Por Cristina Padiglione | Saiba mais
Cristina Padiglione, ou Padi, é paga para ver TV desde 1990, da Folha da Tarde ao Estadão, passando por Jornal da Tarde e Folha de S.Paulo

Gracindo Jr. e Maria Zilda estão na 3ª temporada de ‘Magnífica 70’

Maria Luíza Mendonça, como Isabel, Marcos Winter, como Vicente, e Simone Spoladore, a Dora: 'Magnífica 70, produção original da HBO, realizada pela Conspiração

A Conspiração, sob direção de Cláudio Torres, começou a gravar a 3ª temporada da série nacional “Magnífica 70”, em dez episódios. Esta etapa começa com os “magníficos” separados e diante de um fato inesperado: a produtora Magnífica, na Boca do Lixo, foi consumida pelas chamas de um grande incêndio.

Ao elenco já conhecido da série, juntam-se Gracindo Junior, Maria Zilda Bethlem, Cristina Lago e Vinicius de Oliveira. Esta 3ª safra tentará reconduzir as figuras centrais da história às origens do que os fez chegar até aqui: a paixão pelo cinema. Em conflito com esta meta, Vicente (Marcos Winter) enfrenta seus fantasmas, Dora (Simone Spoladore) quer vingança, Manolo (Adriano Garib) tenta reerguer a produtora e Isabel (Maria Luíza Mendonça) terá de escolher entre o amor e as armas como melhor instrumento para a luta das mulheres.

Além dos “Magníficos”, a produção conta também com Mariana Lima (Marina), Leandro Firmino (Carioca), Charles Fricks (Wolf), Mario Gomes (Helio Pontes) e Taumaturgo Ferreira (Bruno Boaventura). .

“Magnífica 70” resgata o cenário da Boca do Lixo, cinema pornô na veia, em plenos anos 70. Vicente, o personagem central, é um talentoso roteirista que trabalha no Departamento de Censura do governo militar, cortando cenas dos filmes submetidos à avaliação de seu departamento. Assim que começa a ser aproximar de um set, sabe exatamente quais são os tipos de cena que suscitarão a ira da Censura e como driblar essa tesoura que ele mesmo ajuda a operar.

A série tem até uma figura que remete à famosa “doutora Solange”, a Solange Hernandes, famosa dona da tesoura que distribuía cortes nas obras de músicos, escritores e dramaturgos. Em “Magnífica 70”, ela é a “doutora Sueli”, chefe de Vicente, que se permite, graças à ficção, trabalhar com Vicente nos roteiros de filmes. A dupla passa então a aprovar apenas os filmes de sua “criação”, com créditos fictícios. “Mas podem desconfiar que a gente só aprove os filmes que na verdade são nossos”, alerta Vicente, em um dos bons diálogos da série. Ao que a chefe responde: “Quem vai desconfiar, Vicente? Quem tem o papel de desconfiar, aqui, somos nós, e se nós não desconfiamos, ninguém mais pode desconfiar.”

O texto dá uma dimensão do poder que cabia ao departamento de Censura e acaba por ridicularizar as restrições impostas pelos militares, ao mostrar como o roteirista diz o que quer, de um modo ligeiramente velado. A primeira temporada (que, aliás, endossava de cara a ridicularização dos militares, por meio do personagem de Paulo César Pereio, sogro de Vicente), encerrou-se com o falso triunfo dos heróis: Vicente convertido ao cinema, Dora se assumindo como atriz, Manolo dono da Magnífica e Isabel livre do domínio do pai general.

A segunda temporada é quando tudo dá errado: Vicente dominado pelo seu lado sombrio, Dora prisioneira de assassinos pornógrafos, Manolo tocando fogo na Magnífica e Isabel entrando para a luta armada.

Que venha a terceira safra.

 

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Cristina Padiglione

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