Por Cristina Padiglione | Saiba mais
Cristina Padiglione, ou Padi, é paga para ver TV desde 1990, da Folha da Tarde ao Estadão, passando por Jornal da Tarde e Folha de S.Paulo

Moacyr Franco chega aos 80 com menos do que merece

Moacyr Franco, caracterizado para o quadro 'Gabriel A Caminho do Céu', joga bolo nos colegas de 'A Praça É Nossa'. Crédito: Leonardo Nones/Divulgação

Moacyr Franco, caracterizado para o quadro ‘Gabriel A Caminho do Céu’, joga bolo nos colegas de ‘A Praça É Nossa’. Crédito: Leonardo Nones/Divulgação

Antes que se fale da homenagem que Carlos Alberto de Nóbrega prestou a Moacyr Franco por seus 80 anos no banco da ‘Praça é Nossa’, em edição a ser exibida nesta quinta à noite, pelo SBT, é bom grifar: o aniversariante em questão está muito além das celebrações que tem recebido. Merece mais e não é de hoje. Não é pelos 80, mas também é pelos 80, idade que não o impede de criar, debochar, refletir, fazer rir e ser um ótimo contador de histórias, como tem sido ao longo das últimas seis décadas, no mínimo. Ainda que Carlos Alberto lhe dê abrigo permanente naquele banco e que seja ele um dos melhores momentos do programa, sempre, é um desperdício que o SBT não usufrua mais de seu contratado.

A última contribuição extra-‘Praça é Nossa’ que Moacyr prestou ao SBT foi a adaptação de um seriado argentino, ‘Meu Cunhado’, que fazia com Golias. Foi muito bem em audiência e muito reprisado, como é de praxe na TV do Silvio Santos, mas o patrão não deu andamento a outras temporadas, lembrando que essa proposta lhe foi feita bem antes que Golias se retirasse de cena. Moacyr Franco tem sempre dois ou três projetos debaixo do braço, e a vida vai passando.

Perito em resgatar gente bacana que fica, sabe-se lá por que, esquecida em determinadas gavetas, Selton Mello botou Moacyr Franco em cena no seu ‘O Palhaço’, filme que também contou com Jorge Loredo, o Zé Bonitinho, e Paulo José, em 2011. Até então tratado como figura brega por uns, virou cult, só por causa do filme do Selton. É espantoso como esses conceitos se invertem de um dia para o outro.

No programa desta quinta, Moacyr ganha um bolo surpresa trazido ao palco a pedido de Carlos Alberto: “Pensou que eu ia esquecer do seu aniversário?”, provoca o anfitrião. Emocionado, e ele realmente chora vendo comercial de margarina, Moacyr se comoveu, para, em seguida, iniciar uma guerra de bolos na cara dos colegas, no mais autêntico pastelão abraçado pelo programa.

Algumas coisas sobre Moacyr Franco:

  • Autor de grandes sucessos musicais, foi gravado pelos maiores nomes do universo sertanejo e por ídolos do rock, como Rita Lee (“Tudo Vira Bosta”). São dele os clássicos “Ainda Ontem Chorei de Saudade” e “Seu Amor ainda é tudo”, que ganharam várias gravações de outros artistas.
  • Com 33 discos, recebeu mais de mais de 42 Discos de Ouro, prêmio que a indústria fonográfica, em outros tempos, dava a quem vendesse 100 mil cópias.
  • Mendigo, personagem que até hoje circula pela ‘Praça’, é uma criação sua e foi também sua estreia na TV, ainda na ‘Praça da Alegria’, de Manoel da Nóbrega, pai de Carlos Alberto, nos anos 60.
  • Sofreu um grave acidente de carro que interrompeu sua carreira nos anos 70.
  • Foi deputado federal, pelo PTB e chegou a 411 mil votos para o Senado, mas não levou.
  • Lançou talentos na TV, como Rosana Garcia, a Narizinho do ‘Sítio do Picapau Amarelo’ dos anos 70, sua afilhada. Rosana deixou a carreira na tela, mas daquele clã viria também Isabela Garcia, até hoje em cena.
  • Participou da versão da ‘Praça da Alegria’ na Globo, então apresentada por Luís Calos Miéle.
  • Ganhou o prêmio de Melhor Ator Coadjuvante no Festival de Paulínia pelo filme ‘O Palhaço’.
  • Em todos os programas e canais por que passou, Moacyr Franco sempre jogou nas onze, escrevendo, dirigindo, atuando e cantando. Pode ser, portanto, tratado como um precursor dos youtubers, um self-made artist, digamos.
  • Palmeirense fanático, já fez Hino para o clube.
  • Ainda hoje, tem uma agenda lotada de shows, onde mescla sua verve de contador de causos e piadas com seus hits musicais.

Duas frases:

“Me candidatei a senador e foi pra não me eleger, eu queria um espaço na televisão, que ia passar em todas as redes e eu não queria perder essa chance. O meu speach era: ‘eu não quero que você me eleja, eu só quero que você me escute’. E aí eu falava como vai ser o futuro e o mundo em que o seu neto vai viver. Mas me cortaram. Só passou um dia”.

“Eu estava me sentindo alijado de todo tipo de mídia, e agora isso mudou”

(Entrevista a esta jornalista em 2013, para o Estadão e TV Estadão)

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Cristina Padiglione

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