Por Cristina Padiglione | Saiba mais
Cristina Padiglione, ou Padi, é paga para ver TV desde 1990, da Folha da Tarde ao Estadão, passando por Jornal da Tarde e Folha de S.Paulo

HBO finalmente põe no ar a série ‘Destino Salvador’, pronta há mais de 2 anos

Imagem da série 'Destino Salvador', da O2 Filmes para a HBO

Há mais de dois anos pronta, a 3ª temporada da série “Destino…”, que já teve São Paulo e Rio de Janeiro como focos, chega à tela da HBO, tendo Salvador como cenário. Produzida pela 02 Filmes exclusivamente para o canal, “Destino Salvador” tem seis episódios, como as outras duas temporadas, e já estreia no dia 7 de janeiro, domingo, às 22h, com exibição semanal.

Com direção geral de Fábio Mendonça, “Destino…” apresenta crônicas vivenciadas por estrangeiros que adotaram as respectivas cidades de cada temporada como moradia, abordando temas como amor, violência, barreiras culturais e diferenças religiosas.

Em “Destino Salvador”, as histórias contadas retratam um personagem por episódio: Kotryna, uma fagotista lituana que vem participar de um intercâmbio em Salvador e encontra o amor; a adolescente moçambicana Noa, filha de pastor evangélico, que se apaixona por um adepto do candomblé; o português Manoel, assombrado pelo espírito de sua mulher falecida; a francesa Pauline, uma hippie cinquentona que aprende que ser amiga da filha não basta, é preciso ser mãe; o mexicano Carlos, que é nocauteado por um dos lutadores do torneio clandestino que organizou; Gerard, o restaurador alemão que, ao lançar um novo olhar sobre a cidade, acaba escolhendo caminhos perigosos.

Da mesma forma como aconteceu nas temporadas de São Paulo e Salvador, a O2 optou por encontrar estrangeiros que foram treinados para entrar em cena, dando mais veracidade às narrativas, agora contadas na língua natal dos cidadãos da Lituânia, México, Portugal, Moçambique, Alemanha e França.

Entre as locações da nova temporada estão a Ponta do Humaitá, a Praia do Rio Vermelho, o Teatro Castro Alves e as tradicionais ruas de Salvador. Além de assuntos do cotidiano, a produção também retrata as temáticas do submundo baiano como as drogas, roubos e assassinatos.

Produção nacional

Diferentemente de Rio e Salvador, onde os estrangeiros chegam por motivos diversos e se espalham pela região, a primeira temporada da série, em São Paulo mapeia a imigração que caracteriza a cidade por bairros: coreanos no Bom Retiro (que um dia já foi território majoritariamente judeu), judeus nos Jardins (como poderia ser em Higienópolis), nigerianos no Centro, sul-americanos em Santa Cecília, como artistas de rua, além de chineses e bolivianos, alvo do belíssimo episódio de estreia, “O Dia da Independência”, sobre um menino discriminado na escola.

Episódio de estreia da série, em São Paulo, com bolivianos: ‘O Dia da Independência’

Considero “Destino São Paulo” uma das melhores propostas já exibidas pela HBO de todo o catálogo que o canal produziu no Brasil, seja de obras originais (inteiramente bancadas pelo investimento da HBO, e portanto de propriedade do canal) ou de obras que usam recursos públicos por meio de leis de incentivo (e que, portanto, pertencem à produtora brasileira).

Infelizmente, a HBO trata com enorme distância as produções que lhe pertencem (as ditas “produções originais”) das produções feitas com verba do governo, o que é o caso de “Destino…”, cuja estreia foi anunciada quase em cima da hora, após tanto tempo mofando na gaveta. Embora tenha sido feita exclusivamente para a  HBO, a trilogia de “Destino…” obrigatoriamente pertence à O2, que dentro de um prazo de cinco anos após sua exibição pelo canal, pode negociar sua subvenda para outras emissoras e negociar sua venda mundo afora.

A HBO sempre prefere fazer suas maiores apostas em títulos que serão de seu inteiro domínio. Dos canais estrangeiros, é o que mais investe em produções originais. Mas produções “originais”, mesmo feitas no Brasil, não valem para cumprir a cota de produção nacional exigida por lei na TV paga, e de todo modo o canal é forçado a realizar produções cujos direitos serão de produtoras brasileiras para preencher as cotas (3h30 de cenas nacionais por semana no horário nobre de cada emissora paga).

Mesmo sendo de propriedade da O2, o fato de ser produzida prioritariamente para o canal (que, afinal, usou dos impostos que lhe caberiam para bancar a produção) , “Destino…” foi construída em modelo de parceria, sendo discutida entre produtora e canal desde o papel. No caso de “Destino Salvador”, a realização é assinada por Roberto Rios, Paula Belchior e Patrícia Carvalho, da HBO Latin America Originals, com Andrea Barata Ribeiro e Bel Berlink, da O2 Filmes, com recursos da Condecine (o tal artigo 39).

Quem não viu o quiser rever as temporadas anteriores, pode acessar a HBO GO, desde que seja assinante do serviço por meio de algum pacote de TV paga ou de modo à la carte, via streaming. Vale muito a pena.

Curta nossa página no Facebook e siga-nos no Twitter

Cristina Padiglione

Cristina Padiglione