Por Cristina Padiglione | Saiba mais
Cristina Padiglione, ou Padi, é paga para ver TV desde 1990, da Folha da Tarde ao Estadão, passando por Jornal da Tarde e Folha de S.Paulo

Globo anuncia unificação de todos os braços do grupo a partir de janeiro

Carlos Schroder e Jorge Nóbrega durante a apresentação dos estúdios MG 4 a jornalistas /Divulgação

Como já adiantamos aqui em mais de uma ocasião, os vários braços do grupo Globo passam a operar sob um único CNPJ a partir de janeiro.

Somem os nomes da Globosat, Som Livre, Globo.com, Globoplay e DGCorp. Tudo vira Globo.

Os cortes realizados pela empresa na quinta-feira (7), algo estimado em mais de 100 nomes, eram parte da consumação de um planejamento iniciado há mais de um ano no sentido de enxugar a folha de pagamentos e não ter quatro pessoas fazendo um mesmo trabalho para diferentes plataformas do mesmo grupo.

Nesta sexta-feira (8), o presidente do Grupo Globo, Jorge Nóbrega, distribuiu um comunicado endossando o projeto.

“A partir de janeiro, TV Globo, Globosat, Som Livre, Globo.com, Globoplay e DGCorp vão se juntar em uma nova empresa que receberá o nome Globo. Anunciada hoje pelo presidente executivo Jorge Nóbrega, a estrutura integrada é resultado da estratégia de transformação digital da Globo, iniciada em setembro de 2018, com o programa UmaSóGlobo”, diz o texto enviado pela Globo ao mercado e imprensa.

A “grande transformação” é centrada no “relacionamento direto e no profundo conhecimento do consumidor”, aliando “tecnologia e dados a conteúdos de altíssima qualidade, permitindo ampliar a oferta de experiências ao público”. Já faz algum tempo que a empresa tem tentado conectar seus consumidores por meio de um único login, conhecendo com profundidade os anseios de um público estimado em 30 milhões de pessoas. Isso vale desde a ligação de alguém interessada em votar na enquete do Fantástico ou no paredão do Big Brother até o assinante do Globoplay. Com isso, a empresa tem feito um banco de dados sem proporções iguais no país.

“Sem abrir mão de sua crença na força da TV, a empresa trabalha para ser também um dos maiores players de produtos e serviços digitais (D2C) do Brasil”, diz a nota da Globo.

A ideia é centralizar a criação e produção de conteúdos de forma separada dos canais e serviços, agrupando os negócios digitais em uma única área e concentrando as expertises corporativas em núcleos de competência para apoio a toda a empresa. A busca de parcerias para explorar novos segmentos de negócio também faz parte do plano.

O comunicado de Jorge Nóbrega explica que a “marca Globo como a conhecemos hoje, sinônimo de TV aberta, passa a dar nome a uma empresa nova, ampliada, integrada e orientada a novos desafios e oportunidades. Estamos transformando nossos negócios atuais e desenvolvendo novos. A experiência digital mudou muito a maneira como o público consome mídia, conteúdos e serviços, e nós mudamos junto. O investimento que estamos fazendo em novas tecnologias e modelos de negócio não implica abandonar as nossas forças tradicionais. Nossa estratégia amplia a força da televisão, ao unir TV aberta e TV fechada às oportunidades digitais, com o consumidor no centro do negócio”.

Na nova estrutura, Paulo Marinho, neto de Roberto Marinho e filho de José Roberto Marinho, responderá pelos canais Globo (TV Globo, rede de afiliadas e canais de TV por assinatura).

A ‘Criação & Produção de Conteúdo’ será liderada por Carlos Henrique Schroder, que vai comandar a criação e produção, para todas as plataformas, de conteúdos de Entretenimento, Esporte e Jornalismo. A orientação editorial do jornalismo da empresa continuará sendo exercida pelo Conselho Editorial do Grupo Globo, que conta com a participação de Ali Kamel, diretor de Jornalismo da Globo, sob a bênção de João Roberto Marinho.

‘Produtos & Serviços Digitais’ estará a cargo de Erick Brêtas, gerindo o portfólio de iniciativas digitais, como  Globoplay, G1, Globoesporte.com, Gshow, a home da Globo.com, o Cartola e novos produtos e serviços.

