Por Cristina Padiglione | Saiba mais
Cristina Padiglione, ou Padi, é paga para ver TV desde 1990, da Folha da Tarde ao Estadão, passando por Jornal da Tarde e Folha de S.Paulo

Falta química ao novo quarteto do ‘Papo de Segunda’

Emicida, João Vicente, Fábio Porchat e Chico Bosco. Foto de Juliana Coutinho/Divulgação

É bem esperado que o tempo trate de consumar o azeitamento entre os integrantes do novo quarteto do “Papo de Segunda”, no GNT, mas, por enquanto, tem água no óleo.

Por que foi mesmo que a direção do canal resolveu trocar Marcelo Tas, Xico Sá e Léo Jaime por outros meninos? Ainda não se sabe. Pela idade dos novos integrantes e a permanência do caçula do time anterior, João Vicente de Castro, é de se imaginar que o GNT esteja interessado em uma faixa etária mais baixa. Mas, com todo o respeito aos novinhos, quando a coisa se baseia em “papo”, como diz o nome, um pouco mais de idade pode ser um bom negócio.

Não é que Emicida, Fábio Porchat ou Chico Bosco sejam fracos de conversa. É que Tas, Léo e Xico são realmente muito acima da média na hora de um bom papo. De todos os descartados, Xico é o que faz mais falta. E de todos os novos, Chico, com Ch, é o que faz menos diferença, parecendo ainda uma carta fora do baralho na mesa da vez. Não podemos desfazer a troca dos Franciscos? Tragam o Sá de volta, por favor!

Porchat não foi mal na nova função e também se espera que a experiência lhe traga mais traquejo, mas ele até que está à vontade – ao contrário de Bosco, que passa boa parte da conversa calado e, quando fala, leva-se a sério por demais. Mesmo considerando a boa vontade de Porchat, falta-lhe ainda a habilidade que Tas esbanjava para conduzir a conversa de modo mais orgânico, sem que os demais se dessem conta de que estavam concordando ou discordando. O papo, enfim, fluía melhor.

E, independentemente da competência isolada de cada um, programa do tipo “mesa redonda” pede química entre seus participantes, e isso não é fórmula fácil de encontrar. O “Saia Justa”, precursor nesse formato no canal, teve em seu primeiro time – Mônica Waldvogel, Rita Lee, Fernanda Young e Marisa Orth – sua melhor formação. Quando Rita saiu, só um ano depois, o negócio desandou de uma tal forma que nunca mais entrou nos eixos, até que a própria Waldvogel fosse trocada por outra âncora, no caso, Astrid, outra figura imbatível para costurar a conversa entre as cabeças mais dissonantes.

Falta ao novo “Papo” justamente a harmonia química, a análise combinatória que requer precisão matemática, rara de ser encontrada na junção de material humano.

É preciso dizer que Emicida trouxe para a conversa um olhar que de fato faltava, e a leitura do mundo por um negro que foi criado em condições muito precárias, como ele já disse, discretamente, no primeiro programa, faz toda a diferença para enriquecer o papo. Fora isso, não houve acréscimo algum na troca de jogadores, ao contrário.

Na edição de estreia, a boa conversa ficou em torno da visão bruta que sempre colocou a mulher em condições de humilhação nas produções da indústria pornográfica. A pornografia enxergada pela mulher ganha outro resultado, e Porchat falou bem sobre o tema, inclusive para anunciar a ótima série exibida da seguir, “Desnude”, com Du Moscovis como único ser masculino no set.

Aliás, boníssima pedida para a semana que comemora o Dia Internacional da Mulher, “Desnude” traz o prazer feminino para o primeiro plano e se apresenta sem pudores nos ângulos de sexo filmados em cena. Mas isso pede mais do que um rodapé em post alheio e podemos tratar da série em outra postagem, para breve. Por enquanto, fica a dica: “Desnude” é ótima. Permita-se ou se jogue, experimente.

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Cristina Padiglione

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