Por Cristina Padiglione | Saiba mais
Cristina Padiglione, ou Padi, é paga para ver TV desde 1990, da Folha da Tarde ao Estadão, passando por Jornal da Tarde e Folha de S.Paulo

Globo acusa omissão do Jornalismo da Record e RedeTV! no caso Flávio Bolsonaro

Dony de Nuccio, apresentador do 'Hoje' / Reprodução de vídeo

A Globo citou as entrevistas que o senador Flávio Bolsonaro (PSL-RJ) deu neste domingo à Record e à RedeTV! sobre as suspeitas levantadas pelo Coaf a respeito da origem de movimentações financeiras em sua conta bancária.

Na sexta-feira, o “Jornal Nacional” revelou que o senador fez 48 depósitos de 2 mil reais cada em questão de minutos, na Assembleia Legislativa do Rio. No sábado, o “JN” mostrou que houve um pagamento de R$ 1 milhão por um título bancário.

No texto que a Globo menciona o caso e seus desdobramentos, nesta segunda-feira, no “Bom Dia Brasil” e no jornal “Hoje”, a emissora provoca a omissão de uma pergunta objetiva sobre os depósitos, mas que não foi feita pelos concorrentes: “Não foi perguntado ao senador em nenhuma das duas entrevistas, e por isso ele não respondeu, por que optou por fazer 48 depósitos de 2 mil reais com diferença de minutos e m cada operação, em vez de depositar a totalidade do que recebeu em espécie, de uma vez só, na agência bancária onde tem conta.”

Seria uma pergunta óbvia, mas não nas entrevistas da Record e da RedeTV!, cujos proprietários, Edir Macedo e Marcelo de Carvalho, declararam apoio público ao presidente Jair Bolsonaro, pai de Flávio.

A própria Globo, primeira a noticiar as informações envolvendo o senador depois que ele conseguiu ser atendido no STF no pedido para cessar as investigações sobre seu motorista e assessor, Fabrício Queiroz, não conseguiu ouvir Flávio Bolsonaro sobre o caso. Em vez de responder à emissora que noticiou sobre os depósitos, ele preferiu falar às emissoras que já se mostraram alinhadas ao governo do pai, Jair.

Eis o texto lido no “Bom Dia” e no “Hoje”:

“O senador Flávio Bolsonaro disse em entrevista à Rede Record e à RedeTV! que o pagamento de 1 milhão de reais de um título bancário da Caixa Econômica é referente a um apartamento que ele comprou na planta. No sabado, o Jornal Nacional mostrou que no relatório sobre movimentações atípicas de Flávio Bolsonaro, o Coaf destacou esse pagamento no valor de 1 milhão e 16 mil reais. O Coaf não identificou o favorecido, nem a data nem nenhum outro detalhe. Ontem, nas entrevistas, Flávio Bolsonaro disse que a Caixa quitou a dívida dele com a construtora e que ele então passou a dever à Caixa.  Disse ainda que vendeu o mesmo imóvel logo depois e que recebeu parte do valor em dinheiro vivo. Flávio Bolsonaro alega que depositou dinheiro na conta dele na Assembleia Legislativa do Rio em 48 envelopes de 2 mil reais porque era o local em que ele trabalhava e que esse valor era o limite para cada depósito no caixa automático. Na sexta-feira, o Jornal Nacional mostrou que o relatório do Coaf apontou como atípico o fracionamento de depósitos na conta de Flávio Bolsonaro no período de um mês. O relatório diz que o fracionamento desperta suspeita de ocultação de origem do dinheiro. Não foi perguntado ao senador em nenhuma das duas entrevistas, e por isso ele não respondeu, por que ele optou por fazer 48 depósitos de 2 mil reais com diferença de minutos e m cada operação, em vez de depositar a totalidade do que recebeu em espécie, de uma vez só, na agência bancária onde tem conta.

Aqui, o link para a matéria no jornal “Hoje”: https://globoplay.globo.com/v/7315770/programa/

 

Atualizando este post:

Boris Casoy respondeu às acusações da Globo, argumentando que fez as perguntas que deveriam ter sido feitas, e não pratica jornalismo “inquisitório”, como contou Maurício Stycer: leia aqui.

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