Por Cristina Padiglione | Saiba mais
Cristina Padiglione, ou Padi, é paga para ver TV desde 1990, da Folha da Tarde ao Estadão, passando por Jornal da Tarde e Folha de S.Paulo

Escalado para 2 séries da Netflix, Pigossi amplia fila de quem pode escolher seus papéis

Com alma ainda latente na tela da Globo, Marco Pigossi está em série australiana e será protagonista da 1ª série de Carlos Saldanha para a plataforma de streaming. Foto de Vantoen Pereira Jr./Divulgação
  • Nome do elenco principal de “Tidelands”, primeira série original australiana da Netflix, Marco Pigossi acaba de acertar também seus créditos como protagonista de “Cidades Invisíveis”, primeira série do grifado diretor Carlos Saldanha para a plataforma.

Pigossi vira notícia da Netflix enquanto sua alma pulsa fortemente na tela da Globo, em “Onde Nascem os Fortes”, a supersérie das onze. Embora ele não esteja mais em cena fisicamente desde o segundo capítulo, é o seu desaparecimento, agora já constatado como morte, que motiva todo o enredo de George Moura e Sérgio Goldenberg, sob direção artística de José Luiz Villamarim.

Houve, dentro da Globo, quem tenha se sentido traído pela situação, como informou o site Notícias da TV. Pigossi teria se recusado a renovar contrato com a emissora sob a alegação de que queria estudar artes dramáticas na Inglaterra por um período. Mas, em vez disso, partiu para a concorrência.

Que bom. É saudável que profissionais possam fazer suas escolhas, ainda mais num métier dominado por uma empresa que, por décadas, foi a única a investir fortemente nesse ramo. É esse passado da Globo, ainda muito presente – mas cada vez menos presente – que motiva em muitos diretores da casa a ideia de vingança. Mas faz algum tempo que não é mais possível acreditar que alguém ficará “queimado” por ter aceitado trabalhar em outro lugar, que não na tela da Globo.

A concorrência direta da Globo sempre investiu de modo muito irregular em dramaturgia. Houve lá o tempo da Manchete, houve um bom período no SBT, que ainda se beneficia dos atores sem contrato na Globo, e há a Record, que segue pelo mesmo caminho. Nenhuma delas, no entanto, chega a incomodar de modo consistente. Tampouco a Netflix, HBO e FOX têm audiência que se compare à da Globo, mas o fato de essas empresas investirem em dramaturgia de qualidade causa um saudável incômodo à TV dos Marinhos.

Alguém na Globo pode estar chateado, faz parte do show. O rapaz cresceu lá dentro, tem aparecido em cenas cada vez melhores, é empenhado, tem competência e é bonito. É natural que alce outros voos, como é natural que volte à Globo quando quiser, assim como o fazem Rodrigo Santoro, Selton Mello e outras figuras que vão e vêm de acordo com os projetos que escolhem.

Outros, como Julio Andrade, que grava simultaneamente a série “Um Contra Todos” para a FOX e “Sob Pressão” para a Globo, optam, historicamente, por abrir mão de contratos que não sejam por obra, justamente para terem a chance de escolher o que fazer e quando fazer.

Nesse momento em que a própria Globo também faz suas escolhas, sem condições de manter sob contrato um batalhão de centenas de atores, o mercado se fortalece com a chance de contar com antigas estrelas da casa. Todo esse cenário, no fim das contas, é muito mais “normal”, comparado ao mundo todo, do que aquele universo em que uma única empresa dava as cartas no mercado.

Bom para a concorrência, para a profissão e para a própria Globo, que passa a se esforçar mais para se superar e revelar novos talentos, sabendo que nem todos os seus desejos estarão disponíveis quando e por quanto ela quiser.

Em tempo: “Tidelands”, a produção australiana que conta com Pigossi, é um enredo policial sobrenatural. Já “Cidades Invisíveis”, de Saldanha, terá sua produção iniciada no fim de 2018 e retratará um submundo habitado por criaturas míticas que evoluíram de uma linhagem do folclore brasileiro.

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Cristina Padiglione

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