Por Cristina Padiglione | Saiba mais
Cristina Padiglione, ou Padi, é paga para ver TV desde 1990, da Folha da Tarde ao Estadão, passando por Jornal da Tarde e Folha de S.Paulo

Ô, Cride, fala pra mãe: consumo de TV só cresce; Record e TV paga se dão bem

Nas comparações entre os primeiros dias de fevereiro de 2017 e os primeiros dias de fevereiro de 2016, os números do Painel Nacional de TV só confirmam a tendência de crescimento no consumo de televisão, uma curva ascendente que vem se desenhando pelo menos desde 2008, como mostra o quadro abaixo, do Kantar IBOPE Media. E nem tudo é feito de TV sob demanda, não. A TV linear, aquela que já era apontada como hábito em desuso, mostra ter acompanhado essa evolução de números.

Neste mês, até o dia 13, a média no número de televisores ligados ao longo das 24 horas diárias já subiu dois pontos porcentuais (de 34 para 36%) nas 15 regiões metropolitanas mensuradas pelo Kantar IBOPE Media, o chamado Painal Nacional de Televisão (PNT). Só na faixa noturna, entre 18h e 0h, o salto foi de 56% para 60% de televisores ligados. Nessa faixa nobre, só a Globo não cresceu (tem 23,9 pontos em 2017, até 13/2, ante 24.6 pontos em 2016, até a mesma data e no mesmo PNT). Ainda em termos porcentuais, a Record foi a que mais cresceu entre 18h e 0h, a faixa dos intervalos comerciais mais caros da TV, indo de 7,3 a 9,3 pontos. O SBT foi de 7,3 a 7,9 pontos no horário. A Band saltou de 2,3 para 2,7 e a RedeTV!, de  0,7 ponto para 0,8.

A TV paga confirma uma contradição que bem se explica: embora o número de assinantes tenha caído, a audiência só aumenta. É um indício de hábito: o público, muito acostumado a ver a programação da Globo, demorou a zapear para canais mais distantes e parece que tem encontrado menus que o agradam na TV por assinatura. Agora, a fatia da TV paga no consumo do bolo total de TV já chega a 25,5% (mais de 1/4 das TVs ligadas) nas 24 horas do dia. Isso corresponde a 9,6 pontos no horário. Selecionando só a faixa noturna, a TV paga tem o equivalente a 14,5 pontos (tinha 12,6 em fevereiro de 2016, também até o dia 13, no PNT).

A Globo não cresceu neste fevereiro, em relação a fevereiro de 2016, à noite e na madrugada, mas cresceu em todas as outras faixas do dia -embora tenha perdido algumas migalhas de share, sua fatia no total de ligados. Entre 7h e 0h, a Globo tem, até o dia 13, 36,3% do bolo, ante 37,2% do mesmo período em 2016. Apenas a Record (que subiu de 13,8% para 16%) e os canais pagos (19,4% paa 20,3%) ampliaram sua participação no bolo, nesse mesmo horário; a Band empata. Mesmo com tais oscilações, a Globo permanece em primeiro lugar, como canal mais visto do País, seguida pela Record, na TV aberta, que só perde a vice-liderança para todos os canais pagos somados.

Num contexto em que tanto se fala sobre várias telas, da TV linear ao Netflix, passando pelos conteúdos de TV oferecidos via streaming (internet), a tela do televisor reina absoluta no consumo do público, com consumo que cresce a cada ano, como indicam os números do Kantar Ibope, que calcularam em 6 horas e 17 minutos o consumo médio diário do público em 2016. Se todo mundo passa 1/4 do dia vendo TV, não há como dizer, mas que o aparelho fica lá, ligado, por todo esse tempo, é batata. Isso inclui games, DVD, TV sob demanda, TV para ver internet, mas os números de audiência em ascensão, da TV aberta à paga, e o investimento em publicidade no segmento não negam que a predominância da TV está longe de se esgotar. Não é à toa que até o Facebook quer entrar no negócio e passar a investir em produções próprias de vídeo, incluindo séries, ao modo Netflix e Amazon.

 

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Cristina Padiglione

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