Por Cristina Padiglione | Saiba mais
Cristina Padiglione, ou Padi, é paga para ver TV desde 1990, da Folha da Tarde ao Estadão, passando por Jornal da Tarde e Folha de S.Paulo

Ameaça à novela de Aguinaldo Silva não se sustenta

O autor Aguinaldo Silva em seu apartamento no Rio, entre seus dois Emmy International

Quem estaria disposto a revindicar autoria sobre “O Sétimo Guardião”, próxima novela de Aguinaldo Silva, com estreia prevista para 18 de maio de 2018? Ninguém sabe informar. Apontados como responsáveis por uma suposta instabilidade jurídica que ameaça a realização do folhetim, ex-alunos do autor que participaram de um curso em que a história foi usada como mote do aprendizado se reuniram para saber quem estaria reivindicando maior participação financeira na autoria da trama. O fato é que até aqui, ninguém apresentou qualquer discordância oficial sobre a reconhecida titularidade do mestre, Aguinaldo Silva, como criador da obra.

Essa é a incoerência de uma série de boatos que se alastra desde o início do mês, dando conta de que a Globo poderia suspender o folhetim, caso haja qualquer fragilidade sobre a autoria da novela, algo capaz de comprometer sua realização na Justiça. Não seria nada seguro investir em um produto ameaçado na esfera jurídica. Mas quem seria o autor da suposta ação? Com base em quê? São elementos até aqui desconhecidos, que só servem para gerar instabilidade na seara artística, sem sustentação judicial.

Segundo esses boatos, ex-alunos do autor em sua Master Class, oficina ministrada por ele para ensinar a arte do roteiro a aspirantes ao ofício de escrever para TV e cinema, estariam reivindicando título de coautoria da novela e participação financeira à altura.

Ex-alunos ouvidos pelo TelePadi, e alguns também se manifestaram pelas redes sociais, asseguram que o autor já tinha o argumento de sua história pronto quando deu início às aulas. A partir do curso, modificações em personagens foram tomando forma, o que ocorre em um processo normal, com ou sem colaboradores, no decorrer de uma novela e, em especial, de uma novela em fase de concepção. Tanto assim que outras transformações, do fim do curso para cá, já foram operadas pelo autor.

Na semana passada, antes de partir para uma temporada em Portugal, onde tem negócios e casa, Aguinaldo se reuniu com o diretor-geral da Globo, Carlos Henrique Schroder, para ajustar esses e outros detalhes da responsabilidade que lhe cabe. A Globo, por meio de sua assessoria de Comunicação, assegura que essa é uma questão que cabe só a ele, contratado pela casa para contar suas histórias.

No grupo apontado como pomo da discórdia, existe a percepção de que tudo não passa de um boato parido fora da equipe, por adversários de Aguinaldo que não toleram o nível de sinceridade de suas críticas. Desafetos não lhe faltam.

Na última semana, ao resgatar no Facebook uma foto de 2016 em que uma nuvem negra se apresenta  no horizonte, às suas costas, Aguinaldo escreveu que as tempestades estão sempre no seu encalço, “mas eu sou mais rápido”, completou.

Um dos ex-alunos, Rafael Peixoto chegou a publicar manifestação favorável ao autor em sua página no Facebook. Eis o que ele diz:

“Sobre a polêmica envolvendo os direitos da próxima novela do Aguinaldo Silva que deu o que falar na mídia especializada, falo como quem foi seu aluno e conhece bem o processo:

1. O Aguinaldo chegou com a trama da novela pronta e também as personagens. Isso lhe dá, irrevogavelmente, a autoria da trama.

2. Ele ditava na aula a escaleta integral dos capítulos que escrevíamos. Qualquer idiota com dois neurônios sabe que quem faz a escaleta é o dono da história, esta é inclusive a regra clara da Writer’s Guild of America, a associação de roteiristas mais respeitada do mundo.

3. Eventualmente alunos colaboravam na criação de alguma personagem secundária ou aprofundava perfis das personagens que o Aguinaldo já trouxe, mas a essência das personagens e a sua função dramática ja estavam dadas.

4. Nós escrevíamos as cenas e tivemos a chance de saber como funciona realmente uma sala de roteiros de novela. Isso vale a inscrição e é raríssimo ter este grau de generosidade de um autor em todo o mundo.

5. O valor da Master pode parecer alto, mas a estrutura fornecida é incrível e cara, faço evento há vinte anos e sei disso. O lucro da operação é medíocre frente ao que Aguinaldo ganha usualmente. A Master não é uma atitude para se ganhar dinheiro, mas sim um gesto de generosidade incrível de um homem que já provou seu valor em quarenta anos de carreira e quer deixar um legado na forma de autores novos.

6. O contrato que assinamos na cessão de direitos é claríssimo. Eu transitei o meu pelo meu advogado. Alegar, posteriormente, desconhecimento do que assinou, é tacanho.

7. Não ter coragem de brigar por seus alegados direitos na justiça mas usar a imprensa marrom pra dar dor de cabeça é coisa de gente medíocre que não conseguiu seu lugar ao sol – provavelmente pela falta de talento, personalidade difícil ou uma mistura dos dois.

8. Espero que isso não desanime o Aguinaldo Silva a continuar oferecendo a nós, roteiristas, de forma absolutamente generosa, os seus vastos conhecimentos.

