Por Cristina Padiglione | Saiba mais
Cristina Padiglione, ou Padi, é paga para ver TV desde 1990, da Folha da Tarde ao Estadão, passando por Jornal da Tarde e Folha de S.Paulo

‘Eu me diverti muito’, diz Calloni sobre interpretar genérico de Abdelmassih

Calloni como o médico Roger Sadala, alusão clara a Abdelmassih, em 'Assédio', nova minissérie da Globo / Ramón Vasconcelos/Divulgação

Ator que não leva personagem para a casa é isso. Ao interpretar Roger Sadala, papel livremente inspirado em Roger Abdelmassih, médico condenado pela Justiça por estuprar suas pacientes, Antonio Calloni disse que se divertiu muito na minissérie “Assédio”.

Reunidas em um auditório dos Estúdios Globo, no Rio, para a apresentação do primeiro capítulo da série, as atrizes que dão voz às vítimas e mulheres do médico se comoveram ao relatar a dor dessas personagens, enquanto Calloni justificava sua leveza na confecção do monstro.

“Em primeiro lugar, desculpa aí, tá gente”, disse ele às atrizes, que reagiram rindo.

E logo explicou sua posição.

“Como ator, fazer um personagem desses, parece loucura dizer isso, mas foi um prazer e uma alegria. Eu, como ator, prezo sempre, acima de tudo, que tem que ter muito prazer e muita alegria. Não sou a favor de sofrimento. Então, me diverti muito. E amei trabalhar com todas essas pessoas, senti um prazer imenso e o personagem com essa complexidade foi muito bacana porque normalmente as pessoas perguntam: ‘Nossa, como é que você conseguiu? ‘ Foi difícil fazer porque eu tive que acreditar nele, completamente. E outra coisa: acho que nada que é humano me é estranho. Então, a gente tem todas as possibilidades dentro da gente, não só eu, todo mundo. Sabe aquela estátua do Dalí, Mulher com Gavetas? Eu fui abrindo minhas gavetas internas e fui tirando um pouco de perversão, um pouco de ódio, um pouco de amor, um pouco de carinho, todos os componentes quer o personagem tem, inclusive o amor porque ele ama profundamente a família dele, e fui compondo esse personagem com coisas que todos nós temos, depende das nossas escolhas. A gente tem a possibilidade de escolher, de fazer o bem, é mais simples e mais prazeroso.”

Para Calloni, a série discute essa questão do assédio, “que tá no ar”, e é preciso que os homens parem de “ter medo das mulheres”.

“A gente tem o prazer de discutir esse tema por meio de um trabalho artisticamente primoroso, em todos os sentidos, e propor um debate em alto nível. É bacana, acho que a sociedade tem que evoluir bastante ainda, os homens tem que parar com esse medo ancestral que eles têm das mulheres, os homens sempre tiveram muito medo das mulheres. Essa série vem num momento muito bacana. E toda essa questão vai ser bem exposta, espero que a discussão seja num nível bacana, e que as coisas melhorem. Temos que conviver juntos.”

Rótulo de malvado

Após uma sucessão de personagens malvados, Calloni se prepara para voltar ao ar pela TV como um sujeito bom, em “O Sétimo Guardião”, novela de Aguinaldo Silva que substituirá “Segundo Sol”, a partir de novembro. Ele é um dos guardiães da fonte da juventude da história, e, como tal, não pode ceder a paixões. Por isso abandonou a mulher no altar, mas nunca soube que ela estava grávida e teve um filho seu, papel de Bruno Gagliasso, que assumirá seu lugar no posto de sétimo guardião, assim que ele morrer.

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