Por Cristina Padiglione | Saiba mais
Cristina Padiglione, ou Padi, é paga para ver TV desde 1990, da Folha da Tarde ao Estadão, passando por Jornal da Tarde e Folha de S.Paulo

‘Malhação: Viva a Diferença’ inspira Ensino Público e promove a riqueza das diferenças

Um parto em pleno vagão do Metrô é o ponto de partida da história. Foto de Ramómn Vasconcelos/Divulgação

Depois de uma “Malhação” que retomou o ambiente da academia de ginástica e todas as frivolidades desse entorno como tema, a soap opera da Globo, narrativa ficcional de maior longevidade da grade fixa da emissora, promete exibir um engajamento social extra. O cenário também sofre uma transformação radical. São Paulo e toda a sua neurose, contemplada por tanta gente diferente em um mesmo quadrado, será pela primeira vez palco da novela teen da Globo. E podemos dizer também que os créditos de Cao Hamburger nessa nova temporada se apresentam como fator essencial para uma boa expectativa. Há elementos presentes na sinopse que bem endossam a torcida por um efeito útil à sociedade na história do título.

É claro que, não sendo isso um Telecurso, a coisa só funciona se vier embalada em uma boa trama de entretenimento, e isso parece haver.

Cinco meninas diferentes se conhecem em um vagão de metrô, quando uma delas entra em trabalho de parto e é auxiliada pelas demais. Embora morem no mesmo bairro, elas são de realidades distintas e não se conhecem. Algumas até se estranham no primeiro contato. Duas estudam em escola particular e três, em escola pública. Esse contraste já traz à tona alguma reflexão sobre ensino, mas Cao quer mais. “Mais do que apontar os problemas, o mais legal é despertar o quanto pode ser feito por soluções para a escola pública”, disse ele ao TelePadi, por ocasião do lançamento do título, há alguns dias, em São Paulo.

Como acontece em boa parte das escolas públicas brasileiras, todas elas repletas de problemas e sem recursos suficientes, a escola pública da “Malhação” será razoavelmente bem sucedida por mérito quase exclusivo de sua diretora. “A diretora é que determina a qualidade da escola”, conta Cao. “O ensino só dá certo quando o diretor se envolve, e a nossa diretora é incrível”. Ele tem razão. Todas as experiências bem sucedidas do Ensino Público, Brasil afora, na vida real, têm em comum a presença de alguém com grandes iniciativas.

No elenco, tem a “japa”, que logo refuta o apelido, anunciando que tem nome (Cristina, papel de Ana hikari), tem aquela que recusa ajuda das riquinhas, por viverem outra realidade, tem o garoto negro que surpreende ao perguntar: “pensou que eu ia te assaltar, né?” As diferenças aparecem de todos os lados, entre brancos, negros, pobres e menos pobres, enaltecendo a riqueza da pluralidade e os preconceitos vigentes no dia a dia. Não é à toa que um verso dos Titãs, “Riquezas são diferentes” (índio, mulato, preto e branco: riquezas são diferentes), extraída da música “Miséria”, foi o primeiro batismo da temporada que estreia nesta segunda, dia 8 de maio.

Além de se passar em São Paulo e destacar o respeito às diferenças, “Viva a Diferença” se apresenta também pelo olhar feminino. Temos aí cinco protagonistas, todas mulheres, desafiando a plateia a enxergar o mundo pela ótica delas. As meninas são Ana Hitoki, já citada, Daphne Bozaski (que Cao trouxe da ótima série feita para a Cultura, “Que Monstro Te Mordeu”? – atualmente ela também está em cartaz no Warner Channel, pela série “Manual para se Defender dse Aliens, Ninjas e Zumbis), Gabriela Medvedoski, Manoela Aliperti (nome apresentado pelo diretor Luiz Villaça na série “Três Terezas”, da Bossa Nova Films para o canal GNT) e Heslaine Vieira . “Acho que coincide muito com a importância de a gente também pensar sobre o papel da mulher, o respeito à mulher, tudo isso veio meio junto com a ideia de fazer em São Paulo”, endossa Cao

A feminilidade se mantém na abertura, com uma canção de Karol Comká que, segundo Cao, “parece que foi feita sob medida para a novela: fala muito das diferenças de todos os tipos, estética, religiosa e social”, justifica. “E eu estava com vontade de falar sobre isso, pensar sobre isso, conviver com as diferenças como um situação que remete a riqueza”.

 

A presença de São Paulo será notada não só nos ângulos gravados na cidade de verdade, e não na cenográfica, onde se passa 90% do expediente, para anunciar sua identidade. Veremos os motoboys alucinados em costurar o trânsito para chegar em tempo de entregar as encomendas feitas pelos não menos alucinados clientes, veremos a periferia da Pauliceia, veremos algum equilíbrio na mistura de tons de pele, de grana, cultura e idade, mas não veremos, prometem Cao e o diretor Paulo Silvestrini, nada que destoe de um universo mais amplo, chamado Brasil.

A Globo produziu conteúdo exclusivo para a web, com foco na promoção da nova “Malhação”, e clipes que instigam a plateia a comparecer diante da tela.

Lúcio Mauro Filho, como pai da adolescente grávida, Marcello Anthony, Malu Galli, Angelo Antonio, Mouhamed Harfouch, Aline Fanju, Matheus Abreu, Bruno Gadiol, Talita Younan, Carol Macedo, Giovanna Grigio e Isabella Scherer também estão no elenco.

A equipe de redatores conta com um expert em gírias da geração das meninas da ficção. O time que acompanha Cao na redação do texto é formado por Luciana Pessanha, Vitor Brandt, Jaqueline Vargas, Mário Viana, Renata Martins e Charles Peixoto (supervisão).

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Cristina Padiglione

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