Por Cristina Padiglione | Saiba mais
Cristina Padiglione, ou Padi, é paga para ver TV desde 1990, da Folha da Tarde ao Estadão, passando por Jornal da Tarde e Folha de S.Paulo

Letícia Colín agradece a Rosa a chance de denunciar intolerância e machismo

Rosa (Letícia Colin) é expulsa de casa pelo pai, Agenor (Roberto Bonfim), para o desespero da mãe, Nice (Kelzy Ecard)

Logo após a exibição da cena em que Rosa é humilhada pelo pai, Agenor (Roberto Bonfim), no capítulo da novela “Segundo Sol” exibido nesta quarta-feira, a atriz Letícia Colin, intérprete da personagem, postou um vídeo em seu perfil no Instagram, agradecendo a chance de “deflagrar essa violência contra as diferenças, essa covardia que é o machismo”. “Obrigada, Rosa”, encerrou ela.

No capítulo do dia, Agenor fica sabendo que a filha é prostituta e a expulsa de casa, escorraçando a moça diante dos vizinhos, na frente de casa, sob o choro sofrido da mãe, Nice (Kelzy Ecard), a quem o marido acusa de ser a culpada por tudo, inclusive de uma filha ser lésbica (Maura/Manda Costa) e de a outra ser  “puta”.

Eis o vídeo e seu depoimento:

Sou grata a Rosa. Vivê-la é me revirar. É dançar, é fluir, e gritar, é repensar. Rosa é livre e sabe disso. É dona de seu destino, da sua vida e de seu corpo. Enfrenta o que for por seus objetivos. E por ser livre, numa casa onde a mulher não tem voz, passa a ser tratada como uma “aberração”. Duas filhas, “uma puta e outra sapatona”, seu pai diz. E a “culpa”- oi? – disso é da mãe das meninas, afinal ele “cumpriu com suas obrigações”, dando o sustento ao lar. É assim que funciona o machismo: a glória aos homens, e a culpa, a vergonha, a sombra, sempre para a mulher. A sequência da expulsão de Rosa foi um momento marcante da minha carreira. Vivi intensamente esses dias de gravação e pude mais uma vez me orgulhar dessa história foda que estamos contando, dessa mulher incrível criada pelo João Emanuel e desse trabalho de provocar o pensamento, estimular o diálogo. O ser humano tem valor. O ser humano cria, pensa, vive. O ser humano é pra viver, com sua diferença e singularidade. Rosa, eu te amo! Obrigada por tudo isso que estou vivendo com você.

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A sequência desta quarta foi bastante intensa. Da fúria do pai ao choro de mãe e filha diante da indignação dos vizinhos, tudo caminhou para um slow motion que se fechou com o grito desesperado de Nice chamando pelo nome da filha, numa evolução capaz de acelerar a comoção do espectador.

A seguir, a edição perdeu um pouco a mão, ao focalizar Rosa sozinha, isolada e desolada, ao som de Cartola em “A Vida é Um Moinho”, com os cabelos esvoaçantes e a expressão congelada, como se ela estivesse num videoclipe. Não precisava. Mas o encerramento equivocado não reduziu o valor da cena.

Expulsa de casa, Rosa se reencontra com Ícaro (Chay Suede) e vai morar no casarão ocupado pelos jovens que lá moram em sistema de colaboração mútua.

Rosa vem se rebelando contra o pai desde o início da novela de João Emanuel Carneiro, e nos capítulos que antecederam a revelação sobre seu ofício, ela vinha brigando com ele pela aceitação à orientação sexual de sua irmã, Maura.

 

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