Por Cristina Padiglione | Saiba mais
Cristina Padiglione, ou Padi, é paga para ver TV desde 1990, da Folha da Tarde ao Estadão, passando por Jornal da Tarde e Folha de S.Paulo

Willian Corrêa deixa TV Cultura por conflitos com nova direção da emissora

Willian Corrêa, ex-diretor de jornalismo da TV Cultura e apresentador do Jornal da Cultura / Reprodução

Willian Corrêa não ficará nem um mês na direção de jornalismo da TV Cultura e na apresentação do Jornal da Cultura após sua volta de Angola, onde esteve no último ano. Ele havia reassumido suas posições após voltar ao Brasil, mas as novas diretrizes da TV Cultura, agora com José Roberto Maluf na presidência da Fundação Padre Anchieta, levam Corrêa a sair de vez da casa.

Nos bastidores, a saída é atribuída à discordância de Corrêa às mudanças propostas para o Jornal da Cultura. A nova direção da casa estaria disposta a escalar um casal para apresentar o noticiário, formato seguido por todos os canais de TV, sem mais a presença de dois comentaristas na bancada, muitas vezes discordantes sobre os temas propostos.

Por entender que esses são os grandes diferenciais do JC, Corrêa teria pedido seu desligamento da emissora.

Oficialmente, a Cultura ainda não se manifestou sobre o caso e sobre quem assumiria o jornalismo da emissora, que ficou sob o comando de Ricardo Taira durante a ausência de Corrêa.

O jornalismo da TV Cultura é um campo delicado, para não dizer minado, desde sempre. Como a emissora é financiada sobretudo por verba repassada diretamente do governo do Estado, os aliados ao Palácio do Governo querem ter nesse noticiário uma voz de apoio, enquanto os adversários são suscetíveis a qualquer suspeita de favorecimento ao lado de quem paga a conta (na verdade, quem paga a conta é o cidadão, mas quem controla o caixa, como se sabe, é o governante da vez).

O conflito que se apresenta agora, no entanto, ao menos até aqui, diz respeito unicamente ao formato do noticiário, e não de seu teor editorial. Não chegamos ainda nessa parte, ou não que saibamos.

A presença dos comentaristas na bancada de fato faz toda a diferença entre o Jornal da Cultura e os demais telejornais. Em um universo onde as pessoas são bombardeadas por informações o dia todo, por rádio, internet e redes sociais, ouvir a análise de gente que pensa (ou ao menos finge pensar) é uma boa alternativa e rende repertório a quem assiste.

Já a questão de escalar casal para apresentação é coisa antiga. Boris Casoy sempre se queixou dessa imposição. A Globo também insistiu na presença de casal no Jornal da Globo, o que depois se mostrou desnecessário, e agora esse mantra volta a rondar os planos de reforma de noticiário de TV, em nome de velhos conceitos.

O jogo está só começando. Vamos buscar a pipoca e acompanhar.

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Cristina Padiglione

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