Por Cristina Padiglione | Saiba mais
Cristina Padiglione, ou Padi, é paga para ver TV desde 1990, da Folha da Tarde ao Estadão, passando por Jornal da Tarde e Folha de S.Paulo

Estudo sobre ‘BBB 21’ aponta mais tolerância e empatia com canceladores

Lucas e Gil em cena no "BBB 21" / Reprodução

Cancelar é verbo que entrou para o vocabulário da moda, mas sua conjugação não é bem vista pela maioria do público engajado nas redes sociais, nicho relevante para o mercado anunciante. Um estudo da Orbit Data Science, startup que analisa qualitativamente debates e tendências nas redes sociais, selecionou quase 5 mil tuítes com base no programa de maior reverberação na internet, o “BBB”, que nesta edição se debruçou especialmente sobre personagens dispostos a levantar bandeiras -eco das discussões que fizeram o sucesso da temporada anterior.

O levantamento da Orbit, é bom avisar, aconteceu antes da queda de Karol Conká e da tentativa de resgate que a Globo vem tentando operar na imagem da cantora. Qualquer influência disso sobre a plateia, portanto, está descartada. A análise se deu entre comentários feitos de 20 de janeiro, antes da estreia desta temporada, mas já com seus participantes anunciados, até 10 de fevereiro, pouco após a saída de Lucas Penteado da casa.

Com base em 4.996 tuítes sob a hashtag #BBB21, todos mencionando as palavras “cancelamento”, “militância” ou seus derivados, o estudo aponta basicamente que cancelar não é remédio contra o cancelamento, ou seja, tentar calar quem calou outras vozes só corrobora o ato aí refutado. Lucas Penteado, ator e poeta que pediu para sair da casa por não suportar a pressão psicológica interna, disse isso claramente: Quem cancela aqueles que me cancelaram só repete aquilo que condena.

A pesquisa se dedica especialmente ao fenômeno do cancelamento e da militância, termo que também vem despertando pontos de vista mais críticos do público, mais pela forma com que é praticada do que por seu conteúdo. Não importa tanto o recado a ser dado, mas de que maneira esse recado é transmitido.

A escolha de levantamento pelo Twitter atende à procura do próprio telespectador, que usa mais esta rede do que outras na hora de comentar a TV linear em tempo real.

Segundo Fernando Hargreaves, sócio e diretor de Operações da Orbit, não foram levados em conta comentários em tom de piada ou memes como “Lumena não autorizou”, e falamos sobre isso bem nesta terça (2), pouco antes de a saída dela, militante mais autointitulada como tal, no paredão da semana.

A partir da análise dos tuítes, 78 opiniões diferentes surgiram sobre o tema. Mais de 72% dessas foram críticas às formas com que a “militância” e “cancelamento” ocorreram no BBB21, com apenas 7,4% defendendo-as sob determinadas condições. Os posicionamentos neutros somaram pouco mais de 20% da amostragem.

“Os dados sugerem que o ‘BBB21’ vem evidenciando um novo ‘espírito do tempo’, com um olhar mais crítico aos temas ‘militância’ e ‘cancelamento'”, avalia Caio Simi, CEO da Orbit. “O lado positivo do debate é que emerge um movimento crescente pela empatia e diálogo contra a intolerância, inclusive dos canceladores. Fica claro que, para o público, cancelar não é o melhor remédio contra o cancelamento”, conclui.

Para Hargreaves, a mensagem é de tolerância e as marcas/anunciantes devem estar atentos à necessidade de “construir diálogos”, e não o contrário. “É preciso ter esse cuidado, de não ser intolerante mesmo com pessoas que estão cancelando outras”.

O cancelamento, como forma de apontar o erro alheio, não é o caminho.

A pesquisa está disponível no site da Orbit Data Science.

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Cristina Padiglione

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