Por Cristina Padiglione | Saiba mais
Cristina Padiglione, ou Padi, é paga para ver TV desde 1990, da Folha da Tarde ao Estadão, passando por Jornal da Tarde e Folha de S.Paulo

Mudanças na Globo ampliam controle direto da família Marinho

Paulo Marinho assumirá a presidêndcia da Globo a partir de fevereiro / Juliana Coutinho/Divulgação

As trocas de nomenclatura e profissionais anunciadas nesta quinta-feira (14) pelo Grupo Globo, a valer a partir de fevereiro de 2022, significam, antes de mais nada, que a família Marinho volta a ter controle absoluto sobre as decisões do conglomerado.

Não que o clã tenha, em algum momento, deixado de decidir sobre os passos mais relevantes de suas empresas, mas essa tarefa volta a ser feita sem intermediários de fora da família, a partir da nomeação de João Roberto Marinho para a presidência do grupo, no lugar de Jorge Nóbrega, que ocupava o cargo desde 2018.

Com exceção desses três últimos anos, a presidência do Grupo Globo sempre foi ocupada por um Marinho (Roberto Marinho e Roberto Irineu Marinho), de modo que o ineditismo maior das mudanças da vez fica para o cargo e as funções a serem assumidas por Paulo Marinho, 44 anos, neto de Roberto Marinho (1904-2003), que será alçado ao posto de presidente da Globo.

Paulo assume poder de decisão não só sobre os canais Globo (TV Globo e 26 canais pagos), como ele já fazia desde 2020, mas também sobre o GloboPlay, serviço de streaming que é considerado a grande aposta de futuro do grupo, além de serviços e produtos digitais como o G1, o GE.globo no esporte e o Gshow no entretenimento, entre outros.

O comunicado da Globo informa que Paulo é um sucessor natural de Nóbrega nesta cadeira, mas a presença do mesmo Nóbrega na presidência do grupo, de certa forma, camufla esse título como ele passará a aparecer em fevereiro, quando o tio de Paulo, João Roberto, ocupará a cadeira maior do conglomerado.

Desde 2019, quando foi anunciada a saída de Carlos Henrique Schroder da direção-geral da Globo, o posto intitulado direção-geral foi extinto e as funções de Schroder, fragmentadas, mas Paulo Marinho já aparecia desde 2020 como chefe de maior poder sobre a área de conteúdo, como “Diretor dos canais Globo” (pagos e aberto).

Cada canal tem o seu próprio diretor, e continuará a ter, respondendo diretamente a Paulo. A ideia de “uma só Globo”, projeto consolidado por Jorge Nóbrega, também trouxe para os Estúdios Globo a responsabilidade sobre a produção de programas antes realizados por estúdios terceirizados de atrações do Multishow, GNT e Gloob, por exemplo, unindo a sede de realização de todo o conteúdo audiovisual em Curicica, ex-Projac.

PREPARADO PARA TANTO

Filho de José Roberto Marinho, o terceiro filho de Roberto Marinho, Paulo é formado em Administração e passou por vários postos do grupo, onde começou a estagiar em 1998. Assim como o primo, Roberto Marinho Neto, 38, filho de Roberto Irineu e atual responsável pela Globo Ventures, outro braço do grupo, Paulo cresceu sob a perspectiva de ser preparado para assumir funções nas empresas da família.

Foi coordenador de Conteúdo e Marketing no Sistema Globo de Rádio, diretor dos canais infantis Gloob e Gloobinho (fundados por ele), da VIU Hub e diretor-geral de Canais e Conteúdo da então Globosat, quando o nome Globosat ainda existia, sob o comando de Alberto Pecegueiro.

Paulo Marinho (à esquerda), com a filha Viviane no colo, ao lado do pai, José Roberto, e do avô, Roberto Marinho. Foto: Memória Globo

Já o comando da Globo, que ainda é de longe a maior vitrine do grupo, teve vários nomes na cadeira de direção-geral: Walter Clark (até 1977), Marluce Dias da Silva (1998-2002), Octávio Florisbal (2002-2012) e Carlos Henrique Schroder (2013-2019), quando o nome, como tal, foi extinto, e suas funções, ressignificadas.

Boni, o mais famoso big boss da emissora e que por mais tempo ocupou o posto de grandes decisões, era vice-presidente de Operações, posto extinto em 1998, com sua saída. Roberto Irineu Marinho foi vice-presidente e depois presidente da Globo,  com voz de decisão sobre Marluce, Florisbal e Schroder. Em 2018, Irineu passou a faixa a Nóbrega e, no ano passado, trocou de lugar com João na presidência do Conselho de Administração do Grupo, passando a vice-presidente desse time, que manterá uma cadeira para Nóbrega após a sua saída da presidência do grupo, em fevereiro.

A chegada de João Roberto à presidência do grupo também significa maior unidade do conglomerado no posicionamento editorial sobre todo o conteúdo lá produzido, visto que essa área cabe a João desde a morte o pai, Roberto Marinho, em 2003.

Em mensagem enviada aos funcionários do Grupo Globo, João Roberto diz que “a substituição, planejada já há algum tempo, faz parte da jornada de transformação digital da empresa, que foi iniciada pelo Jorge em setembro de 2018, e que estará a cargo de Paulo a partir do ano que vem”.

“Jorge atua nas empresas do Grupo Globo desde 1996”, continua João Roberto. “Em 2017, assumiu a presidência do Grupo, sendo o primeiro presidente a não fazer parte da família Marinho. Aqui na Globo, conduziu brilhantemente a revisão estratégica do negócio e a adoção de um novo modelo operacional, resultado do programa UMASÓGLOBO. Sob a sua direção, a empresa se transformou numa mediatech, com aqualidade do conteúdo, fortemente apoiada pela tecnologia e voltada para o relaciionamento direto com o consumidor.”

Leia a seguir a mensagem de João Roberto na íntegra.

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