Por Cristina Padiglione | Saiba mais
Cristina Padiglione, ou Padi, é paga para ver TV desde 1990, da Folha da Tarde ao Estadão, passando por Jornal da Tarde e Folha de S.Paulo

Para evitar contaminação, Globo dá microfone a entrevistados

O governador Wilson Witzel segura microfone neutro em entrevista à Globo/Reprodução

Entre as várias normas de cuidados que o jornalismo da Globo adotou para esses tempos de coronavírus está um drible em outra norma: a de que o microfone nunca pode ser dado nas mãos do entrevistado. A premissa, no entanto, é um cuidado de segurança com a imagem da emissora: permitir que não funcionários tomem nas mãos um instrumento com a marca da Globo significa dar a “voz” da Globo a comandos de fora da casa. Assim, o microfone do entrevistado com a canopla da Globo sempre é de responsabilidade do entrevistador, do jornalismo aos programas de entretenimento.

Nesses dias de absoluto isolamento e higienização de objetos, no entanto, a Globo recomenda que os repórteres fiquem distantes de seus entrevistados, e como a distância de um braço esticado não é suficiente, as equipes têm carregado um microfone à parte só para os entrevistados, mas esses estão sem canopla com a marca Globo/GloboNews ou de afiliadas: são neutros, como mostra a imagem aqui do governador do Rio, Wilson Witzel, que deu entrevista ao Jornal Nacional deste sábado (20), sobre a falta de comunicação entre o governo federal e os governos estaduais, segurando seu microfone neutro.

Todos eles são esterilizados a cada ida e vinda de mãos diferentes com Lysoform. Os microfones de lapela são higienizados com álcool isopropílico. Cada equipe tem Lysoform para desinfetar microfones após cada entrevista na rua e álcool em gel em todos os carros. Estão vetadas entrevistas com pessoas com sintomas ou sob suspeita (e já que o presidente Jair Bolsonaro não dá entrevistas à Globo, não há exceções).

A Globo também tem tomado uma série de outras medidas de segurança no seu jornalismo. Ainda na sexta (20), logo após definir que Chico Pinheiro, 66, voltaria ao rodízio dos sábados do Jornal Nacional, a Globo suspendeu o expediente do jornalista e de todos os profissionais da área com mais de 60 anos, mais vulneráveis à contaminação do covid-19. A decisão atingiu também Carlos Tramontina, 63, apresentador do SP-2.

Fora isso, todos os profissionais de vídeo receberam kits de maquiagem próprio, evitando a circulação de pincéis, esponjas e batons entre vários profissionais. Os maquiadores passaram a trabalhar obrigatoriamente de máscaras cirúrgicas.

Em todas as redações há álcool isopropílico e lenços descartáveis para a limpeza dos teclados e de telefones. Há sachês antissépticos nas ilhas de edição e álcool gel nas bancadas.

Cada apresentador e repórter recebeu kit próprio de maquiagem. Maquiadores trabalham com máscaras cirúrgicas.

Além dos profissionais acima de 60 anos, grávidas e funcionários/colaboradores com doenças pré-existentes que os coloquem em grupo de risco só poderão trabalhar de casa, se puderem.

Quem tiver sintomas de gripe deve igualmente ficar em casa e, se puder, trabalhar de lá.

Viagens são item vetado no momento, a não ser em casos de extrema necessidade. Além de reunir um time de plantonistas dos sábados para o Jornal Nacional que já more no Rio, onde o noticiário é realizado, Sandra Annenberg passa a apresentar o Globo Repórter diretamente de São Paulo.

Na RedeTV!, Boris Casoy, 79, também foi afastado por ter idade compatível com o grupo de risco, valendo o mesmo para William Waack, 67, na CNN Brasil.

Até agora, o SBT não emitiu qualquer comunicado sobre Carlos Nascimento, 65, apresentador do SBT Brasil, nem a Record se pronunciou sobre o expediente de Celso de Freitas, 66 ou Augusto Nunes, 70.

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