Por Cristina Padiglione | Saiba mais
Cristina Padiglione, ou Padi, é paga para ver TV desde 1990, da Folha da Tarde ao Estadão, passando por Jornal da Tarde e Folha de S.Paulo

Carmo Dalla Vecchia aproveita Dança dos Famosos para sair do armário, com orgulho

Ao lado da bailarina Bruna, sua parceira na Super Dança dos Famosos, Carmo Dalla Vecchia manda um beijo para o filho, Pedro, e para o marido, João, antes de se apresentar / Reprodução

Talvez inspirado por Tiago Abravanel, que há uma semana se apresentou na Super Dança dos Famosos enaltecendo o orgulho de ser gay, o ator Carmo Dalla Vecchia resolveu se posicionar sexualmente na apresentação deste domingo, no mesmo quadro.

Antes de dançar, o ator, atualmente no ar na reprise de “Império”, falou pela primeira vez de sua orientação sexual e mandou um beijo para o marido, o autor João Emanuel Carneiro, que assina novelas como “Avenida Brasil”, “Da Cor do Pecado”, “A Favorita” e “Segundo Sol”, além do roteiro do filme “Central do Brasil”.

Carmo e João Emanuel estão juntos há anos, mas nenhum dos dois nunca falou a respeito a união.

“We are Family” embalou a apresentação e inspirou também o discurso de Carmo: “É uma música que fala basicamente sobre sororidade, sobre empatia, sobre família e eu, pessoalmente, agora, gostaria de fazer uma homenagem à minha família e declarar o meu amor ao meu filho, Pedro, e ao meu marido, João. Eu acho muito importante esse posicionamento pra que outras pessoas também possam se sentir iguais”, disse ele.

“Eu sou um cara extremamente feliz. Se o meu exemplo pode ajudar outras pessoas pra ter essa representatividade, eu fico muito feliz. Nós temos um recorde no Brasil que é muito triste. Somos o país que mais mata trans no mundo, mulheres travestis e transexuais. Isso fala da nossa educação e da falta dela.”

Em recente entrevista a Tony Goes, colunista da Folha de S.Paulo, o ex-diretor do núcleo de teledramaturgia da Globo, Silvio de Abreu, que muito já contribuiu para reduzir o preconceito contra a diversidade sexual em suas novelas e séries, voltou a dizer que considera arriscado o fato de um galã se assumir gay. Para ele, a questão é menos prejudicial a “atores” que não se vendam como “galãs”.

Abreu fundamenta sua análise em outros tempos, quando as mulheres tampouco se posicionavam sexualmente e as pessoas se davam ao direito de uma inocência que confundia personagem com ator. Mas se o público não há de acreditar que Mateus Solano seja malvado como Félix, por que deveria deixar de crer na sua capacidade de viver personagens de orientações sexuais diversas?

Mas de alguns anos para cá, elas têm trabalhado tranquilamente essa questão, sem sofrer qualquer dano às políticas de escalação de elenco. Por que os atores deveriam temer qualquer restrição? Resposta simples: mulher com mulher é fetiche aos olhos masculinos, e vem daí mais uma leitura machista em relação à distinção que se faz entre pares homossexuais masculinos e femininos, ou mesmo entre os bissexuais, no hall dos astros e estrelas da TV e do cinema.

A atitude de Dalla Vecchia é um ato público que contribui sobremaneira com a redução da violência cometida contra gays, lésbicas e trans, um crime que coloca o Brasil no vexaminoso topo dos países onde mais se matam homossexuais no mundo.

 

Curta nossa página no Facebook e siga-nos no Twitter

Cristina Padiglione

Cristina Padiglione