Por Cristina Padiglione | Saiba mais
Cristina Padiglione, ou Padi, é paga para ver TV desde 1990, da Folha da Tarde ao Estadão, passando por Jornal da Tarde e Folha de S.Paulo

Bia Falcão não é parente de Beto Falcão: veja o que foi notícia na época de ‘Belíssima’

A temida Bia Falcão traz Fernanda Montenegro de volta à tela a partir desta segunda. Foto de João Miguel Jr./Divulgação

Antes de mais nada, convém esclarecer que Bia Falcão, a ardilosa vilã de Fernanda Montenegro em “Belíssima” (2005), não é njem de longe parente de Beto Falcão, o cantor de axé que Emílio Dantas vive, como morto, na atual novela das nove, “Segundo Sol”. Aliás, é certo que a personagem de Silvio de Abreu, digna da ostentação dos quatrocentões paulistanos, teria ojeriza da baianidade colorida e suingada do herói de João Emanuel Carneiro.

Nota-se, a partir de tal coincidência, que nem sempre os sobrenomes escolhidos para batizar personagens de folhetins são fadados à condição de mocinhos ou bandidos. O importante é que o nome tenha força, e Falcão, definitivamente, não é coisa de gente fraca (embora Beto, sim, tenha mostrado fragilidade gigantesca desde o início da trama).

Último trabalho do magistral Gianfrancesco Guarnieri, “Belíssima” é a chance de se matar saudade de um dos autores do primeiríssimo time da Globo, Silvio de Abreu, afastado desse expediente desde que foi nomeado chefe do núcleo de Teledramaturgia da emissora, na supervisão de novelas e séries alheias.

Gianfrancesco Guarnieri em uma de suas últimas cenas, como Pepe, em gravação no Vale do Anhangabaú. Foto de Zé Paulo Cardeal/Divulgação

A produção se destaca pela Grécia acentuada no sotaque e na coreografia de Tony Ramos, no romance do casal turco vivido por Lima Duarte e Irene Ravache, e nas atuações e Cláudia Raia e Reynaldo Gianecchini, o mecânico cheio de graxa que encantava a bonitona e tinha como parceiro de trabalho um personagem herdado de outra novela de Silvio de Abreu: era Jamanta (Cacá Carvalho), que desde a explosão do shopping de “Torre de Babel” (1998) já avisava que não havia morrido.

O elenco traz ainda Leopoldo Pacheco, Carmen Verônica, Camila Pitanga, Pedro Paulo Rangel, Vladimir Brichta, Marina Ruy Barbosa, Alexandre Borges, Vera Holtz, Carolina Ferraz, Cláudia Abreu, Glória Pires e um Cauã Reymond que vai se dar bem nos braços da ricaça Falcão.

Foto: Raquel Cunha/Divulgação

Há duas semanas, parte do staff se reuniu para celebrar a reprise da novela, como se vê na foto acima, nas presenças do autor e da diretora-artística da obra, Denise Saraceni, nos Estúdios Globo, no Rio.

“Celebridade”, de Gilberto Braga, ainda fica no ar por mais uma semana, em estratégia que tem sido adotada para emendar a boa audiência de fim de novela com um enredo que inicia o processo de cativar o público.

Confira a seguir a quantas andava o Brasil e o mundo entre novembro de 2005 e julho de 2006:

  • O Brasil ia bem na economia, veja só, e tínhamos já passado da metade do primeiro governo Lula, quando começaram os primeiros sinais do escândalo que ficou conhecido como o Mensalão do PT, iniciando um longo processo de derrocada do partido. Os índices em geral iam tão bem, no entanto, que Lula se reelegeria no fim de 2006.
  • O CPM 22 ficou nove semanas em primeiro lugar nas rádios do Brasil em 2005 com o hit “Um Minuto Para o Fim do Mundo”, Zezé Di Camargo & Luciano bombavam com “Fui Eu” e o Skank se esparramava com a versão do sucesso de Gilberto Gil, “Vamos Fugir”.
  • Nos cinemas, outro hit de Zezé e Luciano: o filme “2 Filhos de Francisco” liderou a bilheteria do ano de 2005, com mais de 5 milhões de espectadores, seguido por “Harry Potter: O Cálice de Fogo”. Em 2006, “A Era do Gelo 2”, do brasileiro Carlos Saldanha, encabeçava a lista, seguido por “O Código Da Vinci” e o brasileiro “Se eu Fosse Você” (com o mesmo casal da novela, Tony Ramos e Glória Pires, que, evidentemente, já haviam filmado o longa-metragem de Daniel Filho antes de “Belíssima”).

    Tony Ramos e Glória Pires repetiam nas telonas o par da novela

  • George W.Bush era presidente dos Estados Unidos, em um período muito mais rude que o de seu sucessor, Barack Obama, mas certamente de uma política menos rasa que a do chefe atual, Donald Trump.
  • Glorificado pelo argentino Carlito Tevez, o Corinthians se sagrava campeão do Brasileirão em 2005.
  • Em maio de 2006, uma série de ataques do PCC (Primeiro Comando da Capital), parou a cidade entre os dias 11 e 16, com depredação de ônibus e estabelecimentos, causando a morte de agentes penitenciários e policiais. Estima-se que os homicídios tenham ultrapassado o número de 100 vítimas, dentro e fora dos presídios.
  • Em junho de 2006, em plena Copa do Mundo, na Alemanha, morria o humorista Bussunda, do Casseta & Planeta.
  • A novela terminou no mesmo fim de semana que a Copa, cuja final aconteceu entre França e Itália, com vitória da Azzurra e a despedida do craque Zinedine Zidane dos campos – com uma cabeçada no adversário Materazzi, que lhe soprou no ouvido um insulto à sua irmã, ele foi expulso de campo, mas eleito o melhor jogador do mundial.

 

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