Por Cristina Padiglione | Saiba mais
Cristina Padiglione, ou Padi, é paga para ver TV desde 1990, da Folha da Tarde ao Estadão, passando por Jornal da Tarde e Folha de S.Paulo

Nova secretária de Cultura endossou censura ao filme do Porta dos Fundos

A atriz e o presidente Jair Bolsonaro, que ela apoiou durante a eleição e tem apoiado na presidência/Instagram

A nova secretária de Cultura do governo Bolsonaro apoiou o movimento de censura ao filme “A Primeira Tentação de Cristo”, do Porta dos Fundos na Netflix. No dia 12 de janeiro, depois que o presidente do STF (Superior Tribunal Federal), Dias Toffoli, derrubou uma decisão inconstitucional do desembargador Benedicto Abicair, que havia mandado a plataforma retirar o filme do catálogo, Regina Duarte compartilhou um vídeo gravado pelo ator Carlos Vereza em que ele alerta sobre “a lei do retorno”,fazendo referências nominais ao Porta dos Fundos, Jesus e Maria.

“Não é que Jesus vai se preocupar com a Porta dos Fundos e vai se vingar de vocês, Jesus é perdão antecipado, Maria é perdão antecipado. Não, eles estão extremamente amando vocês, eles são amor”, diz o ator. “Agora, existe uma lei que independe de Jesus, que é a lei que mantém o universo, pra que o universo não despenque, pra que haja sol, lua, ação e reação. Essa lei é a lei retorno. Vocês plantaram, claro, vocês têm todo o direito de fazer a plantação. Agora aguardem a colheita”, conclui.

Àquela altura, convém lembrar, além da decisão de um desembargador do Rio em censurar o filme, a produtora já havia sofrido um ataque à sua sede,no Rio, por um até então integrante do PSL, partido ao qual Bolsonaro pertenceu até pouco tempo atrás e pelo qual foi eleito.

Regina Duarte também protestou contra a indicação do documentário brasileiro “Democracia em Vertigem”, de Petra Costa, para o Oscar. No dia em que o filme nacional foi anunciado entre os finalistas à categoria, ela publicou em seu Instagram um cartaz com uma foto da avenida Paulista lotada e a legenda: “Um Oscar para você que foi pra rua derrubar o governo mais corrupto da história.

Em “Democracia em Vertigem”, a diretora faz o caminho da eleição de Lula à eleição de Jair Bolsonaro, passando pelo controvertido impeachment da presidente Dilma Rousseff e todos os episódios que antecederam a votação pelo Congresso.

Em 1975, como bem lembrou a jornalista Laura Mattos em artigo na Folha de S.Paulo nesta segunda-feira (20), Regina integrou a comitiva da Globo que foi a Brasília se queixar com o presidente Ernesto Geisel da censura à novela “Roque Santeiro”, que ela protagonizaria só dez anos depois, no lugar de Betty Faria (a Porcina original), quando a novela foi finalmente liberada.

Laura é autora do excelente livro “Herói Mutilado: Roque Santeiro e os Bastidores da Censura à TV na Ditadura”, da Cia. das Letras.

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