Por Cristina Padiglione | Saiba mais
Cristina Padiglione, ou Padi, é paga para ver TV desde 1990, da Folha da Tarde ao Estadão, passando por Jornal da Tarde e Folha de S.Paulo

Cássia revela passado à filha, mas ‘Onde Nascem os Fortes’ guarda outras cartas para o fim

Patrícia Pillar e Alice Wegmann são mãe e filha em 'Onde Nascem os Fortes'. Foto de Estevam Avellar/Divulgação

É no capítulo desta terça-feira de “Onde Nascem os Fortes” que Cássia (Patrícia Pillar) contará à filha, Maria (Alice Wegmann), por que nunca mais voltou a Sertão, cidade onde se passa a série das onze da Globo, assinada por George Moura e Sérgio Goldenberg, sob direção artística de José Luiz Villamarim.

A essa altura, no capítulo 44 dos 53 previstos para o encerramento da história, sabemos que ela deixou o local para se instalar em Recife (PE), não tão longe dali, já com os gêmeos Maria e Nonato no colo. Aos dois, sempre foi dito que eles haviam nascido no Recife, mentira a ser derrubada no episódio do dia.

A revelação queima novo cartucho do enredo, que não deixará todos os segredos para serem resolvidos no último capítulo, avisa George Moura. “Nas outras semanas, muitas coisas vão acontecer”, promete o autor, em longa entrevista concedida em São Paulo ao TelePadi, que reproduzo aqui, em outro post.

“É claro que no penúltimo e no último capítulo vai ter o desfecho, eu diria que é a explicação do que aconteceu na noite do desaparecimento do Nonato. O que aconteceu? Porque tem uma zona de sombra que a gente construiu dessa forma desde o capítulo 1, entre a última vez em que ele foi visto por Pedro Gouveia (Alexandre Nero) e a constatação do desaparecimento dele. Essa lacuna foi montada e estudada, mantida e será revelada. E é uma construção que é necessária de se fazer porque foi projetada no capítulo 1, mas à medida que escrevemos, voltamos a ela para manter o fôlego, e acho que o fôlego está mantido. A chama está acesa e o cabo de aço está tinindo.”

Até lá, o episódio de terça traz à tona mais um mistério sobre a trajetória dessas figuras que tiveram suas vidas profundamente afetadas em razão da passagem de Maria e Nonato por ali. O que a princípio seria uma breve viagem para fazer despretensiosas trilhas de bike acaba por se transformar em uma mudança de endereço, com revisão de um passado distante e de todas as feridas implicadas por esse contexto.

“É um capítulo importante, vamos entender o porquê da relação de Cássia com aquele lugar, Sertão, e o que aconteceu para que ela nunca mais pudesse voltar”, antecipa Moura.

Embora tenham encerrado as gravações há mais de um mês, ele e Villamarim se estenderam até tarde na ilha de edição, ainda na última quinta, cuidando dos detalhes de corte e sonorização do referido capítulo. “Tem uma sequência, quase 10 minutos, em que rolam essas revelações todas, e é desse tipo de capítulo que não dá para olhar de costas”, diz ele, até como referência a uma observação minha: se boa parte da programação de TV, incluindo a maioria das novelas, ainda pode ser compreendida só de se ouvir o áudio da transmissão, isso não vale para “Onde Nascem os Fortes”.

Não é possível checar e-mails ou passar roupa enquanto a série está na tela. Certamente, alguma informação importante terá se perdido em ações não descritas em diálogos. “Há muita rubrica no texto”, reconhece Moura, que cita, como exemplo, uma sequência em que Cássia flagrará um momento crucial de Ramiro (Fábio Assunção): enquanto ele conversa com seus pássaros, todos batizados por nomes de pessoas que o juiz matou ou mandou matar, ela se aproxima por trás dele, sem que ele a veja. A reação dela, horrorizada, virá estampada no rosto e no seu silêncio. Estamos livres, pelo menos aqui, de “legendar” ou narrar a cena.

Ainda na semana passada, uma sequência pôs Ramirinho (Jesuíta Barbosa) a se esfregar em Tião das Cacimbas (José Dumont), com poucas palavras.

Essa “economia” de palavras, como define Moura, tendo ali a essência do que interessa para a história, faz de “Onde Nascem os Fortes” uma aposta muito ousada da Globo, mas não um biscoito fino a ponto de se pretender fora do alcance da audiência de massa. Otimista, Moura acredita na chance de ampliar o repertório do público e se orgulha de fazer isso na TV aberta, sem subestimar a plateia.

Confira aqui nossa conversa completa.

‘Quem tem ritmo é escola de samba’: George Moura, autor de ‘Onde Nascem Fortes’

Curta nossa página no Facebook e siga-nos no Twitter

Cristina Padiglione

Cristina Padiglione