Por Cristina Padiglione | Saiba mais
Cristina Padiglione, ou Padi, é paga para ver TV desde 1990, da Folha da Tarde ao Estadão, passando por Jornal da Tarde e Folha de S.Paulo

Com filmes e séries no currículo, diretor do Porta dos Fundos é requisitado pela publicidade

Cofundador do Porta dos Fundos, o diretor do grupo, Ian SBF, está fazendo o caminho contrário ao da maioria dos cineastas e diretores de TV que acumulam louros, prêmios e boas críticas por suas obras artísticas.

Em vez de fazer da publicidade um trampolim para produzir conteúdo, como aconteceu com os profissionais das principais produtoras brasileiras, Ian se rende à publicidade agora, com cenas e faturamento de sobra para pagar suas contas. É claro que dinheiro a mais é bom e ninguém recusa, mas esse não é o caso do sujeito que vai trabalhar com comerciais só para sanar os boletos que não param de chegar debaixo da porta.

Com dois filmes no currículo, uma penca de curtas-metragens feitos para o canal do grupo na internet, e pelo menos duas séries nas quais assina criação e direção, Ian iniciou, este ano, uma carreira como diretor de filmes publicitários para a O2 Filmes, produtora de Fernando Meirelles, sempre referendada como uma das maiores do país.

Quando conversamos, ele já tinha feito três comerciais, mas só um, já em veiculação, poderia ser mencionado: aquele em que Lucas Jagger, filho de Luciana Gimenez, tranquiliza o protagonista da série “Sex Education”, da Netflix, sobre o que é passar constrangimento com a mãe.

Ian acredita que o humor, item presente em praticamente tudo o que fez até hoje como diretor, foi o que motivou a O2 a convidá-lo para dirigir comerciais pela produtora, mas não só. Pesou também a seu favor a disposição em dirigir atores.

“Acho que o que eu mais trago, óbvio, é humor, é isso que eu faço há 10 anos, por causa do Porta, mas também sou visto e acho que tenho um trabalho legal com ator”, disse ele em conversa com o TelePadi. “Mais do que humor, trabalhar bem na direção de ator é uma coisa legal.”

A necessidade de agradar a um público diferente, com mensagens diferentes, a cada trabalho, pareceu-lhe um bom desafio. Até então, Ian só havia dirigido um comercial, com Clarice Falcão, para a Natura. “Fiz mesmo o caminho inverso (do entretenimento para a publicidade), olha que engraçado. Eu tô fazendo publicidade porque eu acho desafiador, é um jeito de eu crescer como diretor.”

É preciso lembrar também que a trajetória de diretores como Fernando Meirelles, ou, pela Conspiração, de Andrucha Waddington, Cláudio Torres e Breno Silveira se desenhou em um outro contexto, na era pré-internet e antes de todas as leis de incentivo que construíram um novo mercado de audiovisual no Brasil. No tempo em que esses caras começaram a erguer suas produtoras, o único caminho viável para engordar o caixa era a produção de filmes publicitários, o que os levou a primeiro fazer propagandas, para depois darem seguimento a conteúdos de entretenimento.

Já Ian ergueu seu nome fazendo um conteúdo relevante para a internet, graças a uma audiência que transformou o Porta dos Fundos em um dos maiores portais do mundo. A inversão de caminhos, nesse caso, é um indício bem forte do quanto as coisas mudaram no cenário do audiovisual.

Abaixo, o comercial com Lucas Jagger.

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Cristina Padiglione

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