Por Cristina Padiglione | Saiba mais
Cristina Padiglione, ou Padi, é paga para ver TV desde 1990, da Folha da Tarde ao Estadão, passando por Jornal da Tarde e Folha de S.Paulo

Globo lança ‘Carcereiros’ na TV paga, mas ainda pisa em ovos ao explorar multiplataforma

Rodrigo Lombardi em 'Carcereiros': estreia no Mais Globosat

Aos poucos, a Globo vai experimentando a arte de explorar um mesmo título em várias janelas. Programada para estrear na TV aberta só no ano que vem, a série Carcereiros, que nasceu a partir do livro homônimo de Drauzio Varela e abrange uma parte documental mesclada à história dramatúrgica protagonizada por Rodrigo Lombardi, estreia hoje no canal Mais Globosat, às 21h30.

Com 12 episódios, o título está em cartaz na GloboPlay, só para assinantes do serviço, desde 8 de junho. A emissora tem se esmerado em experimentar uma espécie de pré-estreia em sua plataforma de vídeo sob demanda via internet apenas para quem paga por isso. A exibição de títulos inéditos, somada ao acervo de programação e a produções antigas (caso de Anos Rebeldes, que chegou ao menu da GloboPlay até para abastecer a curiosidade sobre o período da ditadura, retratado na novela atual das onze, Os Dias Eram Assim) tem sido uma prática acelerada pelo grupo desde o ano passado. Na próxima semana, por exemplo, dia 19, chegará à TV a série Filhos da Pátria, que há algumas semanas está inteiramente disponível para assinantes na GloboPlay.

Mas, no caso de Carcereiros, é a primeira vez que o Grupo Globo resolve explorar mais uma janela entre o streaming e a TV aberta: a TV paga, outra janela bancada via assinatura. Opções para tanto não lhe faltam. Uma produção que chega antes ao streaming pode passar pelo GNT, pelo Multishow, pelo Gloob, pelo Mais Globosat, pelo SporTV ou pelo Viva, antes de desembarcar na TV aberta. Aliás, o especial em tributo ao centenário de Chacrinha, que também será exibido pela Globo aberta esta semana (quarta, após a novela A Força do Querer) também estreou antes na GloboPlay.

Maior produtora de conteúdo para TV e cinema no Brasil, a Globo engatinha na convergência de mídias, ainda testando o que pode ser visto antes por quem paga a mais por isso. É verdade que, para isso, é preciso que a produção esteja pronta com prazo suficiente para ser explorada em mais um ou duas janelas, como acontece agora com Carcereiros e como se deu, por período mais curto na GloboPlay, com o especial de Chacrinha.

Ainda assim, não custa lembrar que não faz muito tempo, há coisa de três ou quatro anos, a TV Globo ainda resistia bravamente em oferecer ao espectador uma segunda chance para ver seu conteúdo. Um programa exibido às 21h de quarta-feira só poderia ser visto naquele horário, salvo para quem gravasse a atração por conta própria.

É muita transformação em curto prazo. Mas ainda parece haver receio de pisar nesse terreno multiplataformas. A chegada de Carcereiros ao Mais GloboSat, nesta segunda, mereceu uma publicidade muito discreta para o tamanho do produto, uma série premiada na MipCom, em Cannes, que retrata o árduo cotidiano de quem está encarcerado, mas não está preso: os agentes penitenciários. Dirigida por José Eduardo Belmonte, com direção de gênero de Guel Arraes, Carcereiros é uma coprodução da Globo com a produtora Gullane Filmes e vai render ainda um documentário longa-metragem para o cinema, após sua exibição pela TV aberta, com direção de Pedro Bial e Fernando Grostein.

A partir de hoje, o título também estará presente na plataforma sob demanda do canal Mais Globosat.

Ainda sobre o receio que o grupo Globo parece ter nesse universo de múltiplas janelas, devo observar que ao lançar a nova série sobre Nelson Rodrigues no Fantástico, ontem, o texto sobre o dramaturgo enumerou o que a emissora já realizou de sua obra, como a minissérie Engraçadinha e a série A Vida Como Ela É, exibida pelo próprio Fantástico nos anos 90. Era certo que os apresentadores informassem ao público que A Vida Como Ela É está em exibição, atualmente, pelo canal Viva, da grife GloboSat. Mas isso não ocorreu.

Parece até que a casa boicota a própria casa. Se sobram opções para explorar suas produções, falta senso de oportunidade ao grupo para tirar o melhor proveito de seu rico acervo, mesmo que esse cenário tenha melhorado substancialmente desde a chegada de Carlos Henrique Schroder ao comando do barco.

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Cristina Padiglione

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