Mediocridade e covardia me enchem de nojo. Força a toda a equipe, Francisco Patrício, Virgílio Silva, Luiz Nicolau e Julio Kadetti. Que esta sandice acabe logo e que O Sétimo Guardião possa estrear em paz”.

  • Victor Darmo, outro integrante da Master Class, publicou, também em sua página no Facebook, texto que endossa a concordância das turma de alunos sobre a autoria de Aguinaldo:

“Em relação à polêmica que começou a se proliferar, primeiramente em sites de notícias na internet de credibilidade duvidosa e que, esta semana, ganharam maior destaque na imprensa, sobre uma possível desavença entre os alunos da Master Class e o novelista Aguinaldo Silva.
Tenho recebido diversos contatos pelo whats, emails, telefonemas, de pessoas curiosas, que tomam por verdade o que lêem e ouvem por ai. E haja vista de minha parte esclarecer os fatos. 
Primeiramente, os alunos da Master Class do Aguinaldo Silva possuem um grupo no whats app, no qual praticamente todos os dias conversamos, sobre a vida pessoal e profissional e relembramos os momentos prazerosos de experiência singular que foi a participação do curso. JAMAIS em momento algum, qualquer um de nós esboçou um fio de dissonância, quanto ao desejo que a novela fosse ao ar. Muito pelo contrário, o que se vê entre os alunos é gratidão.
É óbvio entre nós que a experiência de exercitar o processo criacional de uma novela é algo completamente distinto de sua amarração no formato de sinopse e, principalmente, escritura da novela. Indo o Sétimo Guardião ao ar, é de Aguinaldo a autoria. Acreditamos que, em suas mãos, a novela tem tudo para ser mais uma grande produção de disparar a audiência e trazer ao nosso país novamente aquele orgulho que sempre tivemos de nossa teledramaturgia.
Os alunos, prudentes em não dar à imprensa fofoqueira mais lenha para a fogueira de inverdades, se mantiveram horrorizados, todos, com as notas publicadas, esperando que o caso se encerrasse. Mas visto que não foi o que aconteceu, afirmo que estou na torcida pela vinda da novela e, com a graça de Deus, não haverá energia negativa capaz de impedir o brilho de uma novela envolta em tanto amor de todos os alunos da Master e escrita por um mito da teledramaturgia brasileira.”

 

  • Nina Guaraná, outra ex-aluna das Master Class ministradas por Aguinaldo, engrossa o coro a seu favor, assim como Márcio Azevedo, que também descreve a como incontestável a autoria de “O Sétimo Guardião” como obra do mestre.

“Hoje eu acordei triste. Acordei envergonhado. Uma vergonha causada por um colega de classe covarde, baixo, mesquinho, infeliz com a própria vida.
Hoje eu acordei com uma matéria num site falando sobre uma pessoa que foi e será sempre meu mestre, meu mentor. E nessa afirmação não tem bajulação ou interesses, quem me conhece bem, sabe o quão grato eu costumo ser a quem me faz algum bem, ou me aponta caminhos.
Se hoje eu posso me orgulhar em encher a boca e dizer que eu sou um escritor, um roteirista, um dramaturgo, eu devo a duas pessoas, Aguinaldo Silva e Laís Pimentel.
Eu tive a honra e o privilégio de fazer parte da master 4, ministrado por Aguinaldo. Foram 15 dias de um aprendizado que dinheiro nenhum neste mundo pagaria.
Desde a nossa primeira aula, Aguinaldo diz a que veio, tudo é muito as claras com ele. Não existem joguetes, maldade, ou segundas intenções.
O cara não é quem é a toa. Ele já chega com a ideia pronta e muito bem dividida com a experiência que lhe cabe.
“Do cap 01 ao 80, eu quero isso. Do 81 ao último eu quero assim.” Personagem x faz isso, personagem y faz aquilo.
Nós, seus alunos, participamos dando sugestões, onde sempre a palavra final é do mestre.
Ao menos em nossa turma, posso assegurar que NADA foi prometido. Sabíamos que eram exercícios, que eram aulas.
Aguinaldo sempre deixou muito esclarecido os caminhos que aquela sinopse feita por ele, com sugestões nossas, poderia tomar.
Acho injusto tudo que estão escrevendo sobre uma pessoa tão generosa, que nos recebeu com tanto amor. Aguinaldo não é nem de longe, o personagem dos seu blog. Existe nele, uma pessoa incrível, linda, que até nos questionamentos mais esdrúxulos (e nisso incluo também os meus) era de uma paciência, de uma boa vontade.
Nunca vi em 15 dias, nosso mestre nos negar nada, nenhuma informação. Não houve protecionismo. Não houve dois pesos ou duas medidas para grupo ou aluno nenhum.
Quem foi a imprensa falar mal do Aguinaldo e assim tentar prejudicar um trabalho foda como é o Sétimo guardião deve ser uma pessoa pobre de espírito, que não tem amor e nunca terá. Ingratidão é o pior sentimento, que só perde pra sentir pena, e é justamente o que eu sinto, pena de quem fez isso.
Quanto ao mestre Aguinaldo e ao Sétimo guardião, tenho a certeza que estarão cada vez mais fortes e com um ibope nas alturas, afinal, ele tem muiiiiito TALENTO.
Sem o menor pudor, ou preocupação com o que possam pensar, eu digo:
Aguinaldo, muito obrigado por tudo que aprendi com você. Te amo muito!”

 

 

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Cristina Padiglione

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