Por Cristina Padiglione | Saiba mais
Cristina Padiglione, ou Padi, é paga para ver TV desde 1990, da Folha da Tarde ao Estadão, passando por Jornal da Tarde e Folha de S.Paulo

Ancorado por Leifert, ‘Central da Copa’ é melhor que a Copa

Tiago Leifert abriu o “Central da Copa” deste sábado, segundo dia de Copa do Mundo na Rússia, agradecendo a Islândia e, com sorriso no rosto, bradou: “A Argentina se fffferrou! Nós estamos arrasados! Caio Ribeiro, mostra como a torcida da Islândia faz. (…) Islândia, nós te amamos, a Copa do Mundo é sensacional!”

Cantou versão de “Bella, Ciao” para noticiar que o árbitro da partida entre França X Austrália “teve que olhar pela TV” para definir seus passos, e brincou à vontade, como se nem estivesse na TV. Mas, foi preciso nas informações, como se estivesse, sim, em TV de grande alcance.  Tudo na dose perfeita.

Do mundial passado para cá, a Central da Copa ganhou um estúdio maior, com plateia mais ampla e até um minicampo no meio do estúdio, para que seu staff e convidados simulem uma peladinha de bola entre uma conversa e outra.

Ao comentar sobre os méritos da Islândia e a atuação do time em outras profissões – o que inclui um goleiro cineasta, que defendeu um pênalty de Lionel Messi, como a internet repercutiu o dia todo – Leifert tornou o embate entre Islândia e Argentina bem mais divertido, trazendo para a conversa pública um tom de bastidor que as redes sociais normalmente sabem explorar melhor que a TV.

Houve um tempo em que a a busca pelo tom bem humorado de um noticiário esportivo se resumia a lugares comuns e muito tropeço em piadas sem graça e trocadilhos infelizes (os chamados “trocadalhos do carilho”), e de fato essa ainda é a receita predominante do gênero. Mas não é que o Central da Copa escapa de tudo isso, com êxito? A certeza de que é possível avançar esse sinal, sem perder a razão, trouxe outro tom, bem mais à vontade, ao programa.

A receita inclui detalhes de bastidor sobre os acontecimentos mais controversos, um primoroso trabalho de edição (coisa de quem não economiza em direitos autorais e saca quantas canções forem preciso para sonorizar cada lance), um texto bem alinhavado, com boas sacadas e humor.

É uma rara união de infra-estrutura com boas ideias e boa realização. Parece uma mistura fácil, mas, em geral, a sobra de infra-estrutura acaba por inibir a criação. A presença de celebridades do entretenimento da Globo tampouco acrescenta alguma coisa. Ali, Cauã Reymond, Fiuk e Fernanda Freitas são meros coadjuvantes. Diante do desempenho de Leifert, Caio Ribeiro e cia., nem seria preciso levar gente “famosa” para enfeitar o bolo.

O Central é um ótimo exemplo do quanto é possível aproveitar a infra da TV, ocupando-se da experiência do Tiwtter, que repercute a TV em tempo real.

Em outro momento, Leifert disse que queria promover um “encontro, tipo Programa do Gugu”!, ao apresentar Caio a um fã que, quando criança, fora pego no colo pelo jogador.

O programa tem agilidade e segura a plateia, mesmo na virada da madrugada. E, como já disse aqui, toda a infra-estrutura está à disposição do título, mas é Leifert e sua postura que fazem o borogodó acontecer.

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Cristina Padiglione

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