Por Cristina Padiglione | Saiba mais
Cristina Padiglione, ou Padi, é paga para ver TV desde 1990, da Folha da Tarde ao Estadão, passando por Jornal da Tarde e Folha de S.Paulo

Sem humor inédito, Globo se rende ao riso popular do ‘Vai que Cola’

Rafael Infante, Marcus Majella, Alexandre Porpetone, Cacau Protásio, Fiorella Mattheis, Gorete Milagres, Marcelo Médici, Catarina Abdalla e Emiliano D'Avila. Foto: Divulgação

A Globo se rendeu ao “Vai que Cola”, maior sucesso da TV paga, e vai exibir a 6ª temporada do humorístico a partir de 21 de dezembro, mas o horário não é muito grato para o programa, escalado para ocupar as férias de Pedro Bial, após o Jornal da Globo. O público que acompanha o Bial é muito pouco convergente (para não dizer nada convergente) com a plateia do “Vai que Cola”, mas é muito possível que outro nicho de telespectadores, em período de férias seja atraído para o humorístico.

É bem verdade que o público espelhado nos personagens do “Vai que Cola” concentra milhões de trabalhadores do mercado informal, aquele que não tem férias, mas vamos contar que uma parcela da população ainda consiga desfrutar desse benefício.

O fato é que desde que o Zorra Total havia virado apenas Zorra, com esquetes de comportamento e política ocupando o espaço de bordões, o humor popular na Globo se restringia às temporadas de reprises do “Sai de Baixo”, com aquele apartamento do Arouche que tinha lá o seu charme, e Caco Antibes (Miguel Falabella) nos preparando para conhecer nosso então futuro ministro da Economia, Paulo Guedes. Houve também, da mesma linhagem, o “Toma Lá, Dá Cá”, em fases de reapresentação nas tardes de sábado.

Mas faz tempo que um humor tão popular como o “Vai que Cola” não ocupava a tela da Globo, e agora estamos falando de um produto que ainda é inédito para uma grande massa de público.

De 2015 para cá, a Globo tem humor popular na TV paga e humor mais segmentado na TV aberta, um contrassenso.

O riso popular é muito bem-vindo e merece respeito. Entre chavões e caricaturas, há elementos muito bons no “Vai que Cola”, como o clássico personagem corintiano de Marcel Médici, o Sanderson, que nasceu em um Prêmio de Humor Multishow, em 1998 e “morou” no banco da “Praça é Nossa” por três anos.

Estranho é pensar que não há nenhuma outra alternativa de humor na Globo neste momento. Após “Zorra”, “Tá no Ar” e “Isso a Globo Não Mostra”, sobrou zero de conteúdo nessa seara. Muito se diz que a Globo, sem anúncio oficial, achou por bem enterrar os projetos de Marcius Melhem, acusado de assédio moral e sexual. Mas se televião é trabalho de equipe e tudo foi feito a muitas mãos, esquecer tudo o que foi feito nos últimos anos só corrobora o poder da chefia, em detrimento do tal trabalho de equipe.

Um substituto para o Zorra vem sendo preparado para entrar no ar lá para abril. Até lá, ficamos a rir de repetecos e, quando possível, do noticiário. Haja senso de humor.

À moda da sitcom, feito em palco com plateia presencial, o “Vai Que Cola” se concentra nas histórias dos moradores da pensão da Dona Jô (Catarina Abdalla).

No clima do início do verão, a 6ª temporada mostra os personagens saindo do Méier rumo a Praia Grande, litoral de São Paulo, para curtir alguns dias na casa de veraneio de Aurelina (Gorete Milagres), tia do motoboy Sanderson. Mas a temporada paulista terá de ser esticada porque a pensão é interditada devido a uma obra.

Como este é um tipo de humor construído sobretudo de mal entendidos, Terezinha (Cacau Protásio) simula uma gravidez. “Essa temporada que se passa em Praia Grande é muito especial porque trouxe um frescor para o programa. Os episódios são bem engraçados, com participações especiais, tenho certeza de que todos irão se divertir muito”, aposta Cacau Protásio, que celebra a estreia do programa na TV aberta após sete anos de sucesso no Multishow.

Médici fala da experiência com bom conhecimento de causa na vida real, de férias passadas na infância em São Vicente, próxima a Praia Grande: “Contei muitas histórias sobre essas recordações nos bastidores, lembrava de muitos lugares e hábitos dos tempos que passei por lá. Minha tia tinha um apartamento de veraneio, e meu sonho era morar ali, de frente pro mar!  O apartamento ficava fechado e sempre que a gente chegava tinha uma surpresa, um chuveiro queimado, uma geladeira que dava choque, uma torneira com vazamento, assim como acontece no programa”.

Rafael Infante, que vive Éricson, fala sobre a expectativa para a exibição na TV aberta. “Saber que esse programa que sempre fizemos com tanta dedicação será assistido por um número ainda maior de pessoas na TV Globo é maravilhoso. Quem já assistiu poderá curtir de novo, quem não assistiu vai se apaixonar e quem nunca ouviu falar vai ficar sabendo e terá a oportunidade de conhecer”, acredita o ator.

Matriarca da série, Catarina Abdalla também celebra sua volta à tela da Globo: “Fiquei feliz demais tanto pelo programa quanto pela minha volta para o canal. É uma emoção! O programa é feito de uma maneira muito dinâmica, e temos um elenco muito afinado, potente”, diz ela, com razão. A química em cena, um dos pontos que faz efeito para sitcoms, é ótima. “Com o passar do tempo, esse entrosamento foi só melhorando, nos divertimos cada vez mais. Nessa temporada estávamos com a corda toda, foi tudo muito alegre”, completa a atriz.

Luis Lobianco vive o carteiro Reginel, que não desiste de conquistar Terezinha e vai ao encontro dela na Praia Grande. “Ele cai ali de paraquedas, mas logo é acolhido. Gosto de sentir que o meu trabalho está na boca do povo e é demais pensar no ‘Vai que Cola’ sendo exibido na TV Globo, potencializando sua história”, empolga-se.

Tem ainda Zélio, o cobrador de ônibus, vivido por Paulinho Serra, que garante constatar a popularidade do programa até fora do país, quando faz shows de humor. “Quando me apresentei nos Estados Unidos e no Japão percebi o quanto os brasileiros que moram nesses países curtem o programa. É muito importante que ele tenha um alcance ainda maior”, afirma o humorista.

O elenco conta ainda com Marcus Majella, como Ferdinando, Samantha Schmütz, a Jéssica, aspirante à digital influencer, Emiliano D’Ávila como Máicol, namorado de Jéssica, Fiorella Mattheis na pele da trambiqueira Velna e Letícia Lima como a implicante Gabi do Lins. Aline Riscado vive a personal trainer Susan e o ator mirim e influenciador digital Isaac do VINE é o mascote Valdinho. Alexandre Porpetone estreou na temporada para interpretar Bruno Surfistão, um duvidoso guia e surfista local.
Entre os episódios selecionados pela Globo, tem até uma participação do mexicano Édgar Vivar, intérprete do célebre Sr. Barriga, do “Chaves”.

“Vai que Cola” irá ao ar na Globo a partir de 21 de dezembro, após o Jornal da Globo.
A sexta temporada do humorístico tem direção de César Rodrigues, João Fonseca, Regis Faria e Aaron Salles Torres.

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Cristina Padiglione

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