “Vale Tudo”. Lá, sim, os dois eram um casal de golpistas capazes de roubar a própria mãe dela.
Repare que aí já nem estamos mais na esfera do conflito entre mãe e filha.
Puxo esse tema aqui poque eu mesma defendi que há semelhanças entre “Vale Tudo” e a trama que vem aí. Incluam-me, portanto, no time de “gente mal informada” ou que “está inventando”.
De fato, sem ter visto a novela, fica difícil cravar o paralelo entre uma coisa e outra. De todo modo, a questão também não se limita ao conflito entre mãe e filha.
Na descrição da sinopse, Juliana Paes é uma mulher que veio do nada e venceu na vida vendendo bolo, primeiro nas ruas, depois numa portinha que se multiplicou em várias portinhas e em uma grande franquia.
A filha dela, vivida por Ágatha, tem vergonha da mãe, de origem humilde, e se associa a um sujeito de índole duvidosa (Gianecchini).
Corta
Em “Vale Tudo”, Raquel Acioli (Regina Duarte) é roubada pela filha, perde tudo e se reconstroi do nada, vendendo comida para populares (em vez de bolo, Raquel vende sanduíche, não exatamente nas ruas, mas na praia). De sanduíche em sanduíche, Raquel abre um grande buffet e enrica.
A filha de Raquel, Maria de Fátima (Glória Pires) tem vergonha da mãe, alguém visivelmente simples e de origem pobre.
O resto é bobagem, coisa de gente desinformada.
Com ou sem referência à peste da Maria de Fátima, a novela tem todos os elementos para agarrar o público. E tem um discurso de mulher empoderada, mas não necessariamente modernosa ou ousada. Maria da Paz, a heroína de Juliana Paes, é muito ciosa de seus valores éticos e morais, até para não espantar a audiência conservadora para os outros canais.