Por Cristina Padiglione | Saiba mais
Cristina Padiglione, ou Padi, é paga para ver TV desde 1990, da Folha da Tarde ao Estadão, passando por Jornal da Tarde e Folha de S.Paulo

Com Emmy Internacional, ‘Órfãos da Terra’ fatura seu 3º prêmio no exterior

Marco Ricca e Julia Dalavia em cena de fuga da Síria na novela 'Órfãos da Terra' / Divulgação

O 48º Emmy Internacional, anunciado nesta segunda-feira (23) para as áreas de entretenimento, premiou “Órfãos da Terra” como novela, o que só reforçou a minha sensação de que a Globo deveria ter aproveitado a pandemia para dar à história de Thelma Guedes e Duca Rachid um horário nobre na televisão. Não que a faixa das 18h, que abrigou a produção originalmente, seja desprezível, ainda mais com os índices da emissora, mas a necessidade de reprisar algo seria uma boa oportunidade para levar a trama a um público maior, em vez de reprisar um folhetim tão recente como “A Força do Querer”, de Glória Perez.

Contemplada com o mais importante prêmio da TV mundial, “Órfãos da Terra” já acumula seu terceiro troféu no exterior, tendo sido já agraciada com o  Grand Prize no Seoul Drama Awards, em Seul, e com o Rose D’Or Awards na categoria Serial Drama.

Com argumento baseado na migração global de povos refugiados, a partir do drama da Síria, “Órfãos da Terra” alcança uma causa identitária planetária, tento sido já licenciada para mais de 50 países, entre eles México, Uruguai e Bolívia.

Responsável pela direção artística da obra, Gustavo Fernandez agradeceu ao prêmio em cerimônia virtual transmitida ao vivo pelo site da Academia das Artes e Ciências Televisivas. Pena. A cerimônia presencial, em Nova York, normalmente é precedida por jantares, entrega de medalhas e outras oportunidades de encontros entre profissionais de países diversos.

O anúncio da vitória de ‘Órfãos da Terra’ foi feito por Paul Blackthorne. A obra concorria com “Chen Xi Yuan”, da China, “Na Corda Bamba”, de Portugal, e “Pequeña Victoria”, da Argentina.

A dupla Duca Rachid e Thelma Guedes agora tem duas estatuetas do Emmy Internacional de novelas. O primeiro foi com “Joia Rara”, de 2013/14, sob direção artística de Amora Mautner. “Obrigado à Globo por ter tido coragem de produzir esse projeto, e um obrigado especial a toda equipe pela fantástica dedicação”, disse Fernandez. “Tenho certeza de que todos estão muito felizes de ver nossa mensagem sobre os refugiados e sobre o amor chegar a tantas pessoas pelo mundo”.

As autoras também celebram. “É muito gratificante saber que uma história que saiu de sua cabeça, de seu imaginário, de sua arte, chegou a tanta gente em tantos lugares diferentes. Vencer o Emmy Internacional, considerado o Oscar da TV mundial, é uma honra e uma responsabilidade enorme”, comemorou Thelma Guedes.  “É muito bom ter o seu trabalho reconhecido. É o momento de celebrar, depois da estiva de fazer uma novela. E dessa vez tem um gosto ainda mais especial, que é saber que nossa história de acolhimento e empatia tem sensibilizado pessoas em todo o mundo”, complementou Duca Rachid.

A novela tinha como ponto de partida o romance de Jamil (Renato Góes) e Laila (Julia Dalávia), que chegam ao Brasil com o desejo de reconstruírem suas vidas. Ela, uma refugiada síria. Ele, empregado de um poderoso sheik libanês (Herson Capri), que tomou Laila à força como uma de suas esposas.

O elenco contava ainda com Marco Ricca, Paulo Betti, Eliane Giardini, Kaisar Dadour, Alice Wegmann, Ana Cecília Costa, Carmo Dalla Vecchia, Marcelo Médici, Mouhamed Harchouf, Luana Martau, Verônica Debom, Bruno Caberizo Leona Cavalli, Guilherme Fontes e Rodrigo Simas, Osmar Prado e Nicette Bruno, entre outros. “Órfãos da Terra” foi a última novela de Flávio Migliaccio, premiado pela APCA (Associação Paulista dos Críticos de Artes) pelo papel. O ator morreu em maio deste ano.

A Globo não levou nas categorias Melhor Atriz, onde Andréa Beltrão concorria como atriz, e drama, em que disputava o prêmio com a série “Elis – Viver é melhor que Sonhar”. A série “Ninguém Tá Olhando“, produção da Gullane para a Netflix, ampliou a presença brasileira entre os premiados ao Emmy Internacional do ano, sendo vencedora como melhor comédia do ano.

Considerado o evento número 1 do mercado televisivo, o Emmy Internacional reconhece a excelência de produções feitas exclusivamente para TV fora dos Estados Unidos, além de conteúdo de língua não inglesa produzido para a TV americana. A Globo tem 17 troféus do Emmy, incluindo jornalismo, séries, novelas, atores e contemplações institucionais. O primeiro foi o de “Personalidade Mundial da Televisão”, recebido por Roberto Marinho, em 1976, prêmio que receberia novamente em 1983. Seu filho, Roberto Irineu Marinho recebeu a estatueta em 2014, na mesma categoria.

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Cristina Padiglione

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