Por Cristina Padiglione | Saiba mais
Cristina Padiglione, ou Padi, é paga para ver TV desde 1990, da Folha da Tarde ao Estadão, passando por Jornal da Tarde e Folha de S.Paulo

Divórcio entre Faustão e Globo queima largada de novo programa de Huck

Faustão e Luciano Huck: falha na passagem do bastão / Fotos: Reprodução

Se já não seria simples substituir um programa de 32 anos e seu apresentador por outro, com novo titular e seu discurso, o infeliz desfecho do casamento entre Fausto Silva e Globo tornou ainda mais árdua a tarefa de Luciano Huck de ocupar o espaço do Domingão.

Ao ceder à pressão de anunciantes para lançar o novo dominical com Huck ainda em 5 de setembro, no último quadrimestre do ano, a Globo queima na largada a atração que vem aí, antes planejada para estrear no embalo dos votos de Feliz Ano Novo, em 2 de janeiro.

Mas não havia solução menos ruim no quadro que se apresenta neste momento. Encerrada a parceria com Faustão, da pior forma possível, e escalado um interino para tocar o barco, o menor prejuízo nesse contexto era de fato antecipar a estreia do novo titular, a fim de não queimar mais o filme de Tiago Leifert, apresentador em franca ascensão na TV, e também de reduzir os danos para aquela vitrine que gozou de estabilidade por mais de três décadas, até nos dias de maior empenho de Gugu Liberato para derrubar seu forte concorrente.

Embora a audiência tenha despencado levemente após a saída de Fausto Silva da tela, o horário segue liderando o ranking da TV, com mais que a soma do segundo e do terceiro lugar, a saber, SBT e Record. Mas estampar sua marca em um programa que claramente apresenta soluções de tapa-buraco não é o melhor dos mundos para os patrocinadores do ex-Domingão que virou Super Dança dos Famosos.

As videocassetadas, resgatadas em caráter de urgência em função da reclamação do público, é outra resolução pronta para chamuscar históricos bem-sucedidos no campo da comédia, como os de Dani Calabresa e Welder Rodrigues, escalados para a justíssima saia de sanar a falta de Fausto Silva na seção.

Resumindo: o cenário ficou ruim para Faustão, para Globo, para Leifert, para os humoristas e para as marcas que ali anunciam, de modo que o sucessor do horário foi chamado a dar sua cota de contribuição no sacrifício e ajudar a reduzir o prejuízo alheio, antecipando sua estreia.

Ainda que Faustão ficasse no ar pela Globo até dezembro e estreasse na Band logo em seguida, os danos teriam sido menores para a rede carioca do que o cenário atual. O melhor dos mundos teria sido fechar o ano com Domingão, civilizada e amistosamente, como aconteceu com o Programa do Jô, sucedido pelo Conversa com Bial.

Mas a sucessão do domingo pedia cuidados extraordinários, o que torna essa interrupção do Domingão ainda mais e mais desastrosa. Jô Soares e Pedro Bial, afinal, costumam render menos da metade da plateia que comparece ao sofá no fim das tardes de domingo, e desfrutam de recessos de férias que Faustão nunca teve.

Por todo o conjunto da obra é que se diz que esta sucessão, com todo o respeito ao SBT, parece mais um roteiro da TV de Silvio Santos, obcecado em mexer na sua grade de programação sem aviso prévio, do que da super-hiper-bem-planejada TV Globo.

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Cristina Padiglione

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