Por Cristina Padiglione | Saiba mais
Cristina Padiglione, ou Padi, é paga para ver TV desde 1990, da Folha da Tarde ao Estadão, passando por Jornal da Tarde e Folha de S.Paulo

Breno Silveira responde às acusações da irmã de Dom em carta: ‘Família rompida’

Flávio Tolezani e Breno Silveira no set da série "Dom" / Divulgação

Enquanto grava a 2ª temporada de “Dom”, série que foi alvo de várias contestações por parte de uma das irmãs do protagonista, Érika Grandinetti, nesta terça (13), o diretor Breno Silveira escreveu uma carta à equipe. Segundo ele, Érika fez “declarações imprecisas e complicadas” sobre “Dom”, o que para ele é compreensível.

Silveira atribui a reação ao racha da própria família, um aspecto que de alguma forma é abordado no enredo da série, com a diferença de que o Dom da ficção tem apenas uma irmã. Segundo ele, uma das irmãs (Érika) e a mãe do personagem eram contra a realização da série, enquanto o pai, Victor Lomba, e outra filha, quiseram contar a história do sujeito bonito da zona sul carioca, dependente de cocaína, que se tornou um grande assaltante de residências de luxo no Rio.

Em carta publicada nas redes sociais e repercutida pela imprensa, Érika atribui à mãe os atos heróicos representados pelo pai na ficção. Disse que era a mãe quem subia o morro atrás do filho e a mãe quem o internava nas clínicas de reabilitação. E que a mãe era contrária à produção, em razão de não querer reabrir uma grande ferida. Para ela, o pai, o ex-policial Victor Lomba, quis ganhar dinheiro com a tragédia de Pedro Dom, seu irmão.

Breno Silveira desmente Érika sobre a questão financeira, contando que o acordo com Lomba e a outra filha preveem que os frutos da produção são destinados ao filho que Dom deixou ainda bebê, e não iriam para o pai, morto em 2018 em consequência de um câncer. Admite, no entanto, que sua história é contatada a partir do ponto de vista de quem o procurou para relatar tudo, ressaltando que boa parte do script é baseada em um livro (“Dom”, escrito por Tony Bellotto) que, de acordo com ele, nunca foi contestado.

Confira a íntegra da carta de Breno Silveira:

 

“Fiquei muito surpreso e triste hoje.

Uma das filhas do Victor deu declarações imprecisas e complicadas sobre a série DOM, e eu entendo.

Quando tive contato com essa história pela primeira vez, foi o próprio Victor que a trouxe até mim. Um pai e uma filha querendo contar sua própria história. Do outro lado, uma mãe e uma outra filha não querendo falar sobre essa mesma história.

Infelizmente, uma família rompida.

Sempre achei que pai e filha tinham o direito de querer levar essa história adiante, e assim foi feito. Os acordos foram devidamente realizados e eles tiveram grande parcela de contribuição nessa narrativa, acompanhando a construção desse roteiro.

Toda a história é contada a partir de um ponto de vista, o ponto de vista que chegou a mim.

Pai e filha são sócios do livro que foi base de tudo e da série. Um livro que nunca foi contestado antes por nenhum dos dois lados partes dessa família. Parte dos frutos dessa obra foram destinados ao futuro do filho que o Pedro deixou ainda bebê, como acordado com Victor e sua filha mais nova.

A nossa série fala sobre um problema social e familiar que acontece mais do que imaginamos.

Sabemos da importância de dar visibilidade a temas sensíveis em filmes e séries, pois ampliam questões, geram discussões relevantes e, às vezes, podem até gerar mudanças sociais.

Personagens são capazes de transformar nossas percepções e, quem sabe, transformar vidas.

 

Só pra dividir com vcs o que está passando aqui dentro.

Breno Silveira

Rio de Janeiro 13 de julho de 2021.”

 

Ao buscar mais informações sobre o processo criativo de “Dom”, encontrei um vídeo no YouTube em que Tony Bellotto e Breno Silveira conversam sobre a construção do enredo ficcional criado primeiro por Belotto, a partir das narrativas de Lomba, apresentado ao músico e escritor pelo cineasta.

Na conversa, realizada logo que a série foi lançada, Silveira explica por que a mãe fica em segundo plano na série. Segundo ele, o pai de Pedro Dom quis evitar a super exposição das filhas e da ex-mulher. Copio abaixo o vídeo para quem quiser conhecer o caminho trilhado até a edição que conhecemos pela Amazon Prime Video.

E após a publicação deste post, recebi de Luísa Guanabara essa sugestão de outra conversa entre ela e  Fábio Mendes, um dos roteiristas de “Dom”, em que ele fala sobre o processo de trabalho e sobre a série, com algumas pistas (não chegam a ser spoilers) sobre a 2ª temporada, que já está em gravação.

 

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Cristina Padiglione

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