Por Cristina Padiglione | Saiba mais
Cristina Padiglione, ou Padi, é paga para ver TV desde 1990, da Folha da Tarde ao Estadão, passando por Jornal da Tarde e Folha de S.Paulo

Alusão a Cinderela, série ‘A Secretária do Presidente’ estreia no Multishow

Sabe aquele negócio da mocinha do interior que sonha em ser estrela de cinema, ganhar fama na cidade grande ou se refestelar num “bom” casamento? A série “A Secretária do Presidente”, que estreia hoje, às 23h15, no Multishow, traça uma divertida alusão ao sonho de Cinderela, moça pobres que há de se dar bem, levando sua protagonista a cobiçar o cargo de secretária do chefe máximo da nação.

Brasília é seu castelo encantado. Protagonizada por Monique Alfradique, com produção da Mixer, a série baixa o tom de comédia histriônica que domina a programação do riso no Multishow, para fazer a plateia rir da situação ali exposta e dos diálogos proferidos em cena. O roteiro é assinado por Emilio Boechat, com direção de Julia Jordão.

E, embora o canal não anuncie como tal, a estreia neste 15 de novembro, feriado que celebra a proclamação da República, pode ser tratada como algo proposital. Se não é, vem bem a calhar.

Ilde, a moça que dá título à série de 15 episódios, é filha de uma costureira (Leona Cavalli) em uma pacata cidade do interior. Sonha com Brasília. Recorta e clipa fotos do Planalto Central e cobiça, como já foi dito, um lugar na ante-sala do chefe maior da nação. Mas, certa de que a meritocracia é uma questão de foco, e não necessariamente de escolaridade, conhecimento e repertório intelectual, ela releva o fato de não falar língua estrangeira ou de não ter concluído o Ensino Médio. “Eu pego rápido”, defende-se, ao pedir emprego.

É inevitável olhar para Ilde como um retrato do nível raso que assola o Brasil em todas as áreas. Tudo aqui pode ser adaptado, ajeitado, ajambrado e aceito. E, embora Brasília logo vá lhe acolher em um dos nichos mais cultuados da capital federal, a prostituição de luxo, Ilde não é disso. Sem pudor, costuma até agradar seus interlocutores, mesmo o mais desconhecido deles, com afagos sexuais, para aliviar a tensão. Não vai aqui exatamente um spoiler – o público logo saberá como ela lida com a questão. Não aceita, no entanto, trocar sexo por dinheiro, isso não. Mas, sob a promessa de que pode vir a se aproximar do gabinete do presidente e pleitear a tão sonhada vaga, acabará por se sujeitar a encomendas que vão lhe causar problemas muito maiores.

“Ela se acha muito esperta, mas Brasília é uma cidade de gente muito mais esperta. Ela começa achando que está tudo bem, mas já vai caindo na armadilha”, conta Boechat. Ele começou a traçar a série há quatro anos, em parte no embalo do caso Rosemary, ex-secretária de Lula. De lá para cá, não faltaram inspirações para construir o script. E se o sucesso de uma série depende de seu potencial para multiplicar situações em mais de uma temporada, a fonte de referências na política nacional se mostra inesgotável.

Com gravações em Brasília, por dois dias, e em São Paulo, por mais cinco semanas, o elenco tem nos créditos os nomes de Cris Nicolotti, Patricya Travassos, Bento Ribeiro, Fabio Herford, Gabriel Louchard, Marcelo Laham e Roney Facchini.

O nome de Monique foi sugestão do Multishow, e quem a viu na divertida parceria com Bruno Mazzeo em “A Regra do Jogo”, um tom acima nos trejeitos de expansiva carioca zonal sul, pode até demorar a assimilar que se trata da mesma atriz. “Isso era uma preocupação muito grande, nossa, de baixar o tom de todo mundo”, conta Júlia, a diretora. “Todo mundo vinha com um registro de comédia mais histriônico, ainda mais no Multishow, então esse enxugamento foi um trabalho com todos eles. A Cristina dizia que não tinha ideia do que estava fazendo. A gente ensaiou, conversou antes, eu fiquei muito em cima deles”, conta.

As cores também foram diluídas. A referência vem da bandeira do Brasil, mas sem a vivacidade do verde e amarelo. “É um verde mais musgo, um amarelo mostarda, uma coisa meio suja. Eu propus isso ao canal e eles toparam. As comédias, em geral, são muito coloridas.”

Como tem acontecido com os humorísticos no Multishow, o programa vai ao ar de segunda a sexta, às 23h15, em versão diária, quase como uma grade de programação de TV aberta. Vai funcionando bem. E assim valerá para “A Secretária do Presidente”, título com bom potencial para outras temporadas.

 

A diretora Júlia Jordão e Monique Alfradique, na série 'A Secretária do Presidente' / Crédito: Tomás Faquini/Divulgação

A diretora Júlia Jordão e Monique Alfradique, na série ‘A Secretária do Presidente’ / Crédito: Tomás Faquini/Divulgação

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