Por Cristina Padiglione | Saiba mais
Cristina Padiglione, ou Padi, é paga para ver TV desde 1990, da Folha da Tarde ao Estadão, passando por Jornal da Tarde e Folha de S.Paulo

Além de Calabresa, Melhem processa três humoristas, um influenciador e revista

Marcius Melhem e Dani Calabresa / Fotos: Divulgação

A ação movida por Marcius Melhem contra Dani Calabresa por danos morais, protocolada na quinta-feira (14), foi só a primeira de um pacote de seis ações que o ex-diretor do departamento de humor da Globo está movendo a partir das denúncias de assédio sexual levantadas contra ele na imprensa, em especial após a publicação da reportagem da revista Piauí, alvo de um dos processos.

Os demais são os humoristas Rafinha Bastos, Danilo Gentili, Marcos Veras e o influenciador Felipe Castanhari, por publicações que Melhem considerou ofensivas.

Embora Calabresa não tenha se manifestado nominalmente sobre o caso, ela postou uma mensagem sobre assédio em seu perfil no Instagram logo após a publicação da reportagem da Piauí, Edição 171, com o seguinte texto: “Nunca quis ser vista como uma mulher assediada… mas pra recuperar minha saúde precisei me defender. Nunca procurei a Imprensa. Tomei as medidas cabíveis pra conseguir ajuda. Tudo é muito difícil, DÁ MEDO, vergonha, mas temos que lutar por respeito e justiça. Não passarão. Assédio é crime!”

Dani agradeceu ainda publicamente à advogada Mayra Cotta, que representa um grupo de mulheres que dizem ter sido vítimas de assédio moral e sexual por parte de Melhem. Em 17 de dezembro, as advogadas que representam o grupo entraram com pedido de investigação a Melhem no Ministério Público, prometendo um processo criminal contra o ator pelo fato de ele ter divulgado áudios de uma conversa com Calabresa em entrevista a Roberto Cabrini, na Record, e um pedido de indenização por danos morais à atriz.

Procurada, Cotta prefere não se manifestar no momento.

Antes da ação protocolada nesta quinta (14), a atriz recebeu uma notificação extrajudicial para negar ou confirmar os relatos feitos pela Piauí, já que a reportagem não tem aspas suas. Segundo o texto de João Batista Jr., foram ouvidas 43 pessoas, mas a maioria pediu anonimato sobre as narrativas.

De acordo com a defesa de Melhem, representada pelos advogados José Luís (Juca) Oliveira Lima e Marcello de Camargo Teixeira Panella, Dani não respondeu ao pedido de negar ou confirmar os relatos, o que levou à ação agora movida por ele.

No último dia 6, o jornal O Dia, na coluna de Fábia Oliveira, contou que Gentili já conhecia a situação de Calabresa, de quem é muito amigo. Ao humorista e apresentador do SBT, é atribuída a seguinte frase: “Um dia, nós fomos jantar e ela contou tudo, contou todos os detalhes que ela revelou na revista Piauí. Ela falava muito também nas nossas conversas por telefone que não aguentava mais porque sofria perseguição, retaliação e muita pressão na Globo. Dani disse que estava sugada e se sentia péssima lá na emissora”, contou Gentili.

A defesa de Melhem então enviou um agradecimento à coluna do Dia por ela ter revelado que Calabresa foi fonte da matéria: “Em dezembro passado a defesa de Marcius Melhem notificou Dani Calabresa para que ela confirmasse ou negasse o teor da reportagem mentirosa da revista Piauí.  Como não houve resposta, agradecemos a Danilo Gentili por revelar que foi a própria Dani que falou com a revista, desmentindo o que ela escreveu no dia seguinte à publicação da matéria sobre nunca ter procurado a imprensa”.

O ator e roteirista pede indenização de R$ 200 mil a Calabresa, prometendo destinar o valor à AACD (Associação de Apoio à Criança Deficiente) e ao custeio de gastos com tratamento psiquiátrico (R$ 46 mil) por causa do “grave sofrimento moral e psíquico”, segundo publicou a revista Veja, que teve acesso à ação.

Melhem pede ainda retratação pública à atriz. Junto ao processo foram anexados mais áudios e mensagens trocadas entre ele e Calabresa, todas periciadas, com o objetivo de provar que havia intimidade entre os dois para menções e abordagens de cunho sexual, como ele disse em entrevistas ao UOL, à Folha de S. Paulo e à Record.

Para o ator, as denúncias de Calabresa, feitas inicialmente ao departamento de Compliance da Globo, foram uma vingança ao fato de ele, então diretor do núcleo de humor da emissora, não ter realizado um projeto de sua vontade, uma espécie de reedição do “Furo MTV”.

À Piauí, Melhem pedirá também R$ 200 mil de indenização, prometendo destinar o valor a instituições de caridade e filantropia.

Na ocasião da matéria, a Piauí procurou ouvir Melhem, que respondeu à revista com a seguinte nota: “Quando recebi as perguntas da revista Piauí, percebi que a sentença já estava dada. Então, nada que eu diga sobre fatos distorcidos ou cenas que jamais ocorreram vai mudar esse perfil construído de abusador, quase psicopata. Qualquer pessoa que tenha convivido comigo sabe que eu jamais cometeria algum ato de violência e que nunca forcei ninguém a nada. Mas parece que o único objetivo está sendo bem-sucedido: a minha condenação na opinião pública.”

Na nota, o ator e roteirista voltou a dizer que cometeu erros e está disposto a repará-los. Após a publicação, Melhem elaborou uma lista de 43 itens, em referência às 43 pessoas ouvidas pelo repórter, para desmentir a matéria, item por item, que foram elencadas por seus advogados e, embora não esteja anexada ao processo, expressa parte das alegações ali traduzidas em termos jurídicos.

Procurado, Danilo Gentili respondeu: “Não me estranha nada que o Marcius Melhem tente colocar humoristas no pau. Segundo dizem não seria a primeira vez que ele tenta fazer isso.”

A Piaí informou que não vai se manifestar.

O Telepadi ainda aguarda respostas de alguns dos envolvidos nas ações e procura outros para que eles se pronunciem, o que será feito à medida que cada um puder retornar.

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