Por Cristina Padiglione | Saiba mais
Cristina Padiglione, ou Padi, é paga para ver TV desde 1990, da Folha da Tarde ao Estadão, passando por Jornal da Tarde e Folha de S.Paulo

Fernanda Torres comemora 25 anos de ‘Terra Estrangeira’, marco do cinema nacional

Andrucha Waddington e Fernanda Torres no Festival do Rio, nos 25 anos de 'Terra Estrangeira' / Divulgação

Os 25 anos de “Terra Estrangeira”, filme dirigido por Walter Salles e Daniela Thomas, foram comemorados com cópia restaurada em 4k, no Festival do Rio. A sessão, em ocorreu no Estação NET Botafogo, com a presença dos diretores, dos atores Fernanda Torres e Fernando Alves Pinto e de integrantes da equipe do filme.

“Terra Estrangeira” foi restaurado em 4K (alta definição) em 2021, a partir dos negativos originais de imagem 16 milímetros, digitalizados em alta resolução no laborat´roio francês Élair.

O áudio foi remasterizado para o formato 5.1 a partir da mixagem original do filme no formato Dolby Stereo no Estúdio JLS. O restauro foi coordenado por Patricia di Filippi. A marcação de luz foi supervisionada por Walter Carvalho, diretor de fotografia do longa, e ele comenta: “Eu revi o ‘Terra Estrangeira’ inúmeras vezes por conta do trabalho de resmasterização. O filme continua com o mesmo frescor com seus 25 anos de vida. O filme se debruça sobre as costelas do Brasil de ontem e grita, clama pelo Brasil de hoje. É feito de Terra brasileira. Eu chamo isso de cinema necessário, de cinema emergente E ele continua com essa caraterística porque ele olha para um Brasil profundo, real, sem enfeite, sem polimento.!”

Um dos marcos da retomada do cinema brasileiro, lançado em 1995, “Terra Estrangeira” tem lugar especial na cinematografia dos diretores: “O filme nasce como uma reação ao silêncio forçado do desgoverno Collor, e de 25 anos de ditadura militar. É um filme regido pelo desejo urgente de refletir quem nós éramos naquele momento de nossas vidas, e de participar do renascimento da cinematografia brasileira ”, relembra Walter Salles.

Daniela Thomas comenta o que a motivou no projeto:  “Sou apaixonada por cinema e pela ideia de fazer cinema. ‘Terra Estrangeira’ foi a perfeita realização desse sonho. Éramos uma pequena turma de apaixonados por cinema, liderados pelo cinéfilo-mor, Walter Salles, focados na realização de um filme que ao mesmo tempo expressasse essa paixão e refletisse o estado de coisas no nosso país.”

Rodado em quatro semanas, em três continentes, o longa foi realizado com equipe reduzida como em um documentário. “Pensamos o filme todo antes, mas não paramos de improvisar ao longo da filmagem. Foi um processo único”, conta Walter Salles. “Nós desejávamos que o filme tivesse um tamanho e agilidade de produção proporcionais ao momento econômico que vivíamos”, completa Daniela, que segue: “Foi intenso e extremamente prazeroso. Acho que esse momento inspirado que vivemos ficou impresso na tela. Éramos felizes e sabíamos.”

Terra Estrangeira” foi um filme regido por um estado de urgência, e por falar com precisão sobre um período de crise profunda do país. “Em pleno caos dos anos Collor, uma imagem em preto e branco se cristalizou na mente, e não parava de ecoar: a de dois jovens frente a um navio emborcado na areia, num país distante. Pouco a pouco, foi ficando claro que aquela cena refletia formas distintas de exílio: político, econômico, afetivo. É a imagem que contém o filme como um todo. Com a derrocada econômica, o Brasil deixou de ser um país de imigração e se transformou em um país de emigração. Cerca de 800 mil pessoas deixaram o país naquele momento. Os personagens de Alex e Paco nascem desse ponto de inflexão de nossa história”, conclui Walter Salles.

 

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Cristina Padiglione

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