Por Cristina Padiglione | Saiba mais
Cristina Padiglione, ou Padi, é paga para ver TV desde 1990, da Folha da Tarde ao Estadão, passando por Jornal da Tarde e Folha de S.Paulo

Após versão mexicana, Porta dos Fundos produzirá filiais na Europa

Fábio Porchat, Gregório Duvivier, Antono Tabet, João Vicente. Crédito: Charles Naset/Divulgação

Conhecido em vários países por meio de legendagem de seus vídeos originais, o Porta dos Fundos começa a criar versões locais de suas esquetes, por meio de adaptações e escalação de elenco tratadas pelo próprio grupo, sob a bênção da grande indústria multinacional que adquiriu 51% de sua marca: a Viacom. Gregório Duvivier foi selecionado para ir ao México cuidar da escalação do elenco, da definição de papéis e de uma finalização dramatúrgica que não ganhasse aquele tom Televisa de exacerbação. A safra lá produzida terá lugar na internet e na programação dos canais da Viacom, a seguir.

Agora, o Porta dos Fundos, cujo canal no YouTube tem quase 16 milhões de inscritos, avalia repetir a experiência de novas “filiais” na Europa, ainda sem país definido. “Os nossos vídeos têm boa audiência na Polônia e na Alemanha, por exemplo”, cita Fábio Porchat ao TelePadi. “Ainda estamos vendo onde faríamos novas produções, nos mesmos moldes do que foi feito no México”, completa.

O humorista e apresentador falou ao blog após uma apresentação do grupo (ele, Gregório, Antonio Tabet, João Vicente e o diretor Ian SBF) a uma plateia de anunciantes, agências e especialistas no assunto, na sede do Google, em São Paulo, na manhã desta terça, 30.

Vídeo comercial supera esquete gratuita

Nadando com boa frente da média do mercado audiovisual,  o Porta dos Fundos é uma grife bem-sucedida no chamado “branded content market”, nicho que todo mundo hoje quer explorar, mas quase ninguém domina com eficiência. A chave do negócio está basicamente no humor, linguagem que, sendo bem feita e não ofendendo ninguém, tudo aceita. Mas mesmo quem não sabe fazer rir dificilmente alcança o ponto essencial da eficiência do branded content, que é fazer o filminho parecer entretenimento, e não comercial.

Como resultado disso, o grupo expôs na apresentação desta terça um dado invejável para quem quer faturar: o curta-metragem do Porta mais visto do ano é justamente um branded content, ou seja, um filme comercial, e de fato pouca gente deve ter se dado conta de que se tratava de uma publicidade.  A esquete, com Tati Lopes e Rafael Portugal, é sobre o reality “De Férias com o Ex”, programa mais visto da MTV Brasil, que pertence ao mesmo grupo que é sócio majoritário do Porta dos Fundos.

Porchat, João Vicente, Gregório Duvivier e Tabet, diante de painel que exibe os efeitos do vídeo mais visto do ano. Crédito: TelePadi

“É uma publicidade para um canal da mesma empresa, mas eles nos pagam por isso”, explicou Porchat.

O grupo sabe que muita gente para para ver um vídeo ao identificar ali o elenco do Porta dos Fundos, sem se importar se a mensagem será comercial ou não. Responsável pela direção das esquetes, Ian SBF fez questão de lembrar aos presentes, todos representantes do mercado publicitário e jornalistas do setor, que a trupe é responsável o bastante para não permitir mensagens negativas para as marcas, mesmo quando o deboche é a isca do negócio.

“Temos aqui um representante da bancada do PSOL”, brincou ele, apontando para Gregório Duvivier, sabidamente posicionado à esquerda, no quesito ideológico, “para alertar quando estamos passando de algum limite que possa ofender minorias”, completou. Quando Antonio Tabet, posicionado à direita, interveio, Ian questionou: “você também é da bancada do PSOL?”. “Não, eu sou da bancada da bala, da bancada ruralista”, reagiu Kibe, com a característica ironia que marca o humor do Porta.

Publicidade feita para os filmes da Disney

Tudo o que eles diziam virava piada aos ouvidos de uma plateia embevecida com histórias como a da Coca-Cola, que não quis patrocinar o vídeo das latinhas com nomes bizarros, mas voltou atrás um dia após a estreia da esquete. A grife de refrigerantes ficou surpresa com o resultado e a repercussão do filme. E não só investiu dinheiro na associação com o vídeo, como depois lançou latinhas de Coca com os nomes sugeridos na propaganda.

No contexto atual, em que todo mundo só se queixa de crise e da redistribuição muita vezes equivocada da verba publicitária de modo geral, saí de lá com a certeza, ainda mais forte, de que só o humor salva.

Curta nossa página no Facebook e siga-nos no Twitter

Cristina Padiglione

Cristina Padiglione