Por Cristina Padiglione | Saiba mais
Cristina Padiglione, ou Padi, é paga para ver TV desde 1990, da Folha da Tarde ao Estadão, passando por Jornal da Tarde e Folha de S.Paulo

Criador de ‘Cidade Invisível’, Carlos Saldanha conta por que Amazônia virou personagem da série

Luis Carone, Carlos Saldanha e Marco Pigossi nos bastidores das gravações. Foto: Alisson Louback/Netflix

A Netflix colocou no ar esta semana a 2ª temporada da série “Cidade Invisível”, título que conquistou lugar no Top 10 da plataforma de streaming em mais de 40 países, tendo Alessandra Negrini e Marco Pigossi num elenco que conta ainda com Manu Dieguez, Letícia Spiller, Simone Spoladore, Zahy Tentehar, Kay Sara, Julia Konrad, Rodrigo dos Santos, Tatsu Carvalho, Marcos de Andrade, Mestre Sebá, Ermelinda Yepario e Tomás de França.

Com esse contexto, o diretor Carlos Saldanha, criador da produção, fala ao blog especialmente sobre a nova safra, que põe a Amazônia no centro do enredo e aposta na valorização da cultura brasileira. A direção geral é de Luís Carone.

“Belém e a Amazônia foram escolhidos pelo fato de serem uma área extremamente rica culturalmente, com a influência portuguesa, africana, mas principalmente indígena”, afirma.

Voltando à 1ª temporada de ‘Cidade Invisível’, como nasceu a ideia da série e de levar para o cenário urbano atual histórias de entidades brasileiras? O que o motivou a contar essa história?
Carlos Saldanha – Uma das grandes motivações que eu tive ao criar ‘Cidade Invisível’ foi trazer para o público em geral a cultura e o folclore brasileiros, que é muito rico. Consumimos muitas histórias de outros países e outras culturas, mas por que não valorizar a nossa? Crescemos escutando essas histórias, mas também vemos que ao longo do tempo elas vão perdendo a força, e a existência delas é baseada no fato de acreditar. Se você acredita, elas estão ali, mas se você não conta essas histórias, elas acabam morrendo.

Foi dentro dessa premissa que pensei nessa ideia: e se essas entidades que nós conhecemos tanto estivessem entre nós e fossem invisibilizadas no nosso mundo real? Assim, surgiu a vontade de trazer essa realidade brasileira urbana dentro de um contexto lúdico da riqueza da nossa cultura. Nós começamos com o Rio de Janeiro e estamos levando a segunda temporada para Belém, que também é um centro urbano muito rico de histórias que às vezes não conhecemos no Rio ou em São Paulo.

Temos vários elementos interessantes para explorar no contexto brasileiro. São tantas entidades, mais de 300 registradas. É muito gratificante ter a oportunidade de explorar tudo isso.

Belém e a Amazônia são quase um personagem desta 2ª temporada. Por que você as escolheu como cenário destes novos episódios?
Saldanha – 
Belém e a Amazônia foram escolhidos pelo fato de serem uma área extremamente rica culturalmente, com a influência portuguesa, africana, mas principalmente indígena. É muito interessante poder mergulhar nesse mundo das histórias de Belém. Temos várias histórias que podemos contar nesse espaço amazônico. Nessa temporada, temos a Cobra Norato, a Caninana, a Matinta, o Zaori e vários personagens novos que quero trazer para o público.

Foi proposital ter a Amazônia como cenário em um momento em que ela está no centro do debate público mundial?
Saldanha – 
Nós escolhemos a Amazônia justamente porque muitos elementos da nossa cultura vêm da cultura indígena, mas, além disso, é um lugar com muitas controvérsias e muito falado hoje em dia pelo desmatamento, garimpo e por toda a questão ambiental. O brasileiro não conhece a Amazônia. Então, quis trazer a questão amazônica para o contexto nacional por meio desses personagens. Acabamos fazendo a temporada sobre garimpo e Amazônia e estamos no meio desse furacão da questão ambiental que está acontecendo no mundo todo. É um assunto que queria trazer à tona para o próprio público brasileiro.

Como foi selecionar as entidades para esta nova história?
Saldanha – 
Como nós já tínhamos escolhido Belém como centro da história, procuramos as entidades mais conhecidas na região. Nós fizemos um estudo e trouxemos entidades populares de lá como a Matinta e o Honorato. Mas também outras menos conhecidas, algumas que não são de Belém, como o Zaori, que é muito popular no Sul do Brasil, mas que levamos para o Norte pela proximidade com a nossa história.

 

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Cristina Padiglione

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