Por Cristina Padiglione | Saiba mais
Cristina Padiglione, ou Padi, é paga para ver TV desde 1990, da Folha da Tarde ao Estadão, passando por Jornal da Tarde e Folha de S.Paulo

A incrível entrevista de Drica Moraes a Bial e outras cenas que valem a pena ser vistas

Foto: Reprodução

Neste domingo de sossego para uns, mas não para todos, há boas cenas esperando para serem apreciadas do seu sofá ou de outros aconchegos.

Antes de mais nada, seria bom dizer ao mundo que quem não viu a conversa de Drica Moraes com Pedro Bial na terça-feira (20) deve dar um jeito de assistir a esta edição do Conversa com Bial, disponível no Globoplay. Só neste sábado (24) tive chance de conferir à comovente entrevista da atriz.

Que relato impressionante ela nos faz sobre a saga iniciada com a descoberta de uma leucemia, pouco depois de ter tido seu nome aprovado para a adoção de uma criança, e do encontro com o doador da medula que salvou sua vida, anos mais tarde, agora tornado mais um irmão de sangue.

Didática, sem perder a emoção sobre o que conta, a atriz sublinha, em meio aos detalhes de sua linda história, informações preciosas para incentivar a doação de medula e o para orientar o receptor a confiar nas chances de um final feliz, por menores que pareçam as probabilidades de cura.

“Perguntei pro meu médico qual era a minha chance de vida. ‘Sem transplante, você vai morrer’, ele disse. “E com transplante?”, perguntou. “Com transplante você tem 20% de chance de viver”, respondeu ele. “Ele falou: Se você resistir ao tipo de quimioterapia que você vai tomar, você vai sobreviver, mas a chance de você não resistir é de 80%, é uma quimioterapia muito violenta.'”

“Ai eu falei assim: ‘Não vou fazer o transplante. Porque 20% é muito pouco, muito pouco.’ Fiz uma conta de padaria. Ele falou: ‘Se você não fizer, eu vou pro Rio, te boto dentro de um aviao e te trago à força pra você fazer porque é a única chance que você tem’. Então, eu entendi naquele momento que os 20% de chance que eu tinha de sucesso era 100. Era como se eu fizesse uma regra de 3, e aí eu entendi que 20 virava 100”, ela conta.

“Eu tento trazer essa regra de 3 pra hoje. Quando eu penso que o futuro pode ser muito terrível e que as coisas podem dar muito errado, eu ainda penso naqueles 20% que eu tinha há 10 anos, e eu tento fazer da miséria que eu penso que pode ser o futuro, uma maravilha, eu tento fazer o esplendor, eu tento fazer o melhor, porque eu sei que é possível.”

Em dado momento, experiente que é nesse negócio de televisão e da emoção ali implícita, Bial se permite lacrimejar, e olhos claros, como se sabe, não escondem o mais discreto sinal de lágrima, a despeito dos esforços dele em disfarçar.

Drica Moraes sabe seduzir o espectador ao contar uma história, no sentido de mantê-lo atento ao seu relato, mas a postura do apresentador, que tem noção cirúrgica sobre o momento para inserir uma pergunta ou um comentário, pesa sobremaneira no entusiasmo da entrevistada em desfilar o enredo de sua vida, digno de filme.

Por favor, apenas vejam.

***

Outra Conversa do Bial que vi com atraso, neste sábado (24) só confirma o que a gente sempre soube sobre Tony Ramos, mas nunca se cansa de conhecer melhor. No programa de sexta (23), o ator relembrou com emoção seus principais trabalhos e contou como entrou em contato com a televisão, primeiro como espectador, na casa do vizinho (o famoso “televizinho”), e depois já em cena na TV Tupi, onde chegou com as próprias pernas, de ônibus, ao se munir de audácia para participar de uma espécie de concurso.

Há lembranças sobre “Nino, o Italianinho”, sobre os gêmeos de “Baila Comigo”, sobre como Walter Avancini fez dele o “seu” Riobaldo, abrindo-lhe um divisor de águas na sua carreira, e sobre a clássica cena de nu em “O Astro”, quando Marcio Ayala recusa o dinheiro do pai, Salomão Hayala do saudoso Dionízio Azevedo.

Delícia ouvir Tony Ramos, sempre. A prosa vem numa fala tranquila, as histórias são interessantes, e a capacidade de relatar um episódio provocando reflexões que vão muiito além do fato narrado é um talento.

De novo, disponível no GloboPlay, como parte das entrevistas que Bial tem feito sobre os 70 anos da TV.

***

Mudando de canal, uma boa dica de maratona (se bem que esta já está mais manjada entre a turma que consome streaming) é “Bom Dia, Verônica”, a ótima série da Netflix que entrou no ar no início de outubro, produção nacional da Zola, com direção de José Henrique Fonseca, baseada no livro de Ilana Casoy e Raphael Montes.

Tainá Muller, Camila Morgado e Du Moscovis são viscerais ao máximo em um thriller de suspense que levanta reflexões de grande utilidade sobre feminicídio e abuso, capturando o espectador pela emoção. É entretenimento com utilidade pública, argumento bom e realização idem. Há quem não aguente as cenas fortes do psicopata Brandão (Moscovis), mas a violência, como me falaram Ilana Casoy e Izabel Jaguaribe, uma das diretoras da série, não está ali à toa, muito pelo contrário.

Oito episódios de 45 minutos cada, hein? Faça como a jornalista Andreia Sadi: não deixe para ver depois que a noite chegar. Além de ser mais assustador, a tentação por maratonar pode lhe roubar a noite de sono.

***

De novo alternando a tecla do controle remoto, agora com opção de assistir no streaming ou na TV em tempo real, tem a estreia da aguardada “The Undoing”, nova produção original da HBO com Nicole Kidman e Hugh Grant, em um enredo que contrasta a família perfeita com bastidores que convidam o público a testemunhar a adrenalina do adultério. Isso é só o trailler. Como diria o Silvio Santos, “eu não vi, mas…”  tenho lido matérias capazes de provocar muita curiosidade.

O canal vende a nova produção com inevitável associação entre o título e a premiada “Big Little Lies”, estrelada e produzida por Kidman, assim como a obra da vez, cujo enredo é bastante alinhado ao anterior.

Para quem quer saber mais, como eu, segue aqui o ótimo texto do Leonardo Sanchez publicado na Folha, pela Ilustrada, deste sábado (24).

É pela estreia de “The Undoing” que a maioria das operadoras de TV paga abre neste domingo o sinal da HBO, canal premium presente em pacotes mais caros, a todos os assinantes de suas bases. O perigo (para o assinante básico) ou vantagem (para Claro NET, Sky, Vivo, Oi e afins) é gostar tanto do primeiro episódio a ponto de não resistir em fazer um up grade na assinatura.

Estreia neste domingo (25), às 22h, na HBO e na HBO Go

 

Curta nossa página no Facebook e siga-nos no Twitter

Cristina Padiglione

Cristina Padiglione