Por Cristina Padiglione | Saiba mais
Cristina Padiglione, ou Padi, é paga para ver TV desde 1990, da Folha da Tarde ao Estadão, passando por Jornal da Tarde e Folha de S.Paulo

Diga que fico: Luciano Huck toma posse dos domingos da Globo em 2022

Luciano Huck em entrevista a Bial / Reprodução Globo

A Globo anunciou no meio da tarde desta terça (15) que Luciano Huck estaria no Conversa com Bial para falar de seu novo livro, “De Porta em Porta”, e de seu documentário, “2021, o Ano que Não começou”, além de novos planos, mas Pedro Bial deu início à entrevista provocando o apresentador: “Diga ao povo que fico ou digo ao povo que vou?”

A pergunta se referia à escolha entre ser candidato à presidência da República ou ficar na Globo e assumir as tardes de domingo após a saída de Fausto Silva da emissora, o que está anunciado para acontecer ao fim deste ano.

Sim, ele fica e migra para os domingos em 2022, com um programa em que o Brasil se veja representado “ainda mais”, emendou.

Em sua primeira resposta a Bial, Huck logo esclareceu: “Acho bom eu ser o mais franco e o mais sincero possível. Eu nunca lancei candidatura nenhuma, então também não estou retirando candidatura.” O apresentador deixou claro que segue sua trajetória e aposta na força da TV aberta para se manter em uma arena de debates na qual entrou e não pretende sair.

Depois de ser muito provocado por Bial sobre uma possível candidatura no futuro, ainda mais diante de seus 50 anos ainda, Huck deixou a hipótese em aberto com a frase feita: “O futuro a Deus pertence”.

“Eu não sou uma carinha bonita da televisão brasileira, eu não sou repentista, eu estou há 21 anos rodando o país inteiro por causa do Caldeirão e isso me colocou diante de uma realidade muito forte deste país.”

“Eu me transformei, eu mudei o jeito de eu ver as coisas, eu detesto algumas coisas que eu disse no passado.”

“Como personalidade, eu não consigo passar por um problema e não parar diante dele. Conhecer essa realidade do país me fez tentar buscar soluções. Aí vem uma pandemia, me tranca em casa durante quase mais de um ano e eu comecei a mergulhar em ideias. Não é um projeto personalista, meu, partidário, é um projeto de cidadania ativo.”

 “A fumaça não volta pra dentro da garrafa, eu adoro reunir ideias, propor soluções. Eu continuo na trajetória que eu sempre tive, minha trajetória não foi partidária nem eleitoral, foi política.”

O apresentador pode não ser candidato, mas fala como tal, personificando a própria terceira via que alguns partidos caçam hoje com desespero.

“Eu não saio mais do debate público, eu gosto dessa arena, precisamos superar essa divisão, essa polarização, essa raiva que se criou em quem pensa diferente. Enquanto a gente não resgatar a capacidade do diálogo…”

Afirmou que é preciso repensar o capitalismo, que, segundo ele, foi o regime que mais tirou pessoas da pobreza, mas também criou distâncias sociais muito grandes e deve ter seus rumos e lucros revisados.

O discurso de Huck durante a conversa com Bial está intrinsecamente ligado ao conteúdo do documentário que ele acaba de lançar pelo GloboPlay, reunindo entrevistas com pensadores de várias vertentes, de vários lugares do planeta, realizadas ao longo da pandemia, por videoconferência.

Questionado por Bial por que não se valeu da grande oportunidade que já teve para se candidatar em 2018, disse que não consegue “enxergar um cargo deste tamanho como uma oportunidade, seria uma irresponsabilidade”, concluiu. E afirmou que o país precisa de projeto.

“O que aconteceu de lá pra cá é que eu sou uma pessoa muito curiosa, eu gosto de desafios, qual seria a melhor contribuição a dar? Como cidadão ativo, não como candidato. É debater como ter uma escola de qualidade, como ter uma educação legal, como ter um sistema público de saúde que seja digital, como a gente pode exercitar nossa potência verde global?”

“Eu não tenho essa vaidade, eu não tenho esse desejo de poder. Isso é muito mais um chamamento da sociedade do que uma vontade minha. Eu sempre tive muita influência, mas não tenho esse desejo incontrolável do poder.”

Refutou a discussão em torno de nomes para a sucessão de Jair Bolsonaro porque no momento, afirma, é preciso debater ideias. E disse que votou em branco em 2018 porque não se sentia representado por nenhum dos dois lados, mas não se arrepende e votaria novamente em branco hoje, patinando no argumento: “Nesse momento, eu acho que a gente não está falando sobre A ou B, a gente está falando de quem defende a democracia e de quem não defende a democracia. Eu estarei sempre do lado da democracia.”

Ao responder ao questionamento sobre o voto de 2018, Huck disse que é preciso de posicionar porque “quem não se posiciona, concorda com o que está aí”, ignorando que voto em branco não é exatamente um posicionamento.

SUCESSOR DE FAUSTÃO

Sobre o programa que pretende fazer para a vaga do Domingão do Faustão em 2022, reforçou que pretende usar o espaço para trazer ideias. Elogiou Fausto Silva, que “já plantou as árvores” naquele horário e torna sua chegada bem mais fácil.

Falou que o novo programa é uma página em branco, mas é preciso “respeitar o hábito do telespectador, é como reformar o avião sem o passageiro ver”.

“Não é uma questão de escolha, é como eu posso contribuir. A minha intenção é contribuir pra que a gente tenha um país mais justo. A minha contribuição nesse momento é essa. Primeiro, eu acredito muito na força da TV aberta.”

“Eu espero que o Brasil se enxergue nas tardes de domingo da Globo em 2022, ainda mais”.

 

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