A área de publicidade será uma só para todos os braços, batizada como ‘Soluções Integradas de Publicidade’, sob a direção de Eduardo Schaeffer. Nesse contexto, o verbo vigente é “monetizar”, conjugado para conteúdos lineares e digitais, com a missão de melhor explorar a receita publicitária oferecida pelo potencial de tantas telas.

A aquisição de diversos tipos de direitos necessários à produção audiovisual, principalmente em esporte e entretenimento, estará reunida em uma nova área, ‘Aquisição de Direitos’, sob a liderança de Pedro Garcia, que hoje cuida preferencialmente dos direitos de transmissão esportiva dos canais SporTV.

Comandada por Rossana Fontenele, a área de ‘Estratégia & Tecnologia’ será responsável pela proposição da visão de longo prazo do negócio, parcerias e alinhamento estratégico. ‘Tecnologia’, disciplina fundamental para a transformação da Globo em uma empresa mediatech, também se reportará a Rossana.

O diretor de Comunicação, Sérgio Valente, passa a responder pela área agora rebatizada como ‘Marca & Comunicação’.

‘Finanças, Jurídico & Infraestrutura’ responderá a Manuel Belmar. Claudia Falcão vai liderar ‘Recursos Humanos’. Paulo Tonet comandará ’Relações Institucionais’. E Marcelo Soares estará à frente da ‘Som Livre’ – acumulando essa função com a gestão do ‘Sistema Globo de Rádio’.

A ‘Editora Globo’, sob a direção geral de Frederic Kachar, permanecerá com gestão independente da nova estrutura Globo, se reportando a Jorge Nóbrega.

Roberto Marinho Neto assumirá a liderança da ‘Globo Ventures’, saindo do comando do Esporte. O texto enviado pela Globo define a nova área como setor responsável pelos “investimentos diretos dos acionistas em novos negócios, mantendo uma relação constante de proximidade e atuação articulada com a Globo”, seja lá o que isso queira dizer.

“O modelo que apresentamos é um passo muito importante em nossa jornada de transformação. Escolhemos nos organizar por produtos e serviços – lineares, digitais e publicitários – e não por gêneros de conteúdo, permitindo um olhar de portfólio multigênero e multiplataforma. Com isso, o Esporte deixa de se organizar como uma vertical de negócio. A criação e produção de conteúdo esportivo será parte da área integrada de Criação & Produção de Conteúdo e as demais funções estarão distribuídas nas outras áreas da empresa. Os ganhos alcançados com a integração do Esporte, em 2016, foram fundamentais para darmos esse passo hoje. Sob a liderança de Roberto Marinho Neto, fizemos história na cobertura das Olimpíadas e da Copa do Mundo, mas também na gestão integrada de direitos e no conhecimento do torcedor brasileiro, comprovando o potencial de atuarmos juntos”, esclarece o presidente executivo da Globo.

As mudanças começam a ser implantadas em janeiro, mas há mais desdobramentos desse planejamento a serem anunciados pelos próximos meses.

“Temos uma posição única no mundo. Temos na Globo os melhores talentos e agora, integrados, mais de 100 milhões de brasileiros passando por nossas telas todos os dias. Nos preparamos para nos relacionar diretamente com eles, através de inteligência e do conhecimento profundo que o enorme engajamento e a relevância dos nossos conteúdos nos proporciona. Para maximizar o valor dos nossos negócios como um todo, vamos ganhar mais eficiência com estruturas integradas, manter a qualidade dos nossos conteúdos, agregar tecnologia que nos permita experiências diversificadas de consumo e incorporar análises de dados do consumidor para alimentar a criação de conteúdos, a sua oferta direcionada, a melhoria dos serviços e a publicidade. Seremos em pouco tempo uma mediatech, com soluções mais flexíveis e ofertas muito variadas para as pessoas consumirem nosso conteúdo exclusivo por via digital ou da forma que elas quiserem. Essa Globo, que nasce em janeiro, é uma empresa única, com dois corações, um no conteúdo diferenciado e o outro na tecnologia e nas oportunidades que ela traz”, conclui Jorge Nóbrega.

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Cristina Padiglione

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