Por Cristina Padiglione | Saiba mais
Cristina Padiglione, ou Padi, é paga para ver TV desde 1990, da Folha da Tarde ao Estadão, passando por Jornal da Tarde e Folha de S.Paulo

Marcílio Moraes avisa que Globo enfim pagou por novela no Viva

Antiga queixa de roteiristas e atores, a falta de pagamento da Globo pela exibição de produções do acervo da emissora no canal Viva, do mesmo grupo da família Marinho, pode estar a caminha de resoluções.

Autor da novela “Sonho Meu”, atualmente em exibição no Viva, Marcílio Moraes informou nesta quarta (13), publicamente, por sua página no Facebook, que foi pago pela Globo pela exibição da novela de 1993.

“Amigos, como todo mundo sabe, andei reclamando publicamente da TV Globo por causa do não pagamento dos meus direitos sobre a exibição de novelas minhas na tv fechada e no streaming”, inicia Marcílio. “Pois, hoje, estou aqui para tirar o boné para a TV Globo, que decidiu pagar pela exibição da minha novela ‘Sonho Meu’, no Canal Viva.”

“Perguntei a vários colegas autores e fiquei sabendo que nenhum deles até hoje recebeu pela exibição no Canal Viva”, informa o autor. “Será mesmo que sou o primeiro? Não importa, o que quero expressar é o desejo de que a atitude da Globo seja um bem-vindo sinal de que a empresa está disposta a negociar com os autores roteiristas a ampla remuneração pela exibição pública das nossas obras. Valeu, Globo.”

A Globo sempre afirmou remunerar a todos pelas vendas de suas obras, honrando os percentuais combinados em contratos firmados no período das produções originais. Acontece que boa parte do que o Viva já exibiu ao longo desses dez anos do canal, assim como acontece com os títulos agora disponíveis no streaming do GloboPlay, foi produzida antes de o Viva e de o GloboPlay existirem, e não há menções nos contratos originais aos dois modelos de negócios. Ou seja, cabe agora à empresa um acerto sobre esse novo uso da “mercadoria” com os envolvidos em cada projeto.

Patrícia França e Leonardo Vieira em ‘Sonho Meu’ / Reprodução

Ao tornar pública a sua remuneração por “Sonho Meu”, Marcílio ajuda a resolver também o não pagamento a outros colegas, que poderão reivindicar o mesmo, e expõe a Globo a um precedente diante de outros profissionais.

O blog consultou outros autores para saber se a Globo já fez menção de pagá-los por novelas suas lá exibidas, mas não tomou ainda conhecimento de outro caso como o do criador de “Sonho Meu”.

Aguardemos.

Já o streaming continua sendo um território ainda invicto no que diz respeito ao pagamento por direitos autorais e direitos de imagem, não só no caso da Globo, mas de todo o mercado audiovisual brasileiro. Na semana passada, roteiristas da Gedar, Gestão de Direitos de autores e roteiristas, lançaram um manifesto para reforçar a briga pelo pagamento de direitos autorais para cada exibição da obra, como acontece na indústria da música.

As queixas sobre as exibições no Viva e no streaming envolvem também atores. Sônia Braga chegou a processar o canal pelos direitos de imagem da reprise de “Dancin’Days”, mas não obteve sucesso.

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Cristina Padiglione

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