Por Cristina Padiglione | Saiba mais
Cristina Padiglione, ou Padi, é paga para ver TV desde 1990, da Folha da Tarde ao Estadão, passando por Jornal da Tarde e Folha de S.Paulo

Passado de ginasta ajudou Alice Wegmann em ‘Onde Nascem os Fortes’

Maria ( Alice Wegman ) e Hermano ( Gabriel Leone ): em cena, atriz corre, pedala, salta de caminhão, em meio a muita poeira do sertão. Fotos: Estevam Avellar/Divulgação

Quando chegou a Cabaceiras, no sertão paraibano, para gravar a nova macrossérie das onze, “Onde Nascem os Fortes”, Alice Wegmann foi logo convocada pelo diretor José Luiz Villamarim para gravar cenas de trilha de bicicleta em terra. As trilhas são o que atraem Maria, sua personagem, e o irmão, Nonato (Marco Pigossi). à fictícia Sertão, nome da cidade da trama de George Moura e Sérgio Goldenberg. Em outra sequência, já na desesperada busca pelo irmão, então desaparecido, e na fuga dos capangas de Pedro Gouveia (Alexandre Nero), Alice exibe uma intensidade capaz de impressionar o espectador.

“Ela é a pessoa certa na hora certa pra fazer esse personagem”, diz Villamarim, lembrando que Alice teve uma infância como ginasta artística, o que pesou muito a favor de seu desempenho na produção. “A gente vai para o set, que eu chamo de set vivo, e em pelo menos uma vez daqueles cinco ou dez planos que a gente faz em um dia há uma catarse”, conta o diretor, logo após me mostrar em primeira mão uma sequência de tirar o fôlego de “Onde Nascem os Fortes”, em uma ilha de edição dos Estúdios Globo. “Essa cena que você viu dela na poeira, a gente terminou eu e ela abraçados, chorando, e era o aniversário dela, de 22 anos (em 3 de novembro). Foi o momento de uma catarse mesmo, foi a quarta ou quinta vez que rodou, e eu olhei pra ela e falei: ‘ela não vai ter capacidade pra fazer de novo'”, tamanha era a exaustão da atriz.

Pergunto se ele é do tipo de diretor que grava a cena muitas vezes só para exaurir o ator e arrancar dele o ápice de sua comoção. “Não, eu já enlouqueço logo na largada”, fala. “Ela chegou e eu já botei ela pra correr na bicicleta, aí é processo, aí entra música, o jeito de estar no set, concentração. O set é um lugar de que você sai morto porque é uma entrega, não é um lugar pra técnica”, e logo explica: “O ator técnico não me interessa. Interessa que ele domine a técnica, para que ele chegue no set e se revele, se jogue e vá. A técnica está inerente, mas eu quero fazer alguma coisa que cruze essa linha, e a Alice é essa atriz que se joga, que ainda tem uma característica que eu acho sensacional: ela é humana, ela é normal, ela não tem uma coisa que está aí nas revistas, isso dá uma humanidade a esse personagem, e ela é ginasta. Essa personagem precisava correr, subir em caminhão, dar tiro, ter coragem.”

Maria ( Alice Wegman) se separa de Hermano ( Gabriel Leone ) em ‘Onde Nascem os Fortes’.

Quando fala em “música no set”, Villamarim nos faz lembrar que é um diretor que trabalha com músicas no ambiente de gravação, não necessariamente da trilha sonora. “A Maria, por exemplo, tem a música que eu usei com ela no teste e ela sabe qual é. Quando precisa, a gente põe aquela música no set para afetá-la,  desperta nela uma emoção. Afeta na hora, isso não só ela, mas a equipe toda. A música é uma arma, no bom e no mau sentido. Se pegar Wagner… (risos) No set, todo mundo lembra, eu uso música que chego a ser chato.”

O diretor conta que não é incomum receber um telefonema de Moura entre 6h e 6h30 da manhã para lhe contar sobre algum personagem ou trecho, quando o autor já “começa a chorar”. “Eu falo para os atores e para toda a equipe: ‘isso aqui é feito por um cara que se emociona quando faz’. A gente tem a opção de escolher os atores.”

Autores e diretores não estão fechados a sugestões do elenco. “Às vezes acontece, sei lá, o Irandhir (Santos) me dá uma sugestão para acrescentar alguma coisa no personagem, e eu ligo para o Moura ou para o Gold e eles topam, não estamos fechados a isso. Mas é preciso ir para o set sabendo o que a gente vai fazer. Esse negócio de improvisar na hora não funciona. Noventa por cento do que a gente acabará fazendo está totalmente programado”, completa.

Com belas chamadas já no ar, o título estreia dia 23. E pelo trecho a que tive a oportunidade de assistir, é de perder o sono. No melhor sentido.

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Abaixo, um trailer da nova produção.

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