Por Cristina Padiglione | Saiba mais
Cristina Padiglione, ou Padi, é paga para ver TV desde 1990, da Folha da Tarde ao Estadão, passando por Jornal da Tarde e Folha de S.Paulo

Vencedor do Emmy, “Ressaca” expõe corrosão do país: agora no streaming

O corpo de balé do Municipal do Rio retrata a crise que causou o colapso das instituições do Rio de Janeiro, estado e capital / Divulgação

Tratado de modo quase despercebido por nós, jornalistas da área de audiovisual, o documentário “Ressaca”, dirigido por Patrizia Landi e Vincent Rimbaux, também trouxe um Emmy Internacional para o Brasil na última rodada do prêmio, anunciada no final do ano passado, pela categoria “Programas de arte”.

Digo “também” porque noticiamos outros troféus desta edição, como a série “Ninguém Tá Olhando”, da Gullane para a Netflix, e a novela “Órfãos da Terra”, de Duca Rachid e Thelma Guedes para a Globo.

“Ressaca”, anunciado na lista como “Vertige de la Chute”, atribuído à França, é uma coprodução com o Brasil sobre um enredo brasileiro, infelizmente, pois aborda a crise que levou ao desmoronamento do balé do Theatro Municipal do Rio, história triste.

Feito pela Cafeína Produções (Brasil) e France Télévisions/Babel Doc (França), “Ressaca” está agora disponível no NET NOW, Oi Play e Vivo Play.

De 2018, o longa-metragem acompanha o corpo artístico do Theatro Municipal do Rio de Janeiro a partir do atraso e suspensão do pagamento de seus salários. Cenas de corrupção durante o governo Temer são vistas pela TV dos personagens abordados no filme, do primeiro bailarino ao porteiro do Municipal, todos mapeados em suas casas e visitados sob o ponto de vista do impacto que o teatro tinha na vida de cada um, da comida à mesa (ou da falta dela) ao palco.

O retrato daqueles profissionais nos serve como recorte de uma crise nacional que atinge em especial o estado do Rio de Janeiro, com reflexo na capital fluminense, principal cartão-postal do país, com direito a intervenção do exército. O olhar sobre aqueles personagens evidencia a corrosão das instituições e a opressão de um povo de quem é retirado o acesso à cultura e qualquer perspectiva de dignidade.

Ressaca” percorreu importantes festivais internacionais e foi vencedor de Melhor Documentário e Melhor Direção de Documentário no Festival do Rio 2019. Conquistou ainda o prêmio de Melhor Som no 29º Cine Ceará – Festival Ibero-americano de Cinema.

Esteve ainda no FIPADOC 2019 (mostra competitiva), em Biarritz, na França; no FIGRA 2019 (mostra competitiva), em Saint-Omer, na França; no FULL FRAME 2019 (mostra competitiva), na Carolina do Norte (EUA); no DOKFEST München 2019 (competitiva), em München, na Alemanha; no Cine Ceará 2019, no Brasil; no Prix Italia 2019 (com menção especial do júri), em Roma, na Itála; no FIFAC 2019 (menção especial do júri), em Saint-Laurent du Maroni, na Guiana Francesa; no Festival do Rio 2019 (eleito Melhor Documentário e Melhor Direção de Documentário).

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Cristina Padiglione

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