Por Cristina Padiglione | Saiba mais
Cristina Padiglione, ou Padi, é paga para ver TV desde 1990, da Folha da Tarde ao Estadão, passando por Jornal da Tarde e Folha de S.Paulo

Fernandas Montenegro e Torres voltam ao set para episódio de Natal de ‘Amor e Sorte’

As Fernandas em cena do episódio original, escrito por Antonio Prata, Chico Matoso, Fernanda Torres e Jorge Furtado / Reprodução

Fernanda Montenegro e Fernanda Torres voltarão ao set de “Amor e Sorte”, série idealizada por Jorge Furtado durante a pandemia, agora para um especial de fim de ano. Não só elas, mas também Joaquim Torres Waddingotn, filho de Torres e Andrucha Waddington, o diretor, que de novo entra em campo para comandar a cena. O bode que conhecemos no episódio já exibido também tem presença garantida ao lado de Gilda e Lúcia, mãe e filha da vida real que repetem essas funções na ficção.

A informação foi revelada pelo próprio Furtado durante apresentação dele no 15º Obitel,  seminário que envolve onze países e é realizado pelo Observatório Iberoamericano de Ficção Televisiva, do qual participam estudiosos de TV da USP, em parceria com a Globo.  Com o tema “O Melodrama em Tempos de Streaming”, o evento, dessa vez virtual, termina nesta quinta-feira (19) e reúne uma série de painéis dedicados ao assunto.

Furtado lembrou como foi a aventura de criar quatro episódios em dois meses e colocar tudo em pé em ritmo tão acelerado, pelas mãos de uma equipe empenhada em inventar tutoriais e engenhocas que auxiliassem os próprios atores a gravarem seus episódios (a exceção foi justamente o capítulo com as Fernandas, que contava com diretor profissional em casa). “Eu disse a Patrícia Pedrosa, diretora-geral: ‘nós estamos indo pra Marte, ninguém fez isso ainda [direção e coordenação de toda a gravação remotamente, a distância]. Pode dar muito errado’. Não sabíamos se ia dar certo, mas foi um empenho tão grande, os técnicos inventaram troços de puxar com cordinha, foi uma loucura. Fomos muito bem-sucedidos, com 20 pontos, e estamos fazendo um quinto episódio, com a Gilda, a Lúcia. E o bode.”

Na criação do projeto, dois fatores eram essenciais, sublinhou o diretor: as histórias teriam de se passar atualmente, com risco zero para a saúde dos atores, pares que já moravam sob o mesmo teto ou conviviam durante o isolamento, e deveria ter humor. “Dos quatro episódios, em dois a vacina é descoberta. Então, é aquela ficção que realiza os nossos desejos”, comentou ele. “E era  preciso um tom de humor, de rir um pouco da peste. A gente está numa situação tão difícil, que fazer disso uma brincadeira e rir disso, com happy end, é um alívio”.

O painel foi mediado por Bianca Ramoneda, roteirista e jornalista, o que me fez lembrar a falta que ela faz à GloboNews no comando do Ofício em Cena, programa que o canal encerrou juntamente com a saída dela. A conversa se revezou entre Furtado e Lucas Paraízo, que falou sobre outra produção muito bem sucedida na pandemia: os dois episódios especiais de “Sob Pressão: Plantão Covid”, que também levantavam um drama atual, aí sob a perspectiva do drama, puxando a tragédia, deixando para o segundo episódio um sopro de esperança.

“Esses dois episódios do ‘Sob Pressão’ foram escritos com o Márcio Alemão, o Pedro Bigheti e o Flávio Araújo, e a gente discutiu muito essa questão do tom”, disse Paraízo. “Quando a gente fala aqui da tragédia, eu lembro que na primeira temporada, antes de ter estreado, era uma dúvida muito grande o quanto as pessoas iam gostar de chegar em e casa às 10 da noite, depois de uma vida muito sofrida, e assistir aquilo, então, eu tinha muito medo, mas por sorte eu estava errado. As pessoas precisam, querem ver isso, é uma maneira de expurgar isso, assim como o riso, o choro é um momento de expurgar e lidar com os seus sentimentos. Eu acredito na ideia de que a emoção. Eu acredito na ideia de que a ideia de que a emoção, a catarse, produz transformação.”

“No momento em que os nossos protagonistas, os médicos da vida real, passam a ser também pacientes”, continua o roteirista, “porque eles estão ali na linha de frente, quando o médico passa a ser a vítima, ele abriu espaço para que a gente pudesse falar do assunto dessa perspectiva”, explicou Lucas. “O doutor Evandro sair dessa era a nossa metáfora para acreditar que nós vamos sair dessa, acredita na saúde, acreditar na ciência”, concluiu o roteirista da série.

 

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Cristina Padiglione

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