Por Cristina Padiglione | Saiba mais
Cristina Padiglione, ou Padi, é paga para ver TV desde 1990, da Folha da Tarde ao Estadão, passando por Jornal da Tarde e Folha de S.Paulo

Cigano Igor aparece mais que Regina Duarte em campanha de novelas no Globoplay

Roubei o título acima do Twitter do meu colega Nilson Xavier, uma enciclopédia em novelas, após avaliar milimetricamente a belíssima edição que o GloboPlay preparou para anunciar a chegada de grandes clássicos desta paixão nacional, com um lançamento a cada duas semanas, a partir de “A Favorita”, nesta segunda-feira (25).

É verdade. Irrelevante para a história da novela no Brasil, Ricaro Machi, que ficou conhecido como Cigano Igor, seu personagem em “Explode Coração”, modelo cujo nome se tornou a maior equivalência de interpretação insossa da nossa TV, aparece duas vezes em dois minutos de edição, enquanto a ex-namoradinha do Brasil surge na tela em um total de zero vezes.

Dela, temos uma mão, que só entendedores entenderão se tratar do pulso de Regina Duarte, na cena em que Sinhozinho Malta põe Lima Duarte em close, adulando sua Viúva Porcina como um cãozinho obediente. Temos ainda uma nesga da orelha de Regina, de novo, só para iniciados no ramo, quando Glória Menezes puxa um brinco de Maria do Carmo para incriminar a sucateira por seu suicídio, antes que Laurinha Figueroa pule do alto do icônico edifício da Caixa Econômica na avenida Paulista em “Rainha da Sucata”.

Há ainda uma cena em que ela surge de costas, no anúncio sobre “Vale Tudo”, mas essa, só mesmo os atentos olhos do Nilson souberam reconhecer que era ela.

Ao som de um Roberto Carlos original cantando “Eu Voltei”, outro clássico, o filme resgata imagens breves de algumas das novelas que já estão liberadas para serem disponibilizadas no serviço de streaming da casa. É uma edição que nos fisga a alma pela memória afetiva que aquelas cenas, personagens e a própria canção nos atiçam.

É por isso que talvez tenha sido melhor não dar de cara com Regina Duarte em meio a cenas e figuras que nos provocam saudades de emoções tão viscerais, dores de alegrias que nos fizeram esquecer da vida real e embarcar, por instantes que fosse, nessa fábrica de ilusões abastecida por dramas e comédias em capítulos. Ver nossa recém-desempossada secretária de Cultura nesse contexto, nem que ela viesse pintada de Porcina, Raquel Acioly ou Maria do Carmo, certamente nos remeteria ao inferno dos dias atuais da vida real e colocaria em risco a campanha do GloboPlay e o nosso prazer em compartilhar o filme.

Convém notar ainda que a edição tampouco inclui José Mayer, dispensado da Globo no ano passado, após anos de serviços prestados e tantas novelas feitas, que se tornou impossível passar uma só temporada sem vê-lo em alguma reprise, seja na Globo ou no canal Viva. Uma imagem de alguém de costas no anúncio de “Laços de Família” parece ser dele, mas é uma cena sem rosto, como a de Regina em “Vale Tudo”.

Mayer deixou a emissora após ser acusado pela figurinista Su Tonani de assédio sexual, tendo se desculpado pelo fato, reconhecido por ele.

Questionei o GloboPlay, via assessoria de imprensa, se as ausências de Regina e Mayer obedecem a algum propósito, e aguardo resposta, a ser publicada aqui, caso a receba.

 

O PACOTÃO QUE VEM AÍ

O investimento na disponibilização de novas novelas no GloboPlay contabiliza cerca de 50 novos títulos em processo de resgate, sendo 21 já liberados para publicação. Após “A Favorita”, que entra no ar na segunda-feira (25), a fila segue com “Tieta” (1989), “Explode Coração” (1995), “Estrela-Guia” (2001), “Vale Tudo” (1988) e “Laços de Família” (2000).

Também estão em processo de resgate, ainda sem data definida para publicação, títulos como “Dancin’ Days” (1978), “Pai Herói” (1979), “Baila Comigo” (1981), “Guerra dos Sexos” (1983), “Vereda Tropical” (1984), “A Gata Comeu” (1985), “Roque Santeiro” (1985), “Selva de Pedra” (1986), “Sinhá Moça” (1986), “Brega e Chique” (1987), “Sassaricando” (1987), “Bebê a Bordo” (1988), “Fera Radical” (1988), “Que Rei Sou Eu?” (1989), “Top Model” (1989), “Rainha da Sucata” (1990),  “Barriga de Aluguel” (1990),  “Meu Bem, Meu Mal” (1990), “O Dono do Mundo” (1991), “Felicidade” (1991), “Vamp” (1991), “Pedra Sobre Pedra” (1992), “Fera Ferida” (1993), “Renascer” (1993), “Quatro Por Quatro” (1994), “Tropicaliente” (1994), “A Viagem” (1994), “A Próxima Vítima” (1995), “História de Amor” (1995), “O Fim do Mundo” (1996), “A Indomada’ (1997), “Torre de Babel” (1998), “Força De Um Desejo” (1999), “Terra Nostra” (1999), “Porto dos Milagres” (2001), “O Clone” (2001), “Chocolate Com Pimenta” (2003), “Mulheres Apaixonadas” (2003) e “Cabocla” (2004).

Esses títulos se somam a outros 91 já disponíveis no Globoplay, como “O Rei do Gado” (1996), “Por Amor” (1997), “O Cravo E A Rosa” (2000), “Senhora do Destino” (2004), “Caminho das Índias” (2009) e “Avenida Brasil” (2012).

Todos os primeiros capítulos de novelas passarão a ser abertos para não assinantes, uma isca quase irresistível para fisgar novos pagantes para o serviço.

 

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