Por Cristina Padiglione | Saiba mais
Cristina Padiglione, ou Padi, é paga para ver TV desde 1990, da Folha da Tarde ao Estadão, passando por Jornal da Tarde e Folha de S.Paulo

Grito de ‘Basta!’, hit de Gonzaguinha em ‘Vale Tudo’ embala abertura da nova novela das nove

Regina Casé como Lurdes, espelho de tantas mães brasileiras, ao lado de Nanda Costa, que vive sua caçula / Reprodução

“(…) A gente não tem cara de panaca
A gente não tem jeito de babaca
A gente não está
Com a bunda exposta
Na janela pra passar a mão nela.(…)

A letra de Gonzaguinha, um dos hits da icônica novela “Vale Tudo” (1988/89), servirá como abertura de “Amor de Mãe”, nova novela das nove da Globo, com estreia anunciada para o dia 25.

“É” também esteve na trilha de Vidas em Jogo (2011), da Record.

A letra reivindica respeito, carinho e atenção ao cidadão brasileiro, exausto de cumprir com tantas obrigações sem ter o retorno de seus esforços em saúde, educação e lazer. Mais comovente do que a própria canção é a constatação do quanto ela permanece atual, três décadas depois de ter sido lançada e cantada em uma história que questionava se valia mesmo a pena ser honesto no Brasil.

Primeira novela de Manuela Dias, autora das séries “Justiça” e “Ligações Perigosas”, “Amor de Mãe” pretende evidenciar as várias Lurdes (personagem de Regina Casé) que existem do lado de cá da tela. Nordestina, Lurdes cria sozinha quatro filhos no Rio, para onde seguiu em busca de um quinto filho que o pai das crianças vendeu a uma traficante de crianças do Rio de Janeiro.

O garoto, agora homem criado, era na verdade o seu terceiro filho e foi vendido pelo pai enquanto ela dava à luz a caçula, na maternidade. Ao deixar o sertão em busca do menino, Lurdes encontra uma bebê abandonada e a carrega junto com sua tropa. A menina, que será vivida na fase contemporânea por Jéssica Ellen, há de se tornar professora e fará da educação uma das bandeiras do folhetim.

O otimismo e a esperança traçados na história tornam a letra de Gonzaguinha perfeita para o contexto da sucessora de “A Dona do Pedaço”. Manu Dias e José Luiz Villamarim também prometem personagens sem maniqueísmo, oxalá, a despeito de o público ter se encantado, na atual trama das nove, com figuras muito más ou muito boas, sem dualidade, sem nuances de caráter, sem humanização, enfim.

A trilha sonora estará repleta de sambas e funk, duas vertentes que servem de voz e ascensão social a uma periferia bastante exaltada em “Avenida Brasil” (2011), para citar a atual atração do Vale a Pena Ver de Novo, mas muito esquecida pelos folhetins nos últimos anos.

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Cristina Padiglione

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