Por Cristina Padiglione | Saiba mais
Cristina Padiglione, ou Padi, é paga para ver TV desde 1990, da Folha da Tarde ao Estadão, passando por Jornal da Tarde e Folha de S.Paulo

Nova novela: romance entre pessoas comuns vai da ditadura às Diretas Já

Renato Góes vive Renato, um médico humanista, na próxima novela das onze / Crédito: Maurício Fidalgo/Divulgação

Após uma série de gravações no Chile, a Globo começou a registrar em estúdio, no Rio, cenas da próxima novela das onze, tratada também sob a classificação de “supersérie”. O título mais cotado, mas ainda provisório, é “Os Dias Eram Assim”. “Pra Frente Brasil” já é carta fora do baralho, mas foi nome cogitado, em função da vitória do Brasil na Copa de 1970, episódio onde se conhecem Renato e Alice, o casal central da trama. Ele é Renato Góes, o Santo da primeira fase de “Velho Chico”, e ela, Sophie Charlotte.

De Ângela Chaves e Alessandra Poggi, duas estreantes como autoras titulares na Globo, a história se dispõe a mostrar uma vida entre pessoas comuns, mas não alienadas, gente que fazia a maioria da população, vítima de um regime repressor, porém recolhida na sua subserviência, entre 1970 e 1985. O romance entre Alice e Renato atravessa quase duas décadas, tendo como pano de fundo as profundas transformações operadas no país durante esse período.

O médico Renato é o primogênito de uma família de classe média de Copacabana. Filho de um professor universitário e de uma dona de livraria, Vera (Cássia Kiss), ele tem dois irmãos: os estudantes Gustavo (Gabriel Leone) e a Maria (Carla Salle). Aí, sim, aparece a questão da luta pela liberdade, cada um a seu modo: enquanto Gustavo sai às ruas, Maria usa a arte como forma de manifestação e expressão.

Alice vem de família conservadora, contrária à luta pela liberdade travada naqueles dias. Mas a moça faz a linha questionadora e consegue confrontar a família ao contrariar o principal projeto de vida dos pais: seu casamento com Vitor (Daniel de Oliveira), com quem namora há anos. Ela o troca pelo mocinho da trama, Renato. Antônio Calloni faz o pai da moça, Arnaldo, dono de uma construtora, inconformado pelo fato de sua mulher, Kiki, papel de Natália do Valle, jamais ter conseguido conter a inquietude da menina. Vitor, como convém a um bom conflito, e apesar da cara de bom moço de Daniel Oliveira, é o vilãozinho, filho de Cora, uma oportunista vivida pela adorável Susana Vieira.

Os dois universos se cruzam por amor e se distanciam em função da relação conflituosa entre as duas famílias, potencializada pelo ambiente de conflito reinante no país, até as Diretas Já. Ainda que alguém remeta o enredo da vez a “Anos Rebeldes”, minissérie de Gilberto Braga de 1992, convém lembrar que o casal central, aqui, não tem sua história diretamente afetada pela militância política, como acontecia com Cássio Gabus e Malu Mader, mas os acontecimentos daqueles dias, claro, acabam por determinar os rumos que suas vidas tomam.

As autoras definem seu enredo como “um drama amoroso clássico”. “A História é o pano de fundo dessa trama de amor”, antecipa Angela. “Tratamos de encontros e desencontros desse casal que é separado de forma abrupta e, depois, vai se reencontrar quando os dois já não são mais os mesmos”, completa. Alessandra emenda: “Alice e Renato vivem uma história de amor muito forte no primeiro momento, mas, quando são separados, cada um resolve seguir sua vida. A maior parte da história ocorre após o reencontro, no período pré-abertura política, em 1984”.   

A direção é de Carlos Araújo e o elenco conta ainda com Maria Casadevall, Marcos Palmeira, Letícia Spiller e Marco Ricca, entre outros.

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Cristina Padiglione

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