Por Cristina Padiglione | Saiba mais
Cristina Padiglione, ou Padi, é paga para ver TV desde 1990, da Folha da Tarde ao Estadão, passando por Jornal da Tarde e Folha de S.Paulo

Marcelo Tas provoca Preto Zezé na 100ª edição do programa

Marcelo Tas entrevista Preto Zezé, presidente da Cufa. Foto: Julia Rugai/Divulgação

Programa reformulado por Marcelo Tas a partir de um formato consagrado por Antonio Abujamra, o #Provoca chega à edição de número 100 na próxima terça-feira (3), na TV Cultura, tendo como foco o ativista Preto Zezé.

Presidente da Cufa –Central Única das Favelas–, Preto Zezé fala, evidentemente, sobre racismo, assunto que tem permeado o programa com frequência, inclusive na conversa de duas semanas atrás, com o ótimo Paulo Vieira. Mas fala também do relevante trabalho feito pela Cufa ao longo da pandemia. Conta como as comunidades foram impactadas pela crise sanitária e dá o papo reto sobre o papel das favelas na economia brasileira.

“Eu descobri que era preto com 15 anos”, conta o ativista. Preto Zezé relembra que, ao ouvir a música Negro Limitado, do Racionais MCs, enxergou sua realidade. Ao lembrar da letra da música, diz: “Uma raquetada que eu levei. (…) Eu estava ainda achando que era um ‘marrom bombom’, que racismo não existe, tentando fugir disso porque não é uma coisa muito fácil você abrir uma porta dessas dores, não”.

Na edição, ele conta que conseguiu transformar raiva em indignação, pois a raiva é uma coisa momentânea e descontrolada, e que o rap “de certa formou ajudou a organizar a revolta e a politizar o ódio”. “E aí, quando você politiza o ódio, sai da agenda de ódio, somente uma reação, para indignação. A indignação é permanente”.

Sobre o que chamam de “racismo velado”, diz, francamente: “Gente, se é velado com uma pessoa negra morta a cada 23 minutos, todos os indicadores sociais negativos para a população negra mesmo ela produzindo 1.70 na economia? Se a gente estar excluído da sociedade é algo velado, eu fico perguntando: ‘o que seria explícito?’.”

Tas informa que há 13 milhões de pessoas movimentando R$ 120 bilhões nas favelas, e Preto completa:  “É um país chamado favela, né? Que muitas vezes, quando é retratado publicamente, há um estigma sobre território, remete sempre a miséria, a tragédia, a desgraça. Não se percebe que é de lá que sai a inovação”.

Com conversas quase sempre capazes de acrescentar elementos ao poder de argumentação do espectador, o #Provoca, nessas 100 edições, ouviu gente como Ciro Gomes, Rita Lobo, Ailton Krenak, Erika Hilton, Paolla Carosella, Fernando Henrique Cardoso, Ronnie Von, Marisa Orth, Monja Coen, Fernando Haddad, Jô Soares,  Denise Fraga, Renato Meirelles, Tábata Amaral, Silverto Pereira, Boris Casoy e Luiz Henrique Mandetta, entre outros tantos.

O programa vai ao ar às terças, às 22h.

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Cristina Padiglione

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