Por Cristina Padiglione | Saiba mais
Cristina Padiglione, ou Padi, é paga para ver TV desde 1990, da Folha da Tarde ao Estadão, passando por Jornal da Tarde e Folha de S.Paulo

‘Game of Thrones’ atropela quem apostava em glicose hollywoodiana

Daenerys (Emilia Clarke) e o DNA do "rei louco"/Reprodução

Pois é, quase não sobrou pedra sobre pedra de Porto Real. Para quem vinha se queixando da glicose hollywoodiana desde o fim da temporada anterior e de o romance ter roubado espaço da luta pelo poder no protagonismo de “Game of Thrones”, o penúltimo episódio da saga, exibido na noite deste domingo, foi um soco no queixo.

ATENÇÃO, NÃO LEIA ISSO SE VOCÊ NÃO VIU O EPISÓDIO (mesmo que você não se importe com spoilers, pois não vale a pena abrir mão da engenhosa construção do capítulo).

“Game of Thrones” é bom de se ver e melhor ainda de se rever, porque a revisão de cenas dá ao espectador a chance de ir recolhendo pecinhas do quebra-cabeças que ficam para trás quando vistas da primeira vez. O discurso do eunuco Varys (Conleth Hill) sobre conhecer as faces da moeda de Jon Snow (Kit Harington), mas não as de Danaerys (Emilia Clarke), assim como sua última frase antes de ser engolido pelo dragão fofo da loira, são de profunda relevância para o que virá a seguir: o descontrole emocional da guerreira, que, mesmo diante dos sinos que se dobram à sua vitória, resolve dar seguimento à destruição da cidade onde Cersei Lannister (Lena Headey) ainda reinava.

“Eu gostaria que a minha morte se justificasse, quero estar errado”, diz Varys na véspera do massacre promovido pela mãe dos dragões, com direito a muitas criancinhas apavoradas com as cenas de batalha e algumas de suas mães serem incendiadas ou terem o pescoço rasgado.

Jon Snow, na sua coerência absoluta e dono de moeda na qual se podia de fato confiar, como previu o eunuco, fica perplexo com o seguimento que “sua rainha” dá ao episódio, destruindo tudo e honrando o DNA do Rei Louco.

Na mesma véspera, ele resistiu bravamente ao assédio físico da ex-namorada, assim chamada desde que descobriu tratar-se de sua tia consanguínea. Ele busca a moralidade que faltou aos Lannisters, irmãos amantes, pais de três filhos, todos mortos, e mais um a caminho, soterrado junto com os pais no mesmo episódio passado. Daenerys não pensa como Snow. Acha que se ninguém estiver vendo, não há problema na relação dos dois. Só por essa falta de transparência, em herdeiros do trono tão sensíveis a pequenos delitos, já deveríamos saber que Jon seria melhor rei que ela. Mas será que um bom reinado necessariamente se faz de códigos de conduta impecável na vida pessoal? A história mostra que há muitas controvérsias nesse sentido. Um bom rei não é necessariamente santo, mas Dany está longe de não espelhar a tirania que diz combater, como agora sabemos.

A bolsa de apostas do momento mira para a morte de Daenerys e a nomeação natural do rei Snow, a quem sempre coube o trono. A questão é: quem vai derrubar Dany? Snow ou a destemida Arya (Maysie Williams)?

O bolão para domingo que vem está no ar. Façam suas apostas.

Em tempo: os episódios, todos, de todas as temporadas, inclusive o que foi ao ar anteontem, estão disponíveis na HBO GO, plataforma via streaming para assinantes do canal, por operadoras de TV paga ou de modo independente.

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