Por Cristina Padiglione | Saiba mais
Cristina Padiglione, ou Padi, é paga para ver TV desde 1990, da Folha da Tarde ao Estadão, passando por Jornal da Tarde e Folha de S.Paulo

Indústria que movimenta R$ 25 bilhões por ano, audiovisual lança manifesto em Gramado

Miguel Falabella ao lado de Dira Paes, Danielle Winits e Carol Castro em Gramado

Diante das ameaças do presidente Jair Bolsonaro de acabar com a Ancine (Agência Nacional de Cinema) e de censurar temáticas de produções de acordo com sua visão de mundo, a indústria do audiovisual se uniu em um documento lido por Miguel Falabella na noite desta quinta (22) durante o 47º Festival de Cinema de Gramado.

Na véspera (21), Bolsonaro deu mais uma estocada no setor, ao derrubar edital de séries que contemplaria projetos relacionados à temática LGBT.

Falabella leu o manifesto, chamado como “Carta de Gramado”, quando lhe foi dado o microfone para que apresentasse seu novo filme, “Veneza”, com Dira Paes e Eduardo Moscovis no elenco.
O documento é assinado por 63 entidades do audiovisual brasileiro em defesa do setor.

Confira a íntegra do texto:

“Profissionais e entidades representativas do Audiovisual Brasileiro vêm se manifestar em apoio à manutenção e ao fortalecimento das políticas públicas para o desenvolvimento do setor. Apoiamos a permanência e independência da Ancine, agência responsável pelas políticas públicas de fomento e regulamentação, cada vez mais ativa, livre e desburocratizada, com foco no desenvolvimento de uma cinematografia forte, capaz de representar o Brasil em toda a sua diversidade.

Apoiamos o Fundo Setorial do Audiovisual, a sua vinculação à Ancine e a nomeação do Comitê Gestor. Seus recursos são gerados pelo próprio setor de forma autossustentável. Apoiamos a Lei da TV Paga (12.485), pelo seu papel decisivo no crescimento do setor e por facilitar o acesso da população ao conteúdo nacional independente.

Reivindicamos a renovação da Cota de Tela cujo decreto para o ano de 2019 ainda não foi assinado pelo governo. Reivindicamos a renovação do Recine e da Lei do Audiovisual, antes da sua expiração em dezembro deste ano.

Apoiamos a regulação do VoD, que precisa estabelecer as bases deste novo mercado e integrar este segmento às políticas de estímulo à produção nacional. Contestamos a Portaria 1.576, de 20 de agosto, que suspende os termos do Edital de Chamamento das TVs Públicas publicada ontem (21 de agosto). Repudiamos qualquer ataque a qualquer tipo de censura que atenta à liberdade de expressão e fere os preceitos constitucionais garantidos pelo Art. 5º da Constituição.

O audiovisual brasileiro vive o seu melhor momento, com reconhecimento dentro e fora do país. A nossa cadeia produtiva é dinâmica e movimenta mais de 25 bilhões de reais por ano, representando o,46% do PIB brasileiro, tem uma taxa de crescimento de 8,8% ao ano e é responsável por mais de 330 mil empregos. Garantir o audiovisual fortalecido e livre é fundamental para a soberania nacional.

Gramado, 22 de agosto de 2019.”.

Abaixo, um filme para lembrar a importância social, cultural e econômica do setor.

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Cristina Padiglione

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