Por Cristina Padiglione | Saiba mais
Cristina Padiglione, ou Padi, é paga para ver TV desde 1990, da Folha da Tarde ao Estadão, passando por Jornal da Tarde e Folha de S.Paulo

Para Carrasco, comparação de sua novela com ‘Vale Tudo’ vem de ‘gente desinformada’

Amora Mautner e Walcyr Carrasco - Estevam Avellar/Divulgação

Foi na festa de lançamento de “A Dona do Pedaço”, próxima novela das nove da Globo, que Walcyr Carrasco falou pela primeira vez sobre as comparações entre a sua nova história e “Vale Tudo” (1988/89), de Gilberto Braga, Aguinaldo Silva e Leonor Bassères.

Cercado por um grupo de jornalistas e questionado por uma repórter sobre a “correlação” entre as duas tramas, Carrasco prontamente respondeu: “Quem faz essa correlação é alguém muito mal informado, porque a relação difícil e conflituosa entre mãe e filha é um clássico da dramaturgia, não só de uma novela, mas de vários livros, de filmes e tudo, então, eu acho que é alguém que não tem muita informação, porque nem viu a novela e já começa a inventar.”

Alguém insiste: “Mas eles (Ágatha Moreira e Reynaldo Gianecchini) não são um casal de golpistas?”

Carrasco responde: “Não, não, assista a novela e você vai saber. Você vai ver que não é exatamente isso. O personagem do Gianecchini tem várias interpretações, várias camadas , ele não um vilão clássico”, encerra Carrasco.

A menção ao casal remete a um paralelo entre Fátima Acioli (Glória Pires) e César (Carlos Alberto Ricelli) em “Vale Tudo”. Lá, sim, os dois eram um casal de golpistas capazes de roubar a própria mãe dela.

Repare que aí já nem estamos mais na esfera do conflito entre mãe e filha.

Puxo esse tema aqui poque eu mesma defendi que há semelhanças entre “Vale Tudo” e a trama que vem aí. Incluam-me, portanto, no time de “gente mal informada” ou que “está inventando”.

De fato, sem ter visto a novela, fica difícil cravar o paralelo entre uma coisa e outra. De todo modo, a questão também não se limita ao conflito entre mãe e filha.

Na descrição da sinopse, Juliana Paes é uma mulher que veio do nada e venceu na vida vendendo bolo, primeiro nas ruas, depois numa portinha que se multiplicou em várias portinhas e em uma grande franquia.

A filha dela, vivida por Ágatha, tem vergonha da mãe, de origem humilde, e se associa a um sujeito de índole duvidosa (Gianecchini).

Corta

Em “Vale Tudo”, Raquel Acioli (Regina Duarte) é roubada pela filha, perde tudo e se reconstroi do nada, vendendo comida para populares (em vez de bolo, Raquel vende sanduíche, não exatamente nas ruas, mas na praia). De sanduíche em sanduíche, Raquel abre um grande buffet e enrica.

A filha de Raquel, Maria de Fátima (Glória Pires) tem vergonha da mãe, alguém visivelmente simples e de origem pobre.

O resto é bobagem, coisa de gente desinformada.

Com ou sem referência à peste da Maria de Fátima, a novela tem todos os elementos para agarrar o público. E tem um discurso de mulher empoderada, mas não necessariamente modernosa ou ousada. Maria da Paz, a heroína de Juliana Paes, é muito ciosa de seus valores éticos e morais, até para não espantar a audiência conservadora para os outros canais.

 

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Cristina Padiglione

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