Por Cristina Padiglione | Saiba mais
Cristina Padiglione, ou Padi, é paga para ver TV desde 1990, da Folha da Tarde ao Estadão, passando por Jornal da Tarde e Folha de S.Paulo

Próximo folhetim das sete questiona fim da escravidão, sem perder o humor

O diretor artístico, Leonardo Nogueira, Edson Celulari e Milton Gonçalves, que puxará uma carroça, para o espanto de um ex-senhor de escravos. Foto: Divulgação

Ao enfocar uma família que se reencontra com o mundo de hoje após ficar 132 anos congelada, a próxima novela das sete da Globo, “O Tempo Não Para”, terá várias oportunidades de traçar críticas de teor político e social, sem jamais perder o humor que marca a faixa horária. Assim promete seu autor, Mário Teixeira, escritor apaixonado por História.

Figura da alta sociedade do passado, Dom Sabino (Edson Celulari), por exemplo, ainda tinha escravos quando seu navio bateu num iceberg e todos congelaram em um grande bloco. Quando se revê no mundo atual, no entanto, fica chocado ao ver um negro puxando uma carroça – personagem de Milton Gonçalves. “Ele diz: ‘como é possível isso? Eu não faria isso com um escravo meu'”, adianta Celulari. O bloco de gelo passou mais de um século preso ao iceberg e finalmente vai se soltando, até boiar e chegar até o Guarujá.

Ao lado de Teixeira e dos diretores Leonardo Nogueira e Marcelo Travesso, Celulari, mais Christiane Torloni, Cleo Pires, Rosi Campos, Nicholas Prates e Juliana Paiva, participou, nesta terça, de uma apresentação da história que vem aí, a um grupo de jornalistas, na sede  da Globo em São Paulo.

“Não é uma novela política, mas eles vão falar de tudo, e também de política”, contou Teixeira. Quando Sabino citar o Rio como capital, alguém lhe informará que a capital agora é Brasília, cidade que sequer existia quando ele congelou. “E então ele diz: ‘Brasília? Brasília… Ah, eu tive uma escrava chamada Brasília, mas ela era muito preguiçosa, não gostava de trabalhar'”, relata Celulari.

“Apesar do nonsense de uma família de congelados, é uma novela realista, uma crônica de São Paulo, as pessoas pegam ônibus, inclusive os congelados”, conta Teixeira.

Como Forrest Gump

Dom Sabino, emenda o autor, terá sua faceta Forrest Gump, como quem participou de várias passagens importantes da História, com chances de trazer ao roteiro referências à Guerra do Paraguai e aos bandeirantes, entre outros episódios. Nesse ponto, reforça o autor, nada melhor do que aprender se divertindo, e “O Tempo Não Para” tem boas condições de oferecer isso ao público. “Ele é descendente do Manoel Preto, que fundou o bairro da Freguesia do Ó, e veterano da Guerra do Paraguai”, conta Teixeira.

A Freguesia, na Zona Norte, será cenário primordial na história da vez. Coautor de “I Love Paraisópolis”, com Alcides Nogueira, Teixeira se sente à vontade para usar referências de São Paulo.

O autor gosta de pincelar em seus folhetins muitas citações capazes de ampliar o conhecimento do público, sempre envolto por uma boa embalagem de entretenimento. Foi assim e m “Liberdade Liberdade”, quando criou toda uma trajetória fictícia para a filha de Tiradentes – que efetivamente existiu, mas de quem nada se sabia.

A personagem de Rosi Campos, também congelada, vem com a carga católica dos idos em que se rezava missa em latim.

Contrastes culturais e comportamentais serão aproveitados o tempo todo.

A estreia está prevista para o fim de julho.

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Cristina Padiglione

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