Por Cristina Padiglione | Saiba mais
Cristina Padiglione, ou Padi, é paga para ver TV desde 1990, da Folha da Tarde ao Estadão, passando por Jornal da Tarde e Folha de S.Paulo

Enquanto Bial não vem, Gentili e Porchat ocupam vácuo deixado por Jô

O maior referencial de talk show da TV brasileira foi encerrado pela Globo em 2016. E enquanto a Globo não põe no ar seu novo entrevistador de fim de noite (Pedro Bial), há um considerável espaço livre a ser ocupado por Danilo Gentili, mais estabelecido no SBT, e Fábio Porchat, lançado pela Record há poucos meses. Os dois reassumem nesta segunda-feira, 6, seus talk shows, com duas atrações que bem poderiam estar no “Programa do Jô”, se ainda existisse.

O “The Noite” estreia 2017 com atração internacional, e não é pouca coisa. Hug Jackman, ainda outro dia visto no late show do queridinho Jimmy Fallon, exibido aqui pelo GNT, conversa com Gentili no cenário do programa, em tom de amigos de infância. O entrevistado fala sobre sua despedida de Wolverine, que interpreta pela última vez no filme “Logan”. De quebra, conhece seu dublador no Brasil, Isaac Bardavid, em encontro promovido no sofá do próprio “The Noite”.

Já Porchat põe Cláudia Leitte para estrear seu sofá em 2017, e brinca justamente com a chance de herdar os pertences do “Programa do Jô”, ao levar ao programa o baterista Miltinho, do Quinteto/Sexteto do Jô.

Tanto Gentili quanto Porchat estendem suas ideias a quadros, esquetes e a um elenco que vai além das respectivas bandas, limite até onde Jô Soares se permitia ir. No caso do Jô, a ideia era prezar uma fórmula que pode valer mais pela conversa do que pelo show, nesse mundo em que cada vez menos gente tem o que dizer. De todo modo, Jô tinha a seu favor a veia humorística, fator que faz também os shows de Gentili e Porchat funcionarem muito bem. O talento para o riso tem sido fator essencial para as conversas de fim de noite mundo afora, e esse não é o caso do novo entrevistador de fim de noite da Globo.

Bial tem lá sua leveza, embora seja mais apegado à poesia do que propriamente ao humor. Ninguém sabe o que vem por aí em questão de formato, mas, como sempre disse o próprio Jô, um talk show pode inventar quadros, esquetes, o diabo, não importa: o que diferencia um programa do outro e determina seu sucesso ou não é e sempre será norteado por quem está atrás da mesa e por quem fica à frente do entrevistador. Essa é a química que vale.

Bial tem a seu favor a disponibilidade de todo o elenco da Globo, o que, para a audiência brasileira, vale mais do que o cara que faz o Wolverine, mas há que exibir diariamente um fôlego que só Marília Gabriela, sem qualquer outro recurso para “distrair” o entrevistado, alcançava, em edições semanais, via SBT e GNT. Haja conversa. Conversa esta que não terá Max Nunes ou Jô para recorrer ao humor, quando uma entrevista não render, nem as gracinhas de Porchat e Gentili. Eu curto um papo reto e bem esmiuçado. Adorei a série do Bial no GNT, gosto do Conti na Globonews e amava Bianca Ramoneda, no mesmo canal, mergulhando no entrevistado no “Ofício em Cena”. Mas já aprendi que não sou parâmetro para balizar o gosto da audiência.

A ver no que vai dar essa tríade de fim de noite. E enquanto o Bial não vem, os meninos fazem a festa.

 

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Cristina Padiglione

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