Por Cristina Padiglione | Saiba mais
Cristina Padiglione, ou Padi, é paga para ver TV desde 1990, da Folha da Tarde ao Estadão, passando por Jornal da Tarde e Folha de S.Paulo

Bom programa, ‘Divorce’ amadurece teorias de ‘Sex and the City’

 

Carry Bradshow procurava o homem ideal em “Sex And The City”. Vivia enroscada em um romance com Mr. Big, que não a levava a lugar algum, chegou a namorar outros bonitões, mas sempre encontrava defeitos que a afastavam da antiga ideia de que a felicidade da mulher está diretamente ligada ao fato de ela arrumar um bom casamento. Vá lá, o final da série da HBO, que foi de 1998 a 2004 e rendeu 2 filmes, desmentiu um pouco esse aparente desprendimento de Carry. No fundo, no fundo, ela queria mesmo um príncipe encantado.

As novas gerações, amém, cada vez mais seguem à risca uma outra tese, aquela que dita que é melhor estar só do que mal acompanhado.Esse é um ponto quase em comum com ‘Divorce’, nova série de Sarah Jessica Parker (além de protagonista, ela é uma das produtoras do título, que estreia oficialmente neste domingo à meia-noite, pela mesma HBO que a consagrou na TV – o primeiro episódio foi antecipado para assinantes pela HBO GO, plataforma de vídeo sob demanda do canal).

Definida como “comédia dramática”, “Divorce” efetivamente consegue nos fazer rir da tragédia que pode ser um divórcio. Para tanto, os diálogos fazem jus ao primor dos textos estampados nas melhores séries americanas. Frances poderia ser só uma Carry Bradshaw que amadureceu, mas é mais que isso: dispensa as crises de consciência da outra e está livre dos instáveis humores da juventude que agora a permitem gargalhar ou ignorar o que quer que seja, sem mimimi. Tem ainda um casal de filhos, o que sempre pode emperrar o desejo de buscar a felicidade em outros braços. Ah, dirão muitos, inclusive a própria Frances, a uma amiga: “vai ser melhor pra eles (crianças)”. Não é assim como dizem. A amiga já trata de avisar que eles vão odiá-la ainda mais.

O tempo de Carry Bradshaw também passou. “Girls” (2012, pós 11/9), outra série da HBO protagonizada por um quarteto feminino em uma outra Nova York, endossa que aquela ostentação das sandálias Manolo Blahnik e do guarda-roupa de matadora sexy de Samantha Jones (Kim Cattrall) faz de “Sex and the City” um enredo datado, embora sempre divertido.

Ainda que seja arriscado julgar uma série por seu primeiríssimo episódio, “Divorce”, no contexto de comparação com “Sex And The City” e até com “Girls”, é bem mais atemporal e universal. Está fincada em comportamentos clássicos, que independem de uma época ou de um local, com foco no desgaste do casamento. E, até onde pude ver, é programa que vale a pena, seja qual for a sua idade ou estado civil.

 

DIVORCE: 10 episódios de 30 minutos cada

QUANDO: domingos, meia-noite, na HBO,a partir de 09/10

 

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Cristina Padiglione